Chapter 7.

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O Lago Hebgen nunca esteve tão gelado e neblinante, a grossa camada de neve o cobria completamente e o silêncio não era amedrontador, em meio à neblina e as árvores eu pude ver claramente um casal apaixonado, mas por algum motivo desconhecido, eu não podia ver o rosto dos dois que estavam ali. Eu me aproximei com cautela para não ser vista, os dois riam exageradamente, felizes, continuei à me aproximar e ao tropeçar em um galho, o casal pareceu notar minha presença e aquele cenário mudou completamente. O tempo nublou e o choro da garota era cortante, eu vi uma arma na mão branca e trêmula do rapaz, que puxou o gatilho e sussurrava para que ela se acalmasse, sua voz era rouca e arrepiante, eu gritava juntamente com a garota para que ele não fizesse nada, enquanto parecia estar presa ao chão sem poder me mexer, eu estava sentada no chão e só os via da cintura pra baixo, minha cabeça era impossível de levantar, dois tiros foram dados e o silêncio pairou, senti meu peito e testa arderem de forma crucial e olhei para o vestido que eu usava, que coincidentemente era o mesmo que a moça que implorava pela vida também usava. Havia sangue na altura do meu coração sujando todo o vestido e a neve, algo quente desceu pelo meu rosto e ao tocar naquela região senti um buraco, era sangue, havia sangue por todo lugar e eu estava ficando sem fôlego, meus braços ficaram fracos e eu me deitei ali, mexendo a cabeça para o lado e vendo o assassino se distanciar de mim, um rapaz forte, cabelos castanhos usando roupa social branca, sua característica marcante era uma tatuagem de asas que tinha na nuca, minha vista desfocou daquilo e então tudo escureceu.

— Não vá ao lago Angie, a próxima vai ser você.

Aquela voz doce ecoou pelo quarto me fazendo despertar em um pulo, atordoada. Eu só consegui chorar quando recuperei meu fôlego e processei aquele pesadelo terrível, envolvendo novamente aquele lago assustador, eu estava angustiada de tal forma que não consegui mais dormir pelo restante da noite, só soluçava de tanto chorar e orar, pedindo à Deus que tirasse aquela angústia do meu peito, e o que quer que estivesse me atormentando, voltasse para sua origem.

— Angie, você não vai pra aula? — Meu pai apareceu na porta do quarto e eu despertei de pensamentos, o olhando — O que aconteceu filha?

— Pai — Não consegui completar a frase pois já estava aos prantos novamente, e ele andou até mim, me abraçando.

Lhe contei sobre o sonho e fizemos mais uma oração juntos, papai me contou sobre aquilo poder ser uma revelação, Clarita talvez estivesse tentando me mostrar o seu assassino, mas o motivo por eu ser a escolhida, eu não sabia.

Com muito custo tomei banho e me arrumei para a escola, iria poder entrar na segunda aula. Tomei café e meu pai foi me deixar lá, preocupado, pedindo para que ligasse se precisasse de qualquer coisa. Entrei no corredor vazio e arrepios me acompanhavam continuamente, e ao me aproximar do armário tornei a lembrar de Clarita, ficando novamente pensativa e angustiada.

— Atrasada, mocinha — Dei um pulo quando ouvi a voz de Faith bem atrás de mim, e a olhei assustada — Hey calma, sou só eu.

— Desculpa, é que eu estava distraída e.. — Suspirei.

— Você está tão abatida, o que aconteceu? — Ela me olhou preocupada.

— Acho que é uma gripe, só estou indisposta — Sorri fraco.

— Se precisar de qualquer coisa é só me procurar ok? — Ela disse e eu assenti — Agora vai pra aula antes que se atrase mais.

Faith me puxou para um abraço e aquilo pareceu recarregar minhas energias, eu já sentia a falta da minha mãe e Faith me lembrava muito ela.
Fui pra aula e me sentei ao lado de Luke.

— Dormiu muito? — Ele perguntou brincalhão e eu ri fraco.

— Isso mesmo — Falei e ele riu, balançando a cabeça.

Miles City || Justin Bieber Onde histórias criam vida. Descubra agora