O monge.

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Dontri.

O sol quente castigava o reino de Dontri, queimando a pele de Hadassah que se arrastava devido ao cansaço.

- Estamos chegando ao castelo de Caila, a rainha de Dontri - disse Valmir - Ela nos levará até o Monge da montanha.

- Até agora não entendi quem é esse tal "Monge da montanha" - Hadassah jogou seu corpo para trás movimentando os braços e imitando a voz do juiz.

- Logo verá - estavam chegando ao castelo quando avistaram uma estátua.

- Olhe só, é Agnes! - Hadassah saiu correndo. Agnes estava sentada em um banco de madeira com as pernas cruzadas segurando um leque azul na mão direita, enquanto a esquerda apoiava sua cabeça tombada.

- Como sabe que é Agnes?

- Eu vi o túmulo dela no santuário da Cociela - respondeu a menina olhando diretamente para a estátua. Hadassah estava admirada com os detalhes de Agnes, o leque afiando as unhas grandes.

- Vejo que gostou Hadassah - Caila apareceu no alto das escadas e falou alto para que Valmir lhe ouvisse - Que honra recebê los - Valmir e Hadassah subiram as escadas juntos.

- A honra é toda nossa, a casa da primeira protetora! - disse Hadassah animada.

- Entrem, entrem - convidou a rainha.

Andaram pelos artefatos antigos de guerras, usados em batalhas do passado.

- Depois de tanto tempo, estávamos preocupados com você Hadassah.

- Eu sei senhora rainha - disse ela constrangida - Na verdade é muita coisa para pouco tempo.

- Tem razão. Lennor errou em te esconder - disse Valmir.

- Falando nele... - Hadassah sentiu uma pontada no peito - Quando ele irá voltar? - Valmir e Caila se olharam. Quando?

DosPrata.

Sentado no chão, Lennor ouviu passos por trás da porta. Quem será? Era final de tarde e naquele horário ninguém visitará ele, nem mesmo para dar comida.

- Quem está aí? - perguntou ainda sentado. Não obteve resposta e o barulho cedeu. Ele se levantou, agora mais curioso, foi até a porta - Responda... - Ele colocou o rosto sobre a madeira gelada para tentar ouvir melhor os passos.

- Olá - uma voz fina surgiu pelas suas costas. Ao olhar para a pessoa percebeu que era a bruxa de Astrix parada no meio do quarto.

- Saia daqui Elisabeth - disse Lennor.

- Essa prisão foi feita para Destres... - ela rodeou o lugar olhando para ele com admiração - E você está nela, parabéns.

- Por que veio até mim? Veio me perturbar novamente? - perguntou ele olhando para o mar através da janela de vidro.

- Por que disse aquelas mentiras? Por que não me entregou ali, de bandeja a Cociela? - ela se aproximou dele.

- Não quero que Hadassah saiba do que eu fiz - ainda fixado no movimento das ondas, Lennor não percebeu a proximidade de Elisabeth.

- Tão bondoso, será que está protegendo ela da verdade, ou...protegendo a si mesmo? - os lábios da bruxa tocavam a orelha esquerda de Lennor, causando arrepios no seu pescoço - Você não pode proteger Hadassah para sempre. Seu egoísmo me deixa excitada - ela falava calmamente, quase sussurrando.

- Você, não vai sair...ilesa...- ele não conseguiu terminar a frase, Elisabeth lhe puxou para mais perto.

- Me beija! - Lennor não resistiu. Se beijaram para matar a saudade. A saudade de um amor proibido do passado. Depois de toques e carícias, Elisabeth lhe empurrou.

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