XIX- Halley/ Ahron

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Quem quiser, pode me enviar uma mensagem na minha caixa que terei o enorme prazer de responder ou talvez só bater um papo, estou aberta a críticas e sugestões. Obg ^^
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HALLEY
Antes de entrar no quarto, permaneci na frente dela, pensativa, me recordei do beijo que dei no Ahron, que foi bom e depois frustrante, como se eu tivesse ido do céu ao inferno em um piscar de olhos.
Sai e fui para o salão principal, caminhando devagar e procurando um pouco de ar que saciasse a mistura de raiva e magoa que se formava no meu coração.
Caminhei até o jardim principal, retirei as sapatilhas e me deixei sentir a grama abaixo dos meus pés ainda molhada da garoa da noite, já era tarde e eu não conseguia dormir, talvez fosse até perigoso estar sozinha a essa hora fora do colégio, mas empurrei esse pensando para longe. Me deitei próximo a uma árvore de porte médio e fechei os meus olhos.
Depois de um longo tempo deitada, ouço alguém conversando. Me levanto e me escondo atrás da árvore, não consigo ver quem é, mas percebo que são duas pessoas, deve ser algum casal da escola, pensei divertida.
- Ainda bem que concordou com o meu plano, se contrariasse, seria bem pior.
Falou ela rindo e andando próximo a ele. Me esquivei com cuidado até ver de quem se tratavam e como se não pudesse fica ainda pior, Ahron e uma mulher de cabelos negros curtos e olhos quase brancos andava ao seu redor, com seus dedos finos e de unhas enormes, ela passava o seu dedo em torno de todo o ombro dele, o insultando. A cara dele era de poucos amigos e parecia irritado com aquilo.
- Vamos logo, eu não tenho tempo para os seus joguinhos. Deixe-a em paz por favor.
Ele pedia suplicante, mas por que ele queria tanto me proteger? Será que gosta realmente de mim?
- E também não ouse tocar em ninguém do colégio, inclusive a Halley, ela também é um dos guardiões.
Senti o meu coração se partir ao meio virando pó e sendo espalhado pelo vento. Ri de raiva, não era eu quem ele queria proteger, lógico que não era, a gente só se beijou, por que eu deveria pensar que existisse algo.
Sai de trás da árvore e andei de volta pisando forte.
Antes mesmo de entrar no colégio vejo um brilho negro vindo em minha direção.
- Não.
Me viro e vejo Ahron empurrando e caindo no chão com a mulher misteriosa e uma bola de fogo atinge uma árvore perto da minha cabeça.
- Entra no colégio Hay, por favor.
Fala Ahron tentando segurá-lá.
- Eu não vou a lugar algum.
O meu pavio já estava curto então fechei os olhos e respirei fundo, liberando o meu espírito. Uma névoa se formou ao meu lado, se dissipando e revelando um dragão branco.
- Tenho permissão ?
Perguntou Hay olhando fixamente para a mulher.
- Halley não faça nada, não a machuque.
Uma fúria se tornava maior dentro de mim, era incontrolável e a cada segundo um calor tomava o meu corpo, me tirando do controle.
Meus olhos se tornaram incrivelmente vermelhos e Hay sentiu o sinal.
Uma nuvem branca foi cuspida do dragão, fazendo com que a garota virasse um bloco de gelo humano.
Ela não se movia, apenas riu mesmo congelada e saiu do bloco, em um piscar ela estava dentro, em outro estava fora do bloco e do lado de Ahron.
- Incrível minha querida, até um elfo sairia desse bloco facilmente. Adoro showzinhos, mas realmente preciso ir.
Ahron se tornou imóvel e fechou os olhos, ela segurou a mão dele e a imagem dos dois tremeluziu, até eles sumirem completamente.
Respirei fundo e cai de joelhos na grama, eu estava completamente fora de si, como se não pudesse controlar a raiva e fizesse qualquer coisa para conseguir o que quero.
Hay se tornou humana novamente e veio ao meu lado, tentar me levantar e levou-me de volta ao meu quarto.
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- Estamos todos pasmos e tristes pela perda de um dos nossos, um importante jovem para o nosso mundo. Oliver White foi o único a falecer no ataque que houve ontem, ainda não achamos o seu corpo, mas as buscas ainda não acabaram.
