Três dias no hospital...Até onde eu sei!

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Depois de uns três dias, eu conseguia movimentar-me melhor, mas a minha preocupação com Tiago não saia da minha cabeça. Os meus pais e os pais de Tiago já acordaram e o doutor Pedro não os deixaram nos ver. Não sei se ele os avisaram sobre Tiago e eu.

-Doutor- Disse, quando ele entrou pela primeira vez no meu quarto no terceiro dia.-, gostaria de ver Tiago.

-Hmm...- Ele pensou um pouco na minha petição. Analisando e pensando em todas possibilidades, impossíveis e possíveis.- Receio que não seja uma boa ideia. Os pais deles querem o ver e até agora não os deixei.

-Você falou da situação dele?

-Não pude falar. Eles acabaram de acordar.

-Engraçado.- Eu desviei meus olhos dele para as minhas mãos.

-O que, Gabriela?

-Você falou comigo quando acabei de acordar...ou você não tem nenhum respeito por mim ou não pensou como reagiria ou, espero que seja isso, você percebeu que sou a namorada dele, a pessoa que ele mais ama, então eu deveria saber qual a situação dele.- Ele prestava atenção em mim.- Dependendo de qual seja a possibilidade, você tem que me deixar vê-lo. Senão contarei para seu chefe dependendo qual seja a sua resposta. Então, para me manter calada, só aceito ver o Tiago.

-Interessante.- Ele pensava e apoiou a prancheta na mesa no fim da maca.- Tem palavras que gostaria de usar para você, mas não posso. Acho que você me deu um xeque-mate. Pode esperar até o fim da tarde?

-Posso.- Eu olhei para ele e dei um sorriso vitorioso.- Obrigada.

-Agora, se me permite fazer meu trabalho hoje, você já está pronta para ver seu rosto.- Meu rosto?, pensei. Será que terei algum choque ao ver meu rosto transformado?- Tivemos que fazer pequenas mudanças em sua face.

-Muito significativas?

-Não muito.- Ele pegou um espelho de mão.- Vou te dar e você respirará fundo e me diz o que está sentindo em relação ao seu rosto.

Eu peguei o espelho. Fui devagar e respirei fundo. As mudanças nítidas e mais chamativas eram: uma cicatriz em minha testa, meus olhos vermelho e inchados, um nariz mais fino, bolsas de retenção de água embaixo dos meus olhos, uma sobrancelha estava raspada no lugar onde a cicatriz passava, minha boca estava rachada, meu queixo estava mais destacado e, quando coloquei minha mão nele, não o senti.

-O-o que que houve?- Abaixei o espelho de mão.

-Essa cicatriz foi por causa que você bateu muito forte no ferro do banco do motorista. Estava muito aberta e precisou de 20 pontos, por isso precisávamos raspar um pouco sua sobrancelha.- Ele suspirou.- Seu nariz foi estraçalhado por causa do acidente e tivemos que refazê-lo e colocamos uma pequena placa em seu queixo por causa que o seu osso foi triturado.

-Entendi.- Eu percebi minhas mãos tremerem. Meu cabelo estava sem vida e seco. Passei minhas mãos neles.- Meu cabelo está frágil.

-É por causa dos medicamentos.- Ele estava olhando os aparelhos e o soro.- Você deve descansar. Daqui a pouco eu volto.

-Tudo bem.

Estava sozinha. Sem ninguém para conversar. Meus pais estavam em outro leito. Tiago quase morrendo. Uma lágrima escorreu em minha bochecha quente, e senti o caminho que percorrera.

**

No fim da tarde, estava muito ansiosa. Não parava de perguntar as enfermeiras sobre o doutor Pedro. Elas riam timidamente, como se eu falasse em um semideus na terra, e depois falavam que estava ocupado, mas iria vir para me ajudar ver o Tiago.

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