A gente esquece...
O ano era 2004. TV Globinho em seu auge e eu não perdia um capítulo de 3 Espiãs Demais, depois mudava pro Bom Dia e Cia pra ver o Clube das Winx. Britney Spears era uma febre mundial, aqui no Brasil tínhamos a Kelly Key. Chegava do colégio às pressas, trocava de roupa e corria pra casa da Flora pra aprendermos a coreografia de Ragatanga. Depois fazíamos pipoca caramelada e se tivéssemos sorte assistíamos algum filme com a Lindsay Lohan ou Hilary Duff na sessão da tarde. Voltava pra casa e me jogava no sofá pra ver a Natasha arrasar em Malhação. No colégio eu era a Mia, Natália a Roberta, mas Flora não queria ser a Lupita. Nós sábados tomávamos sorvete na quitanda, batíamos cartinhas e depois íamos ao karaokê cantar Sandy e Júnior. Nos domingos macarronada na casa da Natália e Miss Mommy sempre queimava o arroz, mas a mãe da Flora sempre dava um jeito de concertar, pois é uma cozinheira de primeira.
Tudo ia muito bem até que ganhei meu primeiro patins. Os ganhei porque havia esquecido patinete próximo ao Lago das Pétalas e nunca mais o encontrei. Miss Mommy então resolveu me dar outro, mas confundiu Patins com Patinete. No fundo eu gostei. Mas não sabia usar. Natália e eu fomos até a ciclovia treinar. Ela sabia fazer isso muito bem.
— Vamos lá garota! Você consegue. — Tentava me animar.
— Sou péssima nisso. Como Miss Mommy pôde me dar algo tão sem graça? — Esbravejei caída sobre chão.
— Achei que amasse patinação no gelo. — Disse com um sorriso cínico.
— É diferente. — Respondi emburrada.
— Sim. É mais difícil! Vamos tentar uma última vez. — Natália nunca desistia. Era incrível.
Me coloquei de pé. Meus joelhos estavam ralados e minha mãos esfoladas. Por incrível que pareça, aquele patins teve pena da minha situação me permitindo ficar equilibrada por quase 45 segundos, até que caí nos pés do menino mais lindo que eu já havia visto em toda minha vidinha. Ele me estendeu a mão e me ajudou a levantar.
— Tudo bem com você? — Perguntou com uma voz de Ganso.
— Estou ótima. Uma pedra me derrubou. Na verdade sou ótima com isso. Estou treinando pra uma olimpíada. — Respondi tentando cobrir o ralado no meu joelho com o capacete. O menino magro como um grilo olhou com pena para meus ferimentos sorrindo docemente.
— Quantos anos você tem?
— 13, mas logo farei 14 em setembro. — Ele fazia perguntas demais.
Fomos pra minha casa e ele me ajudou a enfaixar meus ferimentos. No dia seguinte me deu um livro, que eu nunca li e uma flor me pedindo em namoro. Eu aceitei. Fomos pra Zero Grau, a melhor e maior sorveteria da cidade; me pagou um sorvete enorme; depois fomos na biblioteca pública municipal e mais tarde andamos de bicicleta na cicloviavia. Demos um selinho na boca e fui pra minha casa. Nunca mais o vi. Nem mesmo sabia seu nome, ele me disse, mas esqueci quando vi aquele sorvete napolitano enorme.
Não vou dizer que foi minha primeira desilusão amorosa, porque nem mesmo sabia o que era namorar, mas isso não importa, por que isso me ensinou uma lição: NUNCA CONFIE EM UM GAROTO, NÃO IMPORTA A IDADE QUE ELE TENHA!
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LILY PARA GAROTAS
Teen FictionOi! Nossa, nem sei como você veio parar aqui, mas agora que já chegou senta! Sou Liliane, para alguns Lília, há os que chamam de Lílian, mas para as garotas e todos aqueles que se sentem garotas, sou Lily. Já que está aqui podemos ser amigos? Não s...