Nos separamos para ficar mais fácil encontrar a garota. Alguns trabalhadores notaram e se juntaram na busca.
Não se passou muito tempo, ela não pode ter ido tão longe.
— Celly! CELLY! CADÊ VOCÊ? – Rebecca grita tão alto que provavelmente a garota ouviu.
— MAGRICELA!!! APARECE.
Depois de alguns minutos ouço os gritos estridentes de Rebecca se aproximando.
— Me ajudem! Aqui. Chamem o Maurício, por favor!
A garota está inconsciente em seus braços. Eu me aproximo rapidamente e pego-a. Rebecca então tira sua blusa e a estende no chão.
Se fosse em outro momento eu implicaria com seu belo corpo definido e seu lindo sutiã de renda vermelho. Mas nesse momento não dá para brincar.
— Põe ela aqui. O Maurício não deve demorar. – Rebecca acaricia o rosto da menina e suspira. — Pode me emprestar a sua camisa?
A tiro imediatamente e lhe entrego. Ela dobra e depois limpa o rosto da menina que está todo sujo. Antes que ela termine, Maurício aparece e toma o controle da situação, ajoelhando-se perto de Celly e lhe aplicando algo.
Noto que Rebecca está saindo. Vou atrás dela.
— Onde você vai? – Seguro ela pelo braço.
Ela olha para mim surpresa e a tensão de antes toma conta da atmosfera.
Puta merda! Ou estou enlouquecendo ou meu coração está batendo descontroladamente.
— Tenho que achar o urso da Celly.
— De novo esse urso idiota?!
— Deixa de ser imbecil. – Ela puxa seu braço com violência. E lá se foi o momento mágico... De novo. — Não fale antes de entender o real motivo das coisas. – Ao menos ela suavizou a voz dessa vez.
— Então me explique Caralho! Se você não me disser eu nunca vou saber.
— Os pais da Celly morreram na enchente tentando salvá-la.
Puts! Por essa eu não esperava.
— Aquele urso que você está chamando de idiota é o único pertence que essa pobre garota tem que a liga aos pais.
Me calei. Não tenho argumento. Pelo visto eu não sou tão azarado comparado a isso.
— É por isso que eu me arrisquei para pegá-lo. A Celly não merece sofrer mais. Ela já tem dor o bastante.
Ela saiu.
Porra, como sou imbecil. Eu tratei essa garotinha com tanta frieza.
Vou atrás dela novamente.
— Eu não sabia disso, poxa.
— Por quê? Pessoas que você não conhece a história de vida podem ser tratadas como lixo? – Ela continua andando sem olhar para trás — Uau! Você é um babaca mesmo! Mas quer saber de uma verdade quase que absoluta? Você que é o lixo aqui.
— EU NÃO SOU UM LIXO! – Por impulso estiquei meu braço e coloquei a mão no ombro dela.
Não foi uma boa ideia.
Antes que eu pudesse raciocinar ou me defender ela virou-se na velocidade da luz, pegou o meu braço e me jogou no chão.
Isso não é possível! Eu sou maior do que ela.
— Nunca mais toque em mim se eu estiver irritada. Babaca...
Ela me deu a mão e me ajudou a se levantar.
Não ousei ir atrás.
🙈🙉🙊
Depois de tudo que aconteceu ontem eu procurei ser o mais gentil possível com a Celly. Por mais que eu não goste de afetividades não posso ser insensível com a história de vida dela. E estou me surpreendendo com o tão doce essa garota pode ser.
Rebecca resolveu tirar o dia de folga, pois saiu logo assim que cheguei e ainda não voltou. Maurício está muito ocupado com o trabalho de parto de uma das sem-teto e Caiã não ficou aqui, apenas me trouxe e voltou para o escritório de advocacia.
Sem ninguém disponível, sobrei para ser babá.
— Tio, vamos passear?
Celly abraça o urso como se fosse o item mais valioso do mundo.
— Para onde você quer ir?
— Lá para fora ver as construções.
— Tá.
Saio com ela em direção ao centro. As pessoas trabalham animadas. Em menos de duas semanas as reconstruções já estão dando um excelente resultado.
— Tio o que houve com seu braço?
— Ah isso? – Aponto para meu braço — Me machuquei enquanto brigava, mas já está bem melhor. Só estou com essa atadura porque tem alguns machucados e fiquei com medo de pegar bactéria nesse lugar.
— O que tem de errado com esse lugar?
Nem preciso me virar para saber de quem é essa voz.
Sim.
A bipolar.
A demônia.
Quando olhei para ela percebi que ela está um pouco mais branca do que antes.
Aposto que errou o tom da base.
— Aqui tem poeira e... – Me calo. Tudo que eu disser poderá ser usado contra mim no futuro.
— Pessoas que estão lutando para se recompor. É isso que vejo aqui.
— Tia Rebecca! O tio Caio brincou comigo hoje. – A menina se jogou nos braços de Rebecca, que se desequilibrou, então eu estendi o braço colocando a palma da mão nas costas dela.
— Obrigada, Caio. – Olhei para ela confuso. Sobre o que ela está agradecida? Foi então que percebi sua bochecha ficando vermelha. — Por cuidar de Celly enquanto eu não estava aqui. – Ela acrescentou rápido.
— Claro. Precisando é só falar. – Quem sou eu?!
— Tia, tá doente? Por que seu rosto está tão vermelho? – Celly diz apontando.
Rebecca leva as mãos ao rosto imediatamente, o que me faz rir. Agora ela está envergonhada. Rebecca Martins também é tímida. Que descoberta!
— A tia está bem. Tenho que resolver umas coisas antes do almoço. Fique com tio Caio e não saia de perto dele.
— Sim senhora.
Rebecca dá um beijo na testa de Celly que corre em seguida para meu lado e pega minha mão que estava pendendo ao meu corpo.
Estou me transformando em um bundão que fica feliz por uma criança pegar minha mão.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Foi Tudo Por Você - Completa
Romance⚠ Plágio é crime! ⚠ Caio é um estudante de engenharia civil que tem tudo o que quer de bandeja. Até que o destino decide interferir... Numa manhã fatídica um evento incomum é o estopim para que toda a sua vida fique de cabeça para baixo e um tsunam...