Capítulo VII

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Acordei ainda borrada de maquiagem, por mais que eu tenha tentando tirar tudo no banho, ainda restava um pouco.
Fui para a cozinha, mesmo cansada do dia anterior, preparar o café, antes de tomar banho e dei de cara com o Frank fechando a geladeira.
- Meu Deus! - ele gritou assustado com a mão no peito.
- Ai! - gritei me assustando com o susto dele.
- Juliana, que cara é essa? Você está medonha com essa cara de Mortícia Adams - falou fazendo careta.
- Credo! Só estou com o resto da make da sessão de fotos ainda, não consegui tirar tudo ontem, estava com muito sono - respondi sentando e pegando um copo de suco.
- Sessão? - ele perguntou dando ênfase na palavra.
- Sim, sessão. Ontem o Eduardo me ligou, dizendo que conseguiu colocar a marca Livins Lingerie na revista Marie Claire de hoje, então precisei ir correndo para o estúdio - expliquei.
- Você vai fazer propaganda para a Livins? É uma das maiores marcas de lingerie na America Latina - disse Frank boquiaberto.
- Isso eu sei, Frank, mas foi tão constrangedor, só tinha homens lá, você não me disse nada disso. Imagine a minha cara e meu desespero - externei minha raiva.
- Não tinha idéia de que iria fotografar tão rápido, Ju. Eu pensei que você iria comigo na minha sessão antes e lá seria mais fácil te explicar como são as coisas, mas tenho certeza que tirou de letra isso tudo - explicou tentando se desculpar.
- Bom, depois da terceira lingerie fiquei mais à vontade - falei sorrindo.
- Tome seu café e tome um banho longo, tire toda essa máscara de monstro aí viu, eu vou à banca pegar um exemplar de sua revista, quero conferir este corpão todo - falou sorrindo e mordendo o lábio.
Fiquei ali comendo pão integral com presunto e queijo e tomando suco de manga. Logo depois fui tomar um banho relaxante e longo.
Assim que saí do banho, ainda de roupão, ouvi Frank gritando meu nome na sala. Corri achando que algo estava errado.
- O que foi, Frank? - perguntei quase tendo um ataque de susto.
- Meu Deus! Você está fabulosa! Acho que até eu, que sou gay, teria sonhos eróticos com você - disse com os olhos brilhando.
- Ah para, até parece. Eu não fiquei tão bonita assim - respondi sem olhar a revista.
- Acha que não ficou? Então veja você mesma, abra na página setenta e três e confira - disse jogando a revista.
Abri na página indicada por Frank e levei um susto. Eu estava maravilhosa, não me reconheci nas fotos. O olhar era diferente, como se eu visse alguém muito parecida comigo, mas totalmente diferente na postura. A pele estava reluzindo, meus olhos brilharam de euforia.
- Frank, esta não sou eu - disse com lágrimas nos olhos.
- Que é isso amiga! Claro que é você! Eles usam luzes e jeitos diferentes de fotografar, buscam nosso melhor ângulo e isso nos faz levar um susto. Estamos acostumados a nos ver de formas diferentes e fotos bem feitas nos dão outra ideia de tudo isso. Você está fabulosa e esse Ricardo vai enlouquecer. Já sei, leva esta revista e abra na sua mesa na página do ensaio e vá ao banheiro numa hora que sabe que ele está para sair - Frank falava sem parar e eu estava tendo um ataque de risos.
- Está bem! Farei isso - disse pegando o casaco e colocando a revista dentro da bolsa.
Corri para o escritório, não podia perder tempo, teria que confirmar a presença de todos para o coquetel.
Coloquei a revista em cima de minha mesa e quando Ricardo passou, acabou levando-a junto com as correspondências do dia. Eu ia falar para ele deixar, mas estava ao telefone e acabou passando batido.
Assim que terminei de confirmar todos os convidados fui à sala de Ricardo entregar a lista atualizada.
- Doutor, aqui estão os nomes confirmados para o coquetel e aqui as informações de tudo que acertei com o buffet - disse entregando duas pastas para ele.
- Bom trabalho, Juliana. Já que está tudo certo, pode ir mais cedo para casa, se arrume e esteja aqui no hall do prédio às sete e meia, para ver como está indo o trabalho de todos - falou me dando a deixa para ir embora.
Fui para casa e almocei com Frank, que não parava de me elogiar.
- Frank, eu vou sair, preciso fazer cabelo e unha. Quer ir ao coquetel comigo? - disse convidando.
- Sério que está me convidando? - perguntou com uma careta engraçada.
- Para seu bobo, estou convidando sim, você é meu melhor amigo e a maioria dos convidados vai levar namorados, maridos e esposas, mas eu não tenho namorado, só meu melhor amigo. E aí o que acha? - perguntei bebendo outro gole do suco.
- Eu vou adorar, quero ver a cara do todo poderoso ao ver você com um homem bonito como eu, vamos passar ciúmes nele, acha que consegue fingir? - perguntou fazendo bico.
- Depois da sessão de fotos eu já sou quase uma atriz hollywoodiana - respondi sorrindo.
- Bom, se é assim, então vamos logo para o salão. Quero ficar mais masculino hoje, tirar essas luzes do cabelo, mas não confunde, hein Ju, estamos só fingindo - ele fez questão de enfatizar para que eu não esquecesse.
Frank e eu passamos a tarde toda no salão e depois que chegamos em casa, Frank fez questão de escolher a roupa que eu usaria.
- Que tal este macacão vermelho? Ele é lindo, esvoaçante e com um decote enlouquecedor. Aquele homem hoje vai enfartar - disse Frank segurando o macacão nas mãos.
- Está bem, hoje você pode escolher o que quiser que eu coloco - respondi adorando a escolha de Frank, afinal eu tinha eliminado sete quilos e estava bem mais fina.
Coloquei o macacão e ele ficou fabulosamente perfeito no corpo, senti algo transformador em mim.
Quando Frank e eu entramos no hall do prédio, pedi licença a Frank e fui ver como tudo estava sendo feito.
Alguns minutos depois os convidados começaram a chegar e fui curtir o coquetel com Frank, que já estava se enturmando.
- Frank, se comporte. Aqui você é heterossexual, esqueceu? - disse entre os dentes sorrindo para que ninguém percebesse.
- Eu sei meu amor, fique tranquila - respondeu sorrindo e falando em meu ouvido.
De repente, enquanto falava com Frank, avistei de longe a chegada de Ricardo, que se aproximava de nós.
- Juliana, você está muito bonita - disse Ricardo.
- Eu falei isso a ela enquanto se trocava - interferiu Frank de um jeito másculo, que me deixou satisfeita.
- E você é quem? - perguntou Ricardo a Frank, com a cara fechada.
- Eu sou namorado de Juliana, prazer, Frank - disse cumprimentando Ricardo com um aperto de mão.
- Ricardo Boldrini, chefe dela - respondeu ele de um jeito altivo.
- Prazer, doutor - respondeu Frank.
- Se me derem licença, preciso circular - retrucou Ricardo totalmente desconfortável, saindo de perto e deixando Frank e eu quase morrendo de rir.

O Poder Do Amor - Obcecada pelo chefeOnde histórias criam vida. Descubra agora