10 De Julho De 2017

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Mesmo após ter sido transferida para a UTI Rebecca não acordou. Os médicos disseram que isso é comum, e que só podemos ir acompanhando-a.

Todas as noites venho ficar com ela.

Já contei várias coisas engraçadas que me aconteceram, contei o que passou por minha cabeça quando éramos pequenos e topei ela batendo naquele garoto miserável. Disse o quanto a amo.

Mas nada a fez despertar.

A esperança veio na noite do dia 10. Enquanto eu segurava sua mão, senti como se os dedos dela estivessem se mexendo. Desesperado chamei as enfermeiras. Eles me retiraram do quarto e minutos depois vieram informar que ela havia acordado.

Eu não pude conter um sorriso e umas lágrimas de felicidade.

Rapidamente informei Maurício, que informou ao pai de Becca. Uma hora depois estavam aqui.

Caiã demorou um pouco mais, pq estava enfrentando um julgamento. Mas assim que terminou veio ao hospital.

Algumas horas após ter acordado do coma, Rebecca foi transferida para um quarto. Lá podíamos ir visitá-la. Todos de uma vez.

Foi engraçado, um bando de homem em torno dela.

— Pelo visto, segurança é o que não me falta. — Ela sorriu docemente.

Mesmo com olheiras, pálida e fraca, ela ainda sabe sorrir lindamente.

— Minha filha... Me desculpe por não estar com você no momento em que passou mal...

— Não diga isso, pai. Ninguém sabia que eu iria passar mal naquele dia. Estou suscetível a isso. Já sabíamos disso — sua voz é baixa, mas calma.

— Você não sabe o quanto corri com você. Estava parecendo até um piloto de fuga! — Maurício diz, para amenizar o clima.

— Por essa eu não esperava. Pagava para ter visto. Imagina só, o suor escorrendo pelo seu rosto. O medo que você sentiu não deve ter sido pouco! — ela gargalhou.

Sua risada é uma melodia que acalma nossos corações.

— Becca, por sua causa quase que perco todos os móveis da minha casa! — Caiã diz brincalhão. — Precisei mandar várias cadeiras para reformar. — Ele me olha condescendente.

— Pelo visto vocês sabem de tudo... Puts, tanto esforço para encobrir! — ela diz, fingindo arrependimento.

— O que acham de comprarmos algumas frutas para a Rebecca? — o pai de Rebecca parece entender a situação. Caiã e Maurício também, pois aceitam o convite e se retiram.

Eu fico perto da porta por um longo tempo observando-a.

— Você realmente não ia me contar? — digo por fim, soltando os braços que estavam cruzados.

— Eu não queria...

— Que eu sofresse. É, eu li sei diário. Mas você parou para pensar que eu fosse sofrer ainda mais se não soubesse? Se não pudesse passar seus últimos dias com você? Ao seu lado, te dando carinho e proteção? — minha voz está grave. Um misto de rispidez com mágoa, com medo.

— Eu te amo.

Meus olhos se arregalam. Essa frase desarmou todas as minhas defesas. Tudo que faço é correr até ela e abraçá-la.

— Caio, você está me sufocando — ela diz batendo em minhas costas.

Mas eu realmente a abraço forte. Para ela sentir que meu coração pertence a ela. Que nossas almas já estão ligadas. Que ela é o meu primeiro amor.

Foi Tudo Por Você - CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora