Eu só queria te odiar

Capítulo 3

Dessa vez, o alarme tocou. Não sei se meus pais poderiam me levar, mas de qualquer modo chegaria cedo.

Faltam 5 dias para o meu aniversário. Meus doces 16. Finalmente ganharei meu carro. E não precisarei me apressar.

Chegando na escola direciono-me ao meu armário. Estava guardando meus livros e aproveitei para olhar meus horários. Até que sinto algo pesar nas minha costas como se tivesse alguém me observando. Me viro e encontro Michael. Ele sorri e aproxima.

- Oi, eu esqueci de perguntar o horário que iremos fazer o trabalho hoje. Estou livre o dia inteiro.- claro que estava a única coisa que ele deve fazer na vida é jogar e dormir. Não pense assim, Amy, você não pode julgar as pessoas sem conhecer.

- Pode ser as 18:00 horas, igual ontem.- ele diz okay e se retira.

Pego meu fichário de matemática no armário e o fecho, quando me viro deparo com Angeline me encarando. Angeline é a meen girl da escola, inclusive ex-namorada de Michael. Mas conhecida com Angel. De anjo não tem nada.

Loira, olhos verdes e o corpo que todo mundo gostaria de ter. Quando eu era mais nova ela adorava atormentar a minha vida até que parei de ligar para todas as suas ofensas. A indiferença é uma boa opção em situações assim.

  - Fiquei sabendo que você está fazendo trabalho com meu namorado. Se eu souber que você está dando em cima dele você vai pedir para não ter nascido pirralha. - menina doida até parece que eu um dia vou gostar dele. Deus me livre. E pirralha? Nós temos a mesma idade.

  - Primeiro ele é seu ex-namorado e segunda eu nunca gostei e nunca vou gostar do Michael, na verdade o que eu sinto é o contrário de gostar. E eu não sou pirralha sua piran... - me interrompo, isso não era pra sair do pensamento. Eu tenho que arrumar um filtro para não falar tudo que penso.

  - Ainda bem que você não completou, você estaria ferrada. E outra, a gente vai voltar. Bom mesmo que não sente nada por ele, se não já sabe né. - ela se vira e vai embora.

  Eu em. Como odeio esse tipo de pessoa. Já sofri muito por causa delas, porém aprendi muito com o meu sofrimento.

  Com o término das aulas, decido passar em casa e pegar meu violão para ir ao parque. Ainda falta muito tempo para o trabalho.

  Tem um lugar no parque que me faz sentir feliz, sempre que estou triste, inquieta, ansiosa ou com raiva. Ele simplesmente me acalma.

Descobri ele com 11 anos, eu estava brincando de esconde-esconde com minha irmã e o encontrei. Ele fica atrás de um monte de árvore. Da primeira vez eu fiquei com medo de me esconder aqui pela grande quantidade de árvores, mas o medo passou assim que eu vi o jardim com flores, e um pequeno lago. Nunca vi ninguém aqui, acho que sou a única que sei desse lugar.

Também tem uma grande pedra que faço de banco para cantar algumas músicas. Amo cantar e tocar. Adoro músicas dos anos 80 e 90.

Escuto um barulho estranho nas árvores. Viro-me bruscamente para ver, levo um susto ao ver um vulto. É um homem pela silhueta. Forço a visão e...

- Michael ? - ele sai de trás da árvore.- O que você está fazendo ? Como sabe desse lugar?

- Oi, eu te segui. Eu estava do outro lado do parque e te vi. Achei estranho você entrar no meio das árvores e te segui. E uau esse lugar é lindo. Não sei como nunca tinha o visto antes. Você canta e toca muito bem. - sinto minhas bochechas corarem.

- Você é algum tipo de psicopata pra ficar seguindo as pessoas- ele sorri e nega- Ah bom... hum...Obrigada. Não canto tão bem assim. E sim esse lugar é lindo e eu descobri primeiro, na verdade vai fazer 5 anos, então se poder tirar o cavalinho da chuva e se retirar eu agradeço.

- Não. Por acaso você comprou aqui? Acho que não em. - quem ele pensa que é, esse é o meu lugar. Aliás a gente já deveria ir para sua casa fazer o trabalho.

- Não, eu não comprei. Mas tenho mais direitos nele do que você. Esse é o meu lugar.- ele assente, mas sinto que essa história não acaba por aqui. Vamos.

Saio da pedra e atravessamos as árvores. Durante o caminho ele me fez rir algumas vezes. Chegamos na minha casa e continuei explicando a matéria para ele. Pelo visto ele tem dificuldades em todas.

- Você já pensou em usar aparelho nos dentes ?- eu não acredito que ele disse isso. - Você sorri muito, mas tem os dentes tortos.

- Eu te ajudo a estudar e você vem falar que os meu dentes são feios ? Por favor saia da minha casa agora. E mesmo não devendo satisfações a você, sim eu vou colocar daqui um mês - Eu também acho que os meus dentes estão tortos, inclusive já marquei uma consulta no dentista. Mas ele não tem o direito de falar que os meus dentes são feios.

- Eu só estou tentado ajudar. Você não deveria esperar muito, quanto mais tarde colocar mais difícil será reverter a situação.

- Só sai da minha casa, por favor.

- Nossa, você é muito estressada- ele reúne o material e sai.

Que raiva desse menino. Como a Ell pode gostar dele. De 5 palavras que ele fala, 4 são para machucar as pessoas em sua volta. Não sou de brigar com qualquer coisinha, mas esse garoto me tira do sério.