24 De Junho De 2017

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Meu plano é simples para este sábado: à noite ir visitar Rebecca e tentar convencê-la de que devemos ficar juntos.

É engraçado como um mês foi o suficiente para mudar minha perspectiva de vida. Aquele que abominava o amor está agora planejando maneiras de se declarar. Se alguém me falasse que isso aconteceria comigo, há dois meses, eu provavelmente teria uma crise de risos e debocharia da pessoa que disse tal asneira.

Mas aconteceu.

Agora não dá mais para voltar atrás. E na verdade, nem quero.

É uma aventura diferente. Algo inédito em minha vida. Quero aproveitar cada momento. E se Rebecca aceitar, quero construir uma vida nova com ela.

Tudo bem que a vida dela é bem diferente da minha. Ainda não sei se sou capaz de viver mais pelos outros do que por mim, mas quero tentar.

E sabendo como eu sou, se não der certo com Rebecca eu nunca mais vou querer me apaixonar.

Como as tarefas da ONG diminuíram percentualmente após entregarmos as casas, Maurício me dispensou do trabalho hoje. Segundo ele, só quando Rebecca voltar que poderemos prosseguir com as demais tarefas.

Ele também me notificou que ficará fora em uma convenção, por isso pediu para que Rebecca e eu não nos matemos.

Acho uma missão difícil, mas não impossível.

Podemos fingir civilidade por alguns dias.

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Um sábado nunca demorou tanto para passar como o de hoje. Cada minuto é uma pequena eternidade.

Desse jeito a noite não chegará nunca!

— Se continuar andando desse jeito de um lado para o outro, vai abrir uma cratera em nossa sala. — Caiã diz enquanto zapeia os canais.

— Estou ansioso, tá legal. A porra desse relógio deve estar estragado. — o encaro — É isso não é?

— Não está não, Caio. A hora é essa mesmo. — Ele se levanta e joga o controle no sofá. — Como você não vai me deixar assistir TV, andando desse jeito, vou para meu quarto analisar uns documentos.

— Tá.

Caiã balança a cabeça e dá um meio sorriso, antes de se virar e sair da sala.

Eu continuo na sala andando de um lado para outro. Até que me canso e decido deitar no sofá.

Fito o teto branco e começo a processar o que farei quando chegar à casa de Rebecca.

Não quero assustá-la e nem deixá-la brava.

Tenho um sério problema em "bostejar", como ela disse. Se as coisas não estão acontecendo como eu planejei, costumo falar besteiras.

E a Rebecca odeia isso em mim.

Levo minhas mãos ao rosto e as movimento para baixo e para cima. Estou começando a ter medo.

Eu nunca tive medo de nada. Agora sou um frutinha que está apaixonado e além de tudo está com medo de ser rejeitado.

Pronto. Estou fudido.

Fico refletindo sobre o que me tornei por tanto tempo que perco a noção do tempo.

— Ué, você ainda está aqui? — Caiã diz assim que me vê.

— Que horas são? — Me levanto meio sonolento.

— Vinte horas e trinta e quatro minutos. — Caiã afirma, enquanto fita o relógio em seu pulso.

— Puta merda.

Foi Tudo Por Você - CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora