-Mas meu amor, você não vai puder entrar com a gente no hospital... -Víctor tentava convencer a filha. Estava cada dia mais difícil fazer isso.
Cristina suspirou passando a mão no cabelo e foi até a porta ao ouvir a campainha.
-Pai, estava te esperando.
-Como você está filha? -Ele a abraçou com calma e se afastou ao ouvir Victória choramingar.
-Vovô -Fez biquinho ao chegar perto dele, que a pegou no colo. -Eu quero que o senhor me leve para ver a vovó no hospital... Por favor... Diz que vai me levar vovôzinho...
CONTINUAÇÃO...
-Filha, infelizmente o vovô não pode levá-la.. Mas não quero que fique triste com isso...
-Então eu não vou mais ver a vovó?
Todos se entreolharam tristes. João não sabia o que dizer, mas precisava tranquilizá-la, mesmo não querendo enchê-las de esperanças. Talvez Victória não voltasse a ver a avó, mas ainda não podia crer que estava tudo perdido.
-Olha, vamos pedir a Deus que a sua avó volte.. para casa.. -Sentiu a voz falhar. Ele sabia que só um milagre para que isso acontecesse.
-Então já que eu não vou puder ver a vovó agora, eu quero que o senhor leve para ela uma coisa que eu fiz.
Victória desceu do colo do avô e o puxou pela mão. João viu que Cristina e Víctor se entreolharam tensos. Ele foi levado pela menina até o quarto dela e chegando lá Victória o entregou um papel que sacou de dentro da pequena escrivaninha.
-É...é uma carta? -Ele perguntou segurando o papel que estava dobrado. Nele continha coraçãozinhos vermelhos desenhados por Victória.
-Sim! -Ela respondeu firme. -Mas não abra agora! -Avisou sapeca. -Quero que o senhor leia junto com a vovó. -Pediu.
João engoliu em seco. Então Victória havia escrito uma cartinha para a avó. Ele fez em enorme esforço para não chorar na frente dela, mas não sabia se seria possível conter a dor quando fosse ler para Luciana.
***
*Casa de Cristóvão*
Míriam ao se dar conta de que estava beijando Cristóvão se afastou envergonhada e se levantou rapidamente pegando a bolsa que estava em cima do sofá e saindo a passos rápidos.
-M..me desculpe Cristóvão! E..eu preciso ir!
-Míriam, espera! -Ele viu a porta se fechar de repente e levou a mão até os lábios, o tocando com um leve sorriso no rosto. Não podia negar que Míriam havia deixado um gosto agradável em seus lábios.
***
Mais tarde...
*Hospital*
*UTI*
João abriu a cartinha devagar. Sentiu um nó na garganta com as palavras que ali continha. Leu as primeiras palavras em pensamento antes de ler em voz "alta."
Buscou ar. Precisava tirar as palavras da garganta e assim o fez, porém com um pouco de dificuldade.
Para vovó Luciana 💗
Ele respirou fundo mais uma vezes antes de conseguir continuar;
Vovó eu estou com muita saudades por favor volte logo para casa.
Sinto falta de quando brincava de boneca comigo... -Ele esboçou um leve sorriso ao ler isso.
e também de quando me levava para a escola a senhora me dizia para não brigar com os coleguinhas e me dava broca quando eu não obedecia.
-A voz saía cada vez mais embargada. Viu uma lágrima molhar o papel e tentou controlar as que já insistiam em cair de seus olhos, mas não obteve sucesso.
Continuoua ler...
...
***
*Casa de Víctor e Cristina*
*Quarto do casal*
-Cristina meu amor, o que está sentindo? -Víctor perguntou ao vê-la desequilibrar e se apoiar na penteadeira.
-Eu não sei Víctor. -Ela o olhou preocupada. -Mas achei que fosse cair.
-Você tem que se alimentar! Não é a primeira vez que se sente mal!
-Você sabe que não está sendo fácil Víctor...-Quis chorar.
-Eu sei meu amor... Mas eu não quero que você adoeça. Preciso de você mais do que nunca..-Sentiu a voz embargar.
Cristina o abraçou forte.
***
*Hospital*
*UTI*
Depois de ler a cartinha, João a colocou em cima da mesa ao lado, onde também continha uma linda flor que Victória havia colhido do jardim para a avó.
Em seguida, ele retirou o escapulário do bolso e o segurou junto a mão da amada, onde depositou um beijo.
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***
*Dia seguinte*
9:14hs AM
*Casa de João*
João estava sentado na sala e observava os porta-retratos de sua mãe que estavam sobre a mesa de centro. Há alguns dias ele havia voltado aquela casa, mesmo não se sentindo muito bem ali, mas precisava se libertar das lembranças ruins que ela lhe trazia a mente. Primeiro a morte triste de seu pai. Depois de sua empregada Sheila, que alguns anos depois ele descobriu que a morte havia sido provocada por sua mãe. Como ela pôde ser tão cruel... Jamais conseguira esquecer do quanto ela tinha feito Luciana sofrer dentro daquela casa.
Como lhe doía ter uma mãe tão má como Ana Joaquina. Contudo, não era capaz de odiá-la. Afinal, era sua mãe e apesar de tudo a amava.
Seus pensamentos foram interrompidos pelo toque do telefone, que logo o atendeu.
*Ao telefone*
-Alô!
-Bom dia papai!
-Bom dia minha filha, como você está?
-Pai, eu tenho uma coisa para contar o senhor... -A voz soou suave.
-Diga minha filha.
-Hoje eu fui ao médico e..tive que fazer alguns exames...
-E o que ele disse filha? -Perguntou ele preocupado.
-Pai. Eu estou grávida!
Ao ouvir isso João abriu a boca surpreso e sorriu emocionado com a notícia.