Acordei muito cedo, junto com Frank, que costuma acordar com as galinhas para correr e depois ainda vai para a academia.
- Bom dia Frank - disse enquanto coava o café.
- Quem morreu? - perguntou Frank, arregalando os olhos e parando bruscamente com uma das mãos no peito.
- Nada, porque o assombro? - perguntei cheirando o café que caía no bule.
- Nossa! Estou tão deslumbrado aqui que vou ter que tomar café com você, nunca vi você levantar tão cedo, fica até o último segundo na cama, o que aconteceu? - perguntou se sentando com as duas xícaras.
- Tenho uma entrevista às nove horas e não quero ir com o rosto amassado, preciso conseguir um emprego ou vou acabar na rua, comendo resto de comidas - disse dramatizando.
- Meu Deus! Coitada, quem ouve isso, pensa que você não tem ninguém do seu lado - retrucou esfriando o café na xícara.
- Frank, não aguento mais fazer entrevistas - desabafei triste.
- Pense assim, se até agora não deu, se não aconteceu, é porque não era o certo para você. Em algum lugar tem o emprego ideal te aguardando, você é inteligente, competente e formada. Se acalme, vai acontecer - ele falou tentando me dar esperanças.
- Você tem razão, vou tomar um banho, preciso me arrumar - falei enquanto me levantava.
- É isso aí garota, força na peruca - retrucou dando um tabefe em minha bunda.
- Se você não fosse gay, eu casava com você viu sua bicha linda - disse sorrindo de modo carinhoso.
- E eu não sei? Sou gostoso, bonito e um cavalheiro, no mínimo as pessoas precisam me amar - falava fazendo bico e mexendo a cabeça.
- Você é uma comédia, isso sim. Beijos amore, vou tomar banho, até à noite - continuei falando ao beijar seu rosto e apertar sua bochecha.
Fui para o banheiro, tomei um banho, depilei as axilas e as pernas que estavam deprimentes, então perdi um tempão no chuveiro. Logo depois sequei o cabelo que estava sem corte e resolvi prendê-lo num rabo de cavalo. Precisava me lembrar de cortar um pouco e fazer algo diferente na cor, mas enquanto não conseguir um emprego nem posso pensar em gastar no cartão de crédito.
Não sei como meus pais ainda me ajudavam, saí da casa deles há mais de cinco anos e até hoje eles mandavam minha mesada. Se não fossem esses mil e quinhentos reais mensais eu não sei o que seria de mim, mas precisava urgentemente de um emprego, só com o aluguel do apartamento e despesas da casa, não sobrava mais nada pra mim. Graças aos meus pais, minha cabeça ainda estava no lugar. No meu último aniversário eles me presentearam com um carro. Achei isso muito fofo, é pequeno e faz muito meu estilo, um HB20 amarelo, nunca tinha visto este tom de amarelo, algo meio fluorescente. Apaixonei-me perdidamente, hoje meu maior amor é meu carro.
Troquei de roupa, coloquei uma camisa branca de cetim, uma saia lápis cinza escura, um scarpin preto e o blazer conjunto da saia. Sou gordinha, quadril largo, bunda enorme, seios grandes também, mas não tenho muita barriga, então ainda consigo colocar algo apertado sem ficar ridículo.
Passei um gloss rosa claro e meu perfume de sempre, Gabriela Sabatini. Peguei a bolsa e saí.
Dirigia na Avenida Paulista, como eu amo minha cidade, principalmente esta parte de São Paulo, aqui nos sentimos mais importantes.
Quando avistei aquele prédio imenso, já fui dando seta para entrar na garagem.
- Bom dia senhor, vim fazer uma entrevista para ser secretária do doutor Ricardo Boldrini - disse ao segurança do prédio, responsável pela circulação na garagem do prédio Boldrini Associados.
- Pode entrar, boa sorte - respondeu levantando a barra para que eu entrasse e estacionasse.
Procurei um lugar próximo ao elevador, aqueles saltos estavam me matando, quanto menos eu andasse, melhor.
Entrei no elevador e quando apertei o botão do 17º andar alguém entrou no elevador comigo.
