Capítulo 6

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Nunca pensei que nas festas realmente tivesse este jogo. Principalmente, nas do High School. Acho um pouco infantil e sem graça. E pelo que já vi nos filmes as pessoas são submetidas a desafios inapropriados e perguntas que invadem a intimidade. Eu não quero isso.

- Você vai jogar? - Jack me pergunta e eu nego com a cabeça. - Também não. Posso continuar a ti fazer companhia? - assinto- Aquela não é a Ell? - olho para o meio da multidão e vejo ela tropeçando nas pessoas. Corro até ela.

- Oi Amy, estava te procurando para jogar verdade ou consequência.- ela fala cambaleando para os lados. Ela bebeu. Nego com a cabeça, preciso levá-la para casa.

- Não, a gente vai para casa. Eu não acredito que você bebeu.

- Não, eu vou jogar e você também. - nego com a cabeça. - Então não vou embora. - ela chega perto do meu ouvido. - Essa é minha chance de beijar o Michael. - ela sussurra.- Só saiu daqui depois de jogar, vem. - porque eu não consigo dizer não para ela? Talvez seja pelo pouco de esperança que tenho nas pessoas para não pensar nas piores perguntas e desafios.

Falo para Jack que vou ter que jogar se não ela não vai embora. Ele compreende e fala que também vai jogar. Deve ter uma 20 pessoas jogando incluindo eu, Ell, Michael, Jack, Rebecca, Aisha, Angel e outras pessoas que não conheço ou nunca conversei.

A maioria das pessoas preferem escolher consequência. Inclusive Ell, ela foi desafiada a beber um shot de algo que não faço ideia do que seja. Odeio bebidas alcoólicas. Aisha foi desafiada a dançar uma música latina na frente de todos. Angel a beijar um menino que nunca vi na vida, eu nunca faria isso.

- Angel para Amy. - o menino que beijou Angel fala. O menino fala ao ver a garrafa parar apontando para nós duas. Sim, eu sou muito sortuda. Por que, Deus.

- Verdade ou desafio. - Angel me pergunta. Escolho verdade, acho que será menos pior. - Hum... com quantos anos você deu seu primeiro beijo? - o que eu falo? Eu nunca beijei, se eu disser isso todos irão me zoar, mas se eu disser que não sou tão inocente quanto pareço. Não sei o que responder.- Espera, você nunca beijou ? - assinto- tá brincando né- nego.- Cara, você está no ensino médio, isso só pode ser piada. É realmente uma pirralha- ela murmura a última parte, mas não foi tão baixo quanto eu gostaria que fosse.

Todos ficam em choque, mas o jogo continua. Eu não quero beijar qualquer um. Eu quero que seja especial. Com a pessoal especial, que faça me sentir única. O beijo ultimamente é muito marginalizado, o romantismo está acabando. Eu acredito que é através do beijo que duas pessoas se tornam uma só, é a partir desse momento que essas pessoas se conectam.

- Harry para Amy- só pode ser brincadeira, essa garrafa tá de marcação comigo. - Verdade ou consequência. Aposto que será verdade você não tem coragem de escolher consequência. - diz Angel, querendo me confrontar.

- Consequência- digo sem perceber.

- Eu te desafio a beijar o Michael na boca.- Harry diz.  Meu olhar encontra o de Michael e engulo em seco. Harry é o melhor amigo de Michael. Mais um imbecil e fútil.

- Não, eu não vou. - digo.

- É o jogo. Se você não fazer isso o castigo vai ser muito pior. - assinto. Não acredito que vou fazer isso. A Ell vai me odiar e eu não gosto dele, está  mais para o contrário. Por mais de termos nos aproximados por causa do trabalho eu não gosto dele desse jeito e não confio o suficiente para beija-lo. Olha para Ell e ela nega com a cabeça.

Michael se levanta e ele me oferece a mão. Eu pego na mão dele e me levanto. Olho nos olhos dele. Ele se aproxima e eu corro. Sinto algumas risadas, mas eu não me importo, não quero que o meu primeiro beijo seja assim.

Sinto algumas lágrimas pelo meu rosto. Por que eu estou chorando? Deve ser por causa da humilhação que acabei de passar. Se eu o beijasse, a Ell nunca iria me perdoar. E se eu beijasse mal? Ele provavelmente iria espalhar para todo mundo.

Passa mil coisas pela minha cabeça e quando percebo já estou em casa. Em alguns segundos já estou no meu quarto. O barulho de notificação soa pelo quarto e observo uma luz do celular acender entre os lençóis, pego o celular e deito na cama ainda com lágrimas por todo meu rosto. É uma mensagem de um número desconhecido. Desbloqueio o celular e entro no aplicativo de mensagens.

"- Hey, é o Michael! Sua amiga Aisha me passou seu número. Espero que não tenha importância. Você não deveria ter fugido daquele jeito. Eu não faria algo que você não quisesse."- fico olhando para a mensagem pensando no que responder. E depois para o teto do meu quarto. Fico alguns minutos intercalando o olhar para o aparelho e para teto pintando de azul com algumas estrelas. Eu gostava de imaginar que é o céu pintado era de verdade. Pensando em Andrômeda, a galáxia mais próxima da nossa, e imaginando como deve ser o lugar a milhões de anos luz da nossa Via Láctea. Imaginando o espaço entre nós.

"- Oi, desculpa ter fugido daquele jeito, não sabia o que fazer. Eu apenas não sabia o que fazer e sai correndo. Não me leve a mal, mas eu não queria te beijar"- consigo escrever e enviar ele não demora muito para responder.

"- Não levarei, você merece ter seu primeiro beijo quando e com quem você quiser, sem ser pressionada. O meu por exemplo, foi em um verdade e consequência e foi nada especial."

"-Obrigada, por me entender e sinto muito por isso."

"- Boa noite, Amy, até amanhã"

"- Boa noite, Michael."

Acabo adormecendo pensando eu tudo que me aconteceu nos últimos dias.

Eu só queria te odiar Onde histórias criam vida. Descubra agora