IV- Halley

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Olhei para o cartão dourado que Hay me entregou antes de sairmos de casa. Nele estava escrito "Three Moons nightclub" abaixo de uma grande lua cheia que trazia ao cartão um ar místico. No verso, um endereço que reconheci ser a cinco quadras da minha casa e é onde estou neste momento a observar a fachada preta e discreta do local.

- Nome? – um segurança alto e esguio, coberto por grandes e bem delineadas tatuagens me fitava de sobrancelha levantada.

Ele me olhava de cima a baixo, procurando algo que eu não fazia a mínima ideia do que seria. Dei mais um passo à frente quando observei um garoto de rosto pálido sem camisa que possuía uma marca no mesmo lugar que a minha. Quanto mais perto eu chegava da entrada, mais a marca queimava. Coloquei a mão no peito acima da marca e soltei um grunhido de dor. O segurança pareceu perceber e me olhou surpreso.

- Esquece, entre. – falou seco.

Eu olhei para ele atônica e entrei ainda com a mão sobre o peito.

Adentrei a boate que emitia luzes coloridas de todos os cantos do lugar. Pessoas se divertiam e dançavam soltas na pista de dança que tocava "I Love It" no nível máximo, levando o público a loucura. Me aproximei do bar sentando em uma das cadeiras e acenando para o barman robusto e musculoso que estava ocupado com alguns clientes.

- Boa noite senhorita o que deseja? – o barman perguntou-me.

- Uma vodka por favor. – pedi educadamente.

- Já volto com a sua bebida. –falou distanciando-se e preparando um copo enorme de vodka. As suas mãos eram tão ágeis que a minha visão não conseguia acompanhar os momentos que se tornavam borrões misturados a luz do bar.

- Aqui está jovem.

Pousou um copo enorme na minha frente que tinha camadas de cores diversas. Inicialmente só observei o enorme copo a minha frente por um tempo, depois me deixei experimentar a tal "vodka". Depois de um grande gole meu corpo relaxou ao perceber que a bebida não tinha gosto de vodka normal, estava mais para um suco de laranja sem açúcar, mas não era ruim.

Subi alguns degraus segurando a bebida e me sentei em uma das mesas a observar a parte de baixo da boate. Tudo aquilo tudo estava me deixando tonta.

Vários casais e outras pessoas se concentravam em dançar e se divertir, enquanto eu estava sentada, focando o olhar no nada e sem qualquer companhia. Já percebi, a essa altura que a ideia de Hay foi péssima.

A pista de dança tocava algo agitado quando ouvi um grito vindo da parte de baixo, uma luz vermelha embaçou a minha visão e imagino que o das outras pessoas que estavam na boate também. Quando a luminosidade diminuiu avistei vários pessoas agrupadas no centro da boate, todos com tatuagens de lagartos que iam do braço até o pescoço na cor vermelho sangue. Depois de ver as tatuagens eu comecei a ficar assustada. Misturei-me entre as pessoas que presenciavam a cena boquiabertos. Pela reação das pessoas seria pior do que eu havia imaginado.

Todos do grupo estavam vestidos de preto, um deles o mais pálido deu um passo à frente.

- Me entreguem o que procuro a mil anos e ninguém se machuca. –gritou rude.

A sua roupa era de um tecido negro que cintilava a fraca luz da boate.

As pessoas começaram a se afastar descobrindo quatro adolescentes que estavam entre a multidão, e por fim acabaram me descobrindo. Eu andei para trás mas fui interrompida e empurrada para frente.

Ele fez sinal com a cabeça para que todos os cinco adolescentes fossem levados até ele. Um outro homem do grupo saiu e levou um por um, até o centro da boate. Por fim, agarrou-me o pulso com força e puxou até o círculo onde as outras crianças também estavam.

- O que querem com a gente? - perguntou um deles. Ele era muito branco e possuía grandes olhos e cabelos negros.

O homem deu um sorriso amarelo.

-Simples, vocês 4.

Todos os adolescentes capturados olharam um para os outros, até uma garota tomar coragem e falar.

- Mas somos 5. – retrucou uma garota de longos cabelos vermelhos e olhos verdes. O seu rosto era duro demais para traços tão delicados.

- Mas como? – sibilou o homem raivoso e nos fitou contando-nos um por um de forma impaciente.

Todos do lugar nos olhavam surpresos e assustados. E isso me levou a crer que absolutamente não fora uma ideia tão boa.

- Mas o que está acontecendo? - ele se aproximou de nós e abriu a camisa do jovem de olhos negros.

- Ar. – sussurrou.

Abriu a camisa da garota ao lado, deixando ela de sutiã e ruborizada.

- Terra. – continuou.

E saiu abrindo as camisas descaradamente.

- Água

- Fogo

E quando chegou na minha camisa a rasgou ao meio.

- Ei! – gritei irritada. Aquilo já passara do limite.

- O que significa esse símbolo? – perguntou-me com incredulidade e curiosidade aparente.

Nesse momento as portas da boate são levadas ao chão.

Guardiões ElementaresOnde histórias criam vida. Descubra agora