Passamos a nossa vida esperando um alguém. Alguém que faça sentir-se especial e alguém que eu consiga fazê-lo sentir-se especial, único. Que me ame da mesma intensidade. A vida se baseia na espera de alguém. Não deveria ser assim, mas é. Passamos os dias das nossas vidas esperando alguém aparecer para mudar tudo. Você pode pensar que não, mas sim. Sentir-se especial e torná-la especial. Cativar alguém e ser cativado. Amar alguém é uma dádiva, pois você se doa, não pela metade, mas por completo. Você confia todos os seus atos a alguém. Esperando que ela te salve caso algo der errado.
Mas no momento em que você perceber que esse alguém pode não aparecer a vida se torna cinza. Ela já não tem mais sentido. Perceber que ninguém vai te salvar. Perceber que a confiança depositada foi em vão. Perceber que tudo foi um engano. Isso machuca.
A sua metade pode estar por aí, mas chega num ponto em que as forças desaparecem. A força do acreditar em um amor puro, verdadeiro e real.
Quando você diz que alguém é importante você cuida dela eternamente, afinal você é responsável eternamente pelo aquilo que te cativas. Ninguém pode desconfiar do pequeno príncipe!
Ferir os sentimentos de alguém é um caminho sem volta. Nunca se sabe o que se passa. Podem até te perdoar, mas esquecer? Isso nunca, pois fica uma marca.
Os atos tem consequências, e a perda da confiança é a pior.
Gostaria de ser autossuficiente, mas eu não me amo, se eu me amasse eu não faria isso. Não tiraria minha vida. As vezes se afogar em algo, entrar de cabeça não seja a solução. Eu entrei de cabeça na descoberta do amor, porque eu realmente pensei que eu havia encontrado o alguém. Mas Michael não era esse alguém e eu nunca terei esse alguém por causa de outro alguém. O alguém pode torná-la apenas um alguém. Um ser indeterminado pra suprir algo. Ele me fez sentir assim. Se para amar alguém tem que passar por essa dor prefiro não amar, pois é uma dor insuportável.
Eu não estava em mim, no momento em que me atirei naquele lago. Eu estava na fase da negação. Não me lembrava de outras coisas, apenas dessa últimas semanas e por mais de tudo que tem me acontecido, eu havia esquecido. A minha infância acredito que foi a melhor, sempre tive meus pais por perto. Eu havia esquecido dos velhos tempos, do tempo em que minha mãe me abraçava e me dizia que tudo ficará bem.
Algo me puxa de um lugar totalmente branco. Acredito que seja minha mente ou algo do tipo. Se eu pelo menos tivesse mais uma chance de voltar a vida.
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- Tudo indica que foi um ato de suicídio. Muita água entrou nos pulmões, se não fosse aquele jovem rapaz não consigo imaginar o que teria acontecido. Ela não estaria, mas aqui. O que será que a levou a isso?- escuto uma voz feminina, não consigo ver o rosto, ainda estou me acostumando a claridade.
- O que aconteceu?- consigo encontrar a voz no meio de tanta secura na minha garganta.
- Oh, minha querida, sou Marta, a enfermeira. Você está no hospital. Não se preocupe. Irei chamar o médico, e daqui a pouco seus familiares poderão te visitar.- Por que estou no hospital? E porque ela estava falando de água no pulmão? Ela sai do quarto de hospital. Ela e outra mulher, provavelmente outra enfermeira.
Fecho os olhos e imagens vêm a minha cabeça. Vejo-me debatendo com a água. Lembro de agarrar em algo. Lembro de sentir minha cabeça explodindo. Lembro também de algo que me apavora.
Michael com Angeline.
Lágrimas surgem em meus olhos, minha garganta se torna mais seca do que a segundos atrás. Uma queimação avassaladora sobe pelas minha s costas.
Observo o quarto ao meu redor, essas imagens não saem da minha cabeça. É uma dor surreal, nunca imaginei que poderia senti-lá, pois vai além da imaginação.
Observo a porta atentamente. É apenas uma madeira, eu me sinto uma madeira. É engraçado pensar assim, mas é verdade. Eu sou apenas uma madeira, que foi imersa e passou a flutuar em um lago. Vazia. Sem esperanças. Ou que com uma simples chama incendei tudo ao seu redor. Talvez ele seja a madeira e me incendiou.
Fecho os meus olhos. E esfrego eles.
- Oi minha filha- abro os olhos e meus pais entram pela porta- estamos aqui, você quase nos matou, por que minha filha, por que?- minha mãe fala com lágrimas nos olhos.
- Por tudo mãe, tudo tem dado errado, eu pensei que talvez fosse melhor encerrar a minha tristeza com algo sem volta e eu me arrependo minha mãe. Eu esqueci dos bons momentos.
- Tudo bem. Estamos aqui agora. - meu pai diz, com dificuldades.- sempre seremos gratos ao Michael por chegar a tempo naquele lago.- não fale esse nome, por favor l.
- Como assim? - pergunto. Ele foi a principal causa disso, porque eles o agradeceriam?
- Pelo que parece, ele foi procurá-la no parque e viu o seu casaco na beira do lago, ele pulou e te encontrou. Ele não está nada bem, teve até que passar por médicos, ele estava bastante alterado emocionalmente.- devo agradecê-lo. Mas ele sabe que ele é parcialmente culpado. Na verdade a culpa não é dele é minha, por deixar ser influenciada.
Eu me tornei a Ell, cega por um menino idiota, que não é nada daquilo que imaginei, mas um menino que me salvou.
- Seus irmãos estão lá fora. Vamos dar licença para eles poderem vê-lá, eles vieram correndo assim que souberam. - meus pais abraçam- me- nós te amamos minha filha.
- Eu também amo vocês.
Eu não sei o que pensar em relação a isso. Ele me salvou, mas por qual motivo? Ele me enganou, quebrou uma parte no meu coração, a parte dele. Talvez seja pelo remorso. Ele deve ter ido me procurar depois de eu ter ficado sabendo de tudo o que aconteceu para por um fim, me dizer que era apenas um jogo, isso só pode ser um jogo, e tentar talvez tirar um peso das costas por brincar com os sentimentos de uma garota.
- Oi- digo os meus olhos para porta e meu coração congela, não estou preparada agora. Não consigo encarar os meu problemas de frente.
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Eu só queria te odiar
JugendliteraturAmy é a típica garota nerd com poucas amigas, que usa roupas largas, por vergonha de mostrar seu corpo e sempre pensando ser uma menina que os meninos não olhariam mais de uma vez. Sua melhor amiga é apaixonada por Michael, capitão do time de basque...