Capítulo 22

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Suas mãos estavam nos ombros de Angel, enquanto as delas estavam agarrando suas blusas. Segurando firme, como se fosse pra ele não escapar de suas mãos. Ela não precisa disso, ele sempre esteve nas mãos dela. Ele estava prensado na parede, ela em sua frente.

– Não– ele fala e afasta ela. Saiu correndo. Minha cabeça está girando. Meus pés parecem dançar. Não consigo manter o equilíbrio e acabo tropeçando em um dos bancos no vestiário. Olho para trás eles estão me olhando. Na minha frente estava Jack que se virou ao ouvir o barulho estrondoso, percebendo que eu não estava mais o seguindo. –Amy, não é o que você está pensando.

- NÃO É O QUE EU ESTOU PENSANDO ?- grito, com todo o ar nos meus pulmões- Por favor Michael, para. Eu não aguento mais. Por que eu?- Jack se aproxima de mim para me levantar.

– Sai de perto dela, Jack.

– Ele sai de perto de mim? Você que tem que sair. Você só me machuca.- mal consigo pronunciar palavras. É como se algo tivesse entalado na minha garganta. Eu estou cansada de chorar, eu não era assim.

–Não Amy, eu não queria, mas ela veio pra cima de mim. Me mostrou uma foto de vocês dois no corredor.- lágrimas também estão a escorrer seu rosto.– Eu te amo, Amy.

- E eu te odeio com toda a força de um buraco negro. Eu sou o espaço-tempo e você me deformou, agora eu sou um buraco-negro e te odeio com toda a minha força.- ele não consegue falar, nem eu sei se consigo mais- Mas não se preocupa, eu vou embora e você não vai mais me ver. Eu espero nunca mais te ver.- Me apoio no Jack e saiu correndo. Minha cabeça está a mil. Essa era a prova viva que eu precisava. Ele não me ama. Como ele poderia? Ele nem me conhece direito e eu não o conheço.

Tranco-me na sala do zelador, olho ao redor. O local é cheio de vassouras e produtos de limpeza. Me apoio na porta e sinto o peso nas minhas costas, fazendo com que eu escorregue até sentar no chão, abrançando meus joelhos logo em seguida.

Da primeira vez eu tive alguém para me salvar, mas agora não tem ninguém. Talvez realmente fosse mais fácil. Lembro-me da sensação horrível na água entrando em meus pulmões e o meu cérebro parecia eclodir. Talvez de outra forma fosse menos doloroso. Rápido e direto. Levanto a cabeça e olho para os produtos de limpeza.

Por que não?

Eu sou um buraco negro, tenho uma grande capacidade de atrair problemas, de ferir as pessoas e me ferir. Eu sugo toda a felicidade ao meu redor, e jogo fora a minha. Tudo no meu mundo é cinza. Eu sou cinza. Eu só queria que essa capacidade de fazer as pessoas e eu sofrer parasse. EU NÃO AGUENTO MAIS.

Estou cansada de sempre estar presente quando precisam e quando eu preciso ninguém está lá. Ninguém irá segurar a minha mão quando eu escorregar no alto de um abismo prestes a cair. Serei só eu e a minha vontade de lutar, que não tem sido muita. Eu vou cair e desaparecer.
Eu só queria que você pelo mesmos estivesse lá pra tentar me salvar, mas você não tava. Não mais, porque a maior culpa é sua. Você só pensa em si próprio e não nas pessoas. As suas atitudes tem grandes impactos, talvez você seja meu abismo.

Você também é o fim do buraco negro, você é a singularidade, onde o espaço-tempo deixa de existir. Onde eu deixo de existir.

Sinto o frasco de desinfetante já em mãos. O vidro é gelado. Lembro-me que um dia minha mãe me falou que por mais de existir mais contras do que pro ou vice-versa o que importa é o peso que cada pro e contra tem. Abro frasco e direciono a boca.

Não vale a pena. Eu sou mais forte que isso tudo. Os contras tem um maior peso, mesmo sendo poucos. Não posso fazer isso. Eu tenho que ser a minha salvação. Somente eu posso me salvar. Mas eu o amo. Eu o amo e não sem como não amá-lo. Com todas essas provas de que ele apenas me faz sofrer, eu não consigo parar de amá-lo.

Vê-lo beijando outra pessoa foi a pior sensação que eu já tive. Eu sei que ele não é meu e nunca será, mas ver aquilo tirou qualquer possibilidade de um dia sentir alguém para ser meu. Eu queria ter ele, mas eu não conseguia nem me ter.

Levo um susto quando a porta é pressionada fazendo eu me levantar.

– Por favor, me escuta– observo-o fechar a porta. Trancado nós dois naquele pequeno espaço.

– Eu não tenho o que ouvir, você me magoou. Desde aquele trabalho idiota a minha vida tem se tornando um inferno. Eu tentei tirar o bem mais precioso do mundo, a vida. E eu quase tento novamente e você me pede pra te escutar?... – ele me interrompe.

– O que você tentou fazer?- seus lábios estão entreabertos e sua expressão é de raiva.– Essa não é a solução Amy. Eu me senti um nada depois daquilo e pensei que talvez se eu realmente me afastasse as coisas ficariam mais calma. E tiver abraçada com o Jack do corredor me deixou muito atordoado. A Angel me mostrou a foto e se jogou pra cima de mim. Eu não retribui, eu juro. Eu afastei ela o mais rápido possível. Mesmo te vendo com o Jack eu não faria isso. Eu realmente gosto de você.

– Eu queria muito acreditar, mas eu não consigo. E eu só abracei ele, porque ele me contou que também iria pra Boston.- falo chorando.

– Me perdoa, as coisas têm sido difíceis porque estão querendo nos separar, mas... eu posso me mudar pra Boston com você?

– Seus pais não deixariam. E você me magoou. Mesmo te perdoando eu não sei se consