Capítulo III

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Enfim sexta-feira e acordei cedo, Frank praticamente me derrubou da cama.
Coloquei uma calça legging, camiseta larga, tênis e meu iPod com algumas músicas para correr sem ficar pensando no tempo.
- Ju, está pronta? - Frank gritou já na porta da sala.
- Já estou indo - gritei bufando.
Olhei-me no espelho para ver se meu cabelo estava bom no rabo de cavalo, peguei meus óculos de sol e fui ao encontro de Frank na sala.
- Frank e aí, não vamos? - perguntei ao vê-lo sentado me esperando.
- Vamos sim, mas antes precisamos tomar o café da manhã, você não acha que comeremos depois que voltar, não é? - perguntou franzindo a testa.
- É o certo, como podemos comer antes? Vamos passar mal - disse ainda em pé.
- Ju, senta aqui - ele pediu batendo no assento da cadeira.
- Lá vem bronca - falei sentando.
- O seu erro já começa aqui. Vou explicar para que entenda, pois não adianta eu te forçar a fazer algo sem que entenda o quanto erra sempre. O café da manhã não te prejudica se você o consome do jeito certo, na quantidade certa. Quando fazemos exercícios físicos, precisamos comer carboidrato, pois ele se transforma em açúcar no metabolismo e isso nos dá energia para que possamos forçar nossa musculatura. Aqui temos um copo de suco de acerola, duas fatias de pão integral, que é uma boa fonte de fibras, e duas fatias de queijo branco - ele explicou com toda calma do mundo.
- Mas isso não vai matar minha fome - disse de maneira contundente.
- Olha, fome é uma coisa, matar o olho da barriga ou gula é outra. Façamos o seguinte, vamos contar a mastigação. O cérebro só reconhece que o corpo está satisfeito depois de cinco minutos que começamos a comer, por isso que comemos muito, pois ao invés de mastigar a gente engole.
- Nossa, já estou com dor de cabeça só de pensar nisso - falei segurando a cabeça.
- É fácil, tudo é questão de costume e prática. Mastigue cada mordida que der cerca de trinta e cinco vezes até que o alimento esteja totalmente triturado.
Comíamos da maneira que Frank ensinava e, para minha surpresa, fiquei satisfeita. Fomos fazer caminhada e só começamos a correr vinte minutos depois para darmos tempo da digestão começar. Corremos por dez minutos e Frank viu que eu estava colocando os bofes para fora.
- Ju, você está bem? - perguntou rindo de mim.
- Ai, pelo amor de Deus, preciso parar - respondi sem ar, abaixando e apertando minhas panturrilhas.
- Nossa, que chorona! Vamos para casa, já estamos atrasados. Você precisa se arrumar para trabalhar, mocinha - disse colocando a mão em minhas costas.
Fomos caminhando e faltando alguns quarteirões para chegarmos ao prédio, começamos a correr novamente, subindo de escada ao invés de elevador.
Cheguei enlouquecidamente descabelada e suada, corri para o banheiro do meu quarto, tirei a roupa e não fechei a porta, tomei um banho gelado, lavei o cabelo que estava desgrenhado e suado.
Depois do banho sequei rapidamente os cabelos, passei um rímel e batom, coloquei a roupa, os sapatos e fui para a cozinha, onde Frank já estava sentado e só de toalha.
- Que é isso? - perguntei olhando-o com a toalha envolvida em seu quadril.
- Vim fazer uma vitamina para você beber antes de sair - disse carinhosamente.
- Vitamina? De quê? - perguntei com sede.
- Vitamina de leite desnatado com laranja e mamão. Beba e leve essa maçã para comer às dez horas, não se esqueça - disse me entregando a maçã embrulhada em papel alumínio.
- Está bem, agora vou correr, tenho dez minutos para chegar à empresa - disse bebendo a vitamina de uma só vez.
Saí apressadamente, desci de elevador para não suar e logo depois entrei no carro e fui para a empresa. Graças a Deus o trânsito ajudou e não me atrasei, cheguei na garagem do escritório cinco minutos antes do meu horário. Entrei no elevador sem prestar atenção em nada, focada que estava na minha bolsa, pois tentava encontrar meu celular que tocava sem parar.
- Quer ajuda? - Ricardo perguntou e eu levei um susto, dando um pulo e colocando a mão no coração.
- Meu Deus! - falei assustada.
- Não, seu chefe - ele disse sorrindo.
- Desculpa doutor, me assustei. Bom dia - falei desconcertada.
- Está tudo bem, só achei divertido seu jeito desesperado - ele falou sorrindo de um jeito malicioso.
- Que bom que o divirto, senhor - respondi assim que a porta se abriu no andar que trabalhávamos.
Ele saiu em seguida, como sempre atrás de mim, tenho certeza que este homem fica olhando minha bunda. Sentei ligando o computador e ele entrou em sua sala.
Eu precisava dar a entender que ele não mexia comigo sexualmente, o que não seria fácil, já que até o bico dos meus seios ficavam mais duros quando o via, mas eu precisava conseguir me conter.
- Juliana, traga a agenda - ele disse pelo telefone.
- Sim, senhor - respondi desligando.
Peguei a agenda e alguns memorandos que ele havia pedido que eu digitasse no dia anterior e entrei, batendo antes na porta.
- Sente-se - ele disse apontando a cadeira.
- Senhor, aqui estão os memorandos que havia pedido para hoje - falei entregando os papéis e me sentando.
- Certo, obrigado. Marque uma reunião para as dez e você terá que estar presente para anotar tudo.
- As dez? - perguntei alto.
- Por que, você tem alguma coisa para fazer neste horário? - perguntou me encarando curioso.
- Não senhor, é que preciso comer uma maçã neste horário - respondi inocentemente.
- Comer uma maçã? Está fazendo regime, Juliana? - perguntou sorrindo.
- Estou reeducando minha alimentação doutor, preciso ficar mais saudável - respondi explicando.
- Que ótimo, isso é muito bom, mas nada resolve sem exercícios - falou como um viciado em academia, igual ao Frank.
- Sim senhor, eu estou correndo de manhã no parque Ibirapuera e, depois de sair daqui à tarde, vou direto para a academia.
Ele ouvia atentamente e observava meus lábios se movimentarem.
- Juliana, por que está querendo emagrecer? Você é bonita assim, não acha? - perguntou me encarando.
- Não quero emagrecer, quero ficar mais saudável, percebi que estava levando uma vida desregrada. Por isso, preciso mudar - expliquei sem dar a entender que fazia tudo por causa dele.
- Vamos começar a reunião as dez e meia então, avise os demais e por enquanto é só - ele disse colocando um ponto final em nossa conversa.
- Sim senhor - disse me levantando e indo em direção à porta.
- Ah Juliana! Não se esqueça de enviar os documentos para o STJ, como tinha pedido ontem - ele relembrou.
- Não se preocupe senhor, já deixei agendado para enviar às nove da manhã e ligo em seguida para ter uma confirmação.
- Muito bom, obrigado - agradeceu voltando os olhos para o computador e eu saí.
A manhã passou muito rápido, ao meio dia cheguei em casa para almoçar e encontrei na mesa um bilhete de Frank.
Gostosa, seu almoço está pronto, por favor, coma tudo como ensinei no café da manhã, não pode colocar nada além do que já coloquei ai, bjus.
Sorri lendo tudo e quando abri as vasilhas, vi um bife grande de frango grelhado e salada de rúcula com tomate e um copo de suco de laranja natural.
Comi com muita calma, levei mais de quarenta minutos para comer tudo e quando saí da mesa, já estava saciada. Escovei os dentes e corri de volta para o escritório.
Fiz tanta coisa na parte da tarde que nem vi passar as horas. Ricardo não saiu da sala em nenhum momento, tudo que pedia era por telefone e por mensagem interna de computador.
No final da tarde, desliguei o computador, fui ao banheiro e me troquei para sair de lá direto para a academia onde Frank já me aguardava.
Fui até a sala de Ricardo e bati antes de entrar.
- Senhor, já estou indo, deseja algo mais? - perguntei de modo solícito e educado.
- Não, já estou indo também. Bom exercício para você - respondeu me olhando de cima a baixo.
- Obrigada senhor, até amanhã - disse saindo da sala.
Já na academia, Frank não teve dó, me fez exercitar até quase desmaiar.
Saímos exaustos da academia, chegamos em casa, jantamos e eu fui dormir, extremamente cansada.

O Poder Do Amor - Obcecada pelo chefeOnde histórias criam vida. Descubra agora