Olhei e perdi o fôlego literalmente, o homem estava tão cheiroso! Barba cerrada bem desenhada, óculos de sol, nariz bonito, cabelos escuros com alguns fios prateados deixando-o ainda mais sensual, alto, não era forte nem magro, tinha um corpo esguio, sem gordura, pelo jeito se cuidava e malhava, devia ter seus quarenta anos. Nunca gostei de homens mais velhos, mas este tirava qualquer um do sério, cheguei a pensar no George Clooney, pois os dois se parecem muito. Ele sequer me cumprimentou, ficou estático, olhando para frente como se eu nem existisse, nem bom dia ele disse. Realmente parecia uma celebridade como algumas que conhecemos, com o rei na barriga.
O elevador parou no mesmo andar para nós dois. Ele foi saindo e entregando a pasta para uma moça loira, bonita e magra, que estava a postos na frente do elevador. Ela o foi seguindo como um cachorro que segue seu dono.
Achei estranho aquilo, mas não quero nem saber quem seria este arrogante que nem bom dia fala num elevador.
Cheguei a uma moça que estava na mesa à direita do grande salão.
- Bom dia, vim falar com Eleonor - disse a uma moça morena de olhos verdes, muito bonita por sinal.
- Bom dia, a sala da senhora Eleonor é neste corredor, terceira porta à esquerda, pode bater e entrar, ela está sozinha - respondeu apontando o caminho e sorrindo.
- Obrigada, Raquel - agradeci olhando seu nome no crachá.
Ela sorriu e curvou a cabeça para o lado.
Bati na porta e ouvi quando uma voz respondeu que eu podia entrar.
Quando vi a mulher fiquei abismada, muito diferente de todas as outras funcionárias, Eleonor, era baixinha e gordinha, usava óculos e tinha cara de brava.
- Entre, sente-se - me convidou de pé ao lado de sua mesa.
- Obrigada - agradeci me sentando.
- Vejamos aqui, você é Juliana? - perguntou olhando de cima dos óculos.
- Sim senhora, sou eu. Juliana Colto Velasques - respondi completando meu nome.
- Bom, Juliana, porque acha que seria uma boa secretária para o doutor Ricardo? - perguntou tirando os óculos e me encarando.
- Sou eficiente, muito rápida de raciocínio, não gosto de intimidades com meus chefes e além de tudo sou muito discreta - respondi sabendo que eles prezavam a discrição.
- Ok, seu currículo é muito bom, formada em jornalismo, tem experiência como secretária, mas não sei se você seria feliz aqui - ela disse cruzando os braços.
- Como assim? Não entendi - respondi, olhando a mais de perto.
- Acho que já percebeu que aqui não tem pessoas como nós, mais gordinhas - respondeu com muito cuidado.
- Não tem problema nenhum pra mim, você é gordinha como eu e competente no que faz. Só quero a oportunidade de provar minha capacidade, ela vai além de meu peso - respondi me segurando para não deixar as lágrimas caírem, não podia perder mais uma oportunidade.
Ela me olhou de um jeito confuso, mordendo o canto do lábio. Voltou os olhos para meu currículo e depois me olhou novamente.
- Está bem, você fica com a vaga, mas terá dois meses de experiência, se provar que pode ficar, te contratamos, certo? - perguntou me encarando levantando a sobrancelha.
- Combinado - respondi sorrindo.
- Está bem, amanhã você começa as oito em ponto, não se atrase e nunca fale com o doutor Ricardo sem que ele pergunte algo. Amanhã estarei à sua espera, para te passar o que for preciso antes que ele chegue.
- Obrigada, às oito horas estarei aqui - respondi me levantando.
- Até amanhã então Juliana e bem vinda à Boldrini Associados.
Saí da sala sorrindo de orelha a orelha, enfim tinha conseguido um emprego. Estava muito feliz, não sabia como era meu chefe, mas não importava, poderia trabalhar e quem sabe ver aquele Deus Grego do elevador de vez em quando.
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O Poder Do Amor - Obcecada pelo chefe
ChickLitEste é o segundo livro da coleção Chefes que amamos... Sabe aquele livro que vai te fazer se apaixonar e se emocionar enquanto ler? É este... Então bem vindos a vida da sensual Juliana. Juliana é gordinha e de auto estima baixa, mas tudo isso muda q...