A escuridão que predominava naquele lugar não me impedia de correr como se fugisse do maior e mais perigoso monstro, meu coração batia fortemente no meu peito e o pavor que eu sentia era algo nunca sentido antes.
O único barulho audível ali eram dos meus pés pisando nas folhas ressecadas e da minha respiração descompassada.
Senti algo segurar no meu pé fortemente me fazendo cair com todo o corpo e quando levantei a cabeça, estava em frente ao Lago Hebgen, ainda era noite e eu podia ver as luzes da igreja acesas do outro lado do rio, haviam carros ali como se fosse dia comum de culto, e eu gritei pelo meu pai, minha cabeça doía como nunca.
Levantei com dificuldade, usava um vestido longo branco sujo de terra, e corri na direção do lago, mas parei quando vi o meu reflexo na água, soltando um grito ensurdecedor de pavor, aqueles cabelos, aqueles olhos, aquele corpo.. não eram meus, eram dela.— Ei, calma — Meu pai segurou meus ombros quando coloquei impulso para sentar na cama, me sentia dolorida sem entender muito bem o que estava acontecendo.
Na minha cabeça passavam flashes do acidente que se fundiam com a cena de minutos atrás, eu não sabia distinguir o que era sonho ou o que era real, tudo estava confuso na minha mente e ao forçar meu pensamento minha cabeça doía.
— Como você se sente? — Meu pai repetiu a pergunta que já havia feito duas vezes, enquanto eu tentava entender tudo, olhando em volta aquele quarto branco e claro.
— Onde está o Luke? — Perguntei baixo, o olhando, me sentia grogue
— Ele está bem, teve ferimentos leves, não precisa ficar preocupada — Ele respondeu e eu assenti devagar — Eu fiquei tão preocupado quando a doutora Lapham me ligou
— Eu estou bem, só foi um susto — Eu disse forçando um sorriso, por mais que meu coração ainda estivesse querendo sair pela boca com aquele sonho — Eu já posso ir pra casa?
— De jeito nenhum — A voz da doutora Lapham soou no quarto e eu a vi na porta, sorridente — Pensei que fosse demorar mais para te ver.
— É, eu estou tendo mais sustos do que imaginei — Meu pai falou risonho.
— Como se sente? — A médica perguntou ligando uma pequena lanterna e apontando para o meu olho.
— Eu.. — Fui interrompida com a porta do quarto se abrindo e Luke entrou afobado, ele tinha um curativo no queixo e seu braço estava em uma tipóia.
— Você deveria estar tomando medicação, bonitinho — A doutora falou o olhando.
— Luke.. — Eu levantei esquecendo toda a dor que sentia, era como se meu corpo não respondesse aos meus comandos e eu lhe abracei como se não o visse à tempos.
Aquele sentimento era esquisito, a preocupação não diminuiu mesmo depois de vê-lo bem e quanto mais eu lhe abraçava, mais percebia que não era o suficiente.
— Eu estou bem, Angie — Luke disse, um pouco sufocado pelo abraço caloroso que lhe dei e eu pareci cair na real, vendo que havia exagerado um pouco com aquilo — Eu queria falar com você..
— Eu vou pegar algo para você comer — meu pai disse levantando.
— E eu vou aplicar esse soro na sua veia, estou achando que está um pouco fraca — Lapham falou me levando de volta para a cama.
Após aplicar o soro, a doutora nos deixou à sós e Luke se sentou do meu lado, inquieto e aflito, como se tivesse algo muito sério para me perguntar.
— Eu ouvi você falar o nome da minha irmã quando sofremos o acidente — Luke foi direto e eu encarei minhas mãos, nervosa e sem saber o que lhe responder — Seja sincera comigo, Angie, você tem se comunicado com a minha irmã?
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Miles City || Justin Bieber
Fanfic"É preciso ter um caos em si mesmo para dar luz à uma estrela dançante" Após a separação dos pais e de sua mãe abrir mão da sua guarda, Angelina Budd retorna para o lugar que nasceu, para viver com o pai, pastor, no Estado de Montana, a pacata cida...