Falava a diretora com um lenço na mão, sendo acolhida por um dos professores.
Tomo mais um gole do meu café preto que está sob a mesa e tento segurar uma lágrima, eu ainda não me acostumei a chorar em publico. Para a minha sorte, Morgana e Arme não quiseram mais tocar no assunto, para o bem de todos.
As aulas foram suspensas até segunda ordem e estamos livres por um bom tempo.
- Vocês querem fazer algo de legal hoje?
Perguntou Arme delicadamente.
- Sala de treinamento.
Morgana respondeu ríspida.
- Sala de treinamento.
Repito o que Mô falou.
- Você ?
Pergunta ela como se fosse impossível eu estar numa sala de treinamento.
- Ue, se tiver tudo bem para você, sim.
Falei dando de ombros.
- Não tudo bem, é que é meio surpreendente ver uma patricinha na sala de treinamento.
Falou ela.
Fiz uma careta de desagrado, agora eu era uma patricinha? Estou pior do que pensava.
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AHRON
Me contorcia de dor e lágrimas desciam suplicantes enquanto levo outra chicotada com força de um dos oficiais.
- 48 chicotadas.
Contava ele em voz alta enquanto outras pessoas me olhavam com cara de espanto e horror.
- 49 chibatadas.
Continuou ele, enquanto uma garota alta, de olhos castanhos e cabelo loiro chorava baixinho, para não chamar atenção, fechando os olhos com força em cada chicotada que eu levava.
- 50 chicotadas.
Respirei em alívio, me desamarraram e me largaram no chão, com as costas dilaceradas e encharcadas de sangue. Ela correu até mim.
- Vem Ahron, vou cuidar de você.
Ela falou tentando me levantar.
- Não Virgínia. Você pode se complicar.
Falei.
- Não me importo.
Falou ela colocando o meu braço no seu ombro e me ajudando a levantar.
Me arrastou até uma das tendas onde os civis descansavam, deixando encharcado e cheio de lama o seu longo vestido creme que q deixava ainda mais linda aos meus olhos.
Deitado de costas, ela procurou algumas coisas e sentou ao meu lado, tentando limpar superficialmente o sangue.
- Isso não vai servir.
Falou ela ainda chorando jogando tudo no chão.
Lentamente, passou seu dedo indicador ao longo de cada corte, transmitindo uma ardência e logo depois um alívio das dores dos cortes. Em pouco tempo os cortes não mais incomodavam.
- Como você fez isso?
Perguntei levantando e olhando para ela, que estava de cabeça baixa respirando pesadamente.
- Nem queira saber, não vou conseguir fazer novamente de qualquer maneira.
Falou ela limpando as lágrimas.
Me abraçou com força, colocando sua cabeça no meu ombro. Ela transmitia uma aura diferente de qualquer humano que já conheci, era doce, inteligente, cuidadosa e entre todas essas características a que eu mais amava era a sua coragem. A beijei como se nunca tivéssemos nos tocados, acendendo um amor que acredito nunca ter com qualquer outra pessoa na minha vida.
- Ei! Se soltem agora.
Falou um homem apontando uma arma para nós dois, ao seu redor outras armas e facas eram apontadas para nós.
- Não vou te perdoar dessa vez.
Falou ele chegando mais perto.
- Não o machuque por favor.
Falou ela tentando ir a minha frente, mas foi logo impedida por mim, que coloquei o meu corpo para frente como escudo.
O homem apontou e atirou na minha direção, mas antes que atingisse o meu peito, Virgínia beijou o meu ombro e a bala não me atingiu. Mas atingiu a ela.
Ela caiu no chão com o nariz sangrando, percebi que eu não estava mais aqui, o meu corpo estava transparente e sumindo lentamente.
- Meu amor, acorda.
Falei tentando tocá-lá. Mas ela não se mexia.
Sumi completamente e acordei no meio de uma floresta, alguém me cutucava com o pé. Abri os meus olhos e vi uma mulher de pé vestida em uma capa preta, de olhos brancos e cabelo negro curto, ela me olhava com um sorriso diabólico.
- Eu vi você chegando.Bem vindo ao Mundo das Três Luas meu querido.

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