Capítulo XV

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Quando entrei na sala de Ricardo com o copo de água percebi a proximidade entre os dois, no entanto notei que a cliente estava nitidamente nervosa e perturbada. Nunca tinha visto Ricardo tão solícito a alguém.
Elisa é muito bonita, morena clara, olhos azuis, gordinha, baixinha e com um cabelo espetacular, preto e longo. Apesar de estar sem maquiagem, seus cílios longos faziam seus olhos ficarem ainda mais evidentes.
Ricardo nem piscava, olhava diretamente nos olhos dela e alisava suas mãos, ajoelhado em sua frente. Senti um aperto no peito, pois não costumo me enganar, aí tem!
Saí em seguida da sala, não estava me sentindo bem vendo Ricardo cobrir uma mulher de atenções, não era algo que me deixava à vontade.
Depois de quase uma hora Elisa saiu da sala acompanhada por Ricardo, que a levou até o elevador e a abraçou de um jeito mais íntimo e quando se virou para voltar à sua sala, me olhou constrangido.
- Juliana, me acompanhe - disse desconcertado.
Entrei logo atrás dele, me sentei e ele pegou uma cadeira se sentando mais próximo a mim.
- Você deve estar imaginando porque eu estava tão próximo de uma cliente, não? - perguntou segurando minhas mãos.
- Não vou mentir, senti que havia algo mais em sua proximidade, mas esperava que me contasse - respondi sentindo meu coração apertado.
- Elisa foi uma amiga muito próxima. Lembra quando eu te contei sobre uma amiga que minha mãe humilhava? - perguntou me fazendo relembrar a noite anterior, quando falávamos sobre o assunto.
- Então, Elisa é esta amiga e eu fui apaixonado por ela durante anos. Vê-la hoje novamente me deixou abalado, mas nada que modifique o que sinto por você - disse me deixando ainda mais preocupada. Apaixonado? Será que isso vai prejudicar nosso relacionamento?
- Será que revê-la não o deixou confuso? - perguntei.
- Não sei responder isso, mas foi sim um baque, ainda mais a vendo tão fragilizada – respondeu, me deixando ainda mais preocupada.
- Não fique com essa cara de preocupação, pelo contrário, fique ao meu lado. Quem sabe, com sua ajuda, ela pode conseguir sair desta situação com mais normalidade. Imagine como ela deve estar se sentindo, sendo ignorada, humilhada e ainda mais apanhando deste cafajeste interesseiro - falou me colocando diretamente envolvida no problema, e isso me fez sorrir.
- Vou adorar ajudar. Sei que ela deve estar passando por maus momentos, eu sempre odiei homens que batem em mulheres e farei o que for preciso - falei revoltada ao saber que a moça estava sendo violentada desta forma.
Ele me abraçou de maneira carinhosa e beijou meus lábios.
- Preciso que me ajude, quero um detetive discreto e o nome de alguns psicólogos para encaminhar Elisa - Ricardo pediu.
- Vou pesquisar isso e aviso; já o detetive eu peço para Frank, ele conhece um - disse me colocando de prontidão.
Saí da sala e liguei para Frank.
- Oi, Bi - disse de maneira carinhosa assim que ele atendeu.
- Oi Ju, me ligando de manhã, o que foi? Está tudo bem? - perguntou preocupado.
- Comigo sim, preciso muito do telefone daquele detetive que você conhece para um caso aqui do escritório - expliquei antes que ele pensasse outra coisa, a mente de Frank era sempre muito fértil.
- Vou te enviar por mensagem, era só isso mesmo? - perguntou percebendo minha voz. Por mais que eu tentasse disfarçar meu incômodo com a situação, Frank me conhecia muito bem.
- Sim, quando chegar em casa te conto o resto - respondi deixando-o mais tranquilo, mas sem dar maiores informações.
- Está bem, beijos lindona.
- Beijo delícia - respondi desligando em seguida.
Alguns segundos depois a mensagem chegou com o número do detetive.
Liguei de imediato para o detetive, que demorou a atender.
- Alô - respondeu o homem assim que atendeu.
- Oi, é o senhor Moura? - perguntei.
- Sim é ele, quem deseja? - perguntou de maneira firme.
- Meu nome é Juliana, sou amiga do Frank Avelar e preciso de seus serviços - disse me identificando.
- Ah sim! Podemos nos encontrar na hora do almoço, se quiser.
- Que ótimo, podemos nos encontrar em meu apartamento. Frank já está lá e eu chego em vinte minutos - respondi marcando antes com ele. Precisava fazer algumas recomendações a ele antes de pegar o caso, deixar algumas coisas claras.
- Por mim está combinado, preciso mesmo rever Frank, eu a aguardo lá então - falou desligando em seguida.
Entrei na sala de Ricardo, com alguns nomes e telefones dos melhores psicólogos da cidade para que ele escolhesse.
- Verei isso depois do almoço, marquei com a Elisa aqui às quatro horas, quero que fique na sala comigo e com ela o tempo todo. Anote tudo o que ela disser de importante para escolher o que anexar nos laudos do processo, e também para que fique mais próxima dela - disse me deixando tranquila quanto ao que seria dito dentro da sala.
A maneira como ele queria me colocar por dentro da situação me deixava confortável.
- Vou almoçar em casa, volto em uma hora e meia e continuamos. Vou trazer o detetive também, ele está em casa com Frank - disse colocando-o a par sobre o detetive.
- Que ótimo, assim podemos resolver tudo hoje, ou pelo menos o necessário - respondeu sorrindo aliviado.
Dei um beijo nele e saí da sala. Desliguei o computador, peguei minha bolsa, desci para a garagem, peguei o carro e fui pra casa encontrar o tal detetive.
Assim que entrei pela porta ouvi risadas vindas da cozinha.
- Nossa, quanta alegria! - disse entrando na cozinha.
O homem, ao ouvir minha voz, olhou para mim e se levantou com o olhar surpreso.
- Bruno, esta é minha amiga Juliana - disse Frank me apresentando ao homem parado.
Ele me olhou de cima a baixo e sorriu.
Bruno tinha a mesma altura que eu, um moreno bem claro, de olhos verdes e barba cerrada de forma desenhada, era muito forte e dava para ver que frequentava academia constantemente.
- Oi Bruno, muito prazer - falei estendendo a mão.
- Todo meu Juliana, acho que te conheço de algum lugar - ele respondeu apertando minha mão e me olhando como se tentasse lembrar de onde.
- Deve ser dos outdoors espalhados pela cidade, Juliana é modelo plus size - falou Frank sorrindo.
- É verdade, sempre vejo algum destes outdoors na rua, você é linda! - ele disse sorrindo.
- Obrigada Bruno, sente-se, por favor - disse tentando deixá-lo à vontade.
Ele sentou e enquanto Frank continuava fazendo o almoço eu expliquei a ele sobre o caso que pegaria.
- Entendi Juliana, pode ter certeza que eu serei discreto. Quando poderei conhecer a cliente? - perguntou assim que terminei de explicar.
- Você vai trabalhar para nosso escritório, a cliente não terá contato com você, só comigo e com Ricardo - expliquei.
- Quem é Ricardo? - perguntou confuso.
- Ricardo é o advogado responsável pelo processo da cliente - respondi.
- E noivo dela, Bruno - Frank fez questão de colocá-lo a par de minha relação com Ricardo.
- Ah, seu noivo. Entendi - disse Bruno franzindo a testa, como se não tivesse gostado de ouvir a palavra noivo.
- Sim, depois do almoço eu o levarei para conhecê-lo - continuei - Você almoça conosco?
- Claro, nunca comi nada preparado por Frank, ele vive se gabando, na academia, de suas proezas culinárias - falou sorrindo.
Ficamos ali os três, rindo e nos divertindo com as histórias de Frank entre os amigos na academia.

O Poder Do Amor - Obcecada pelo chefeOnde histórias criam vida. Descubra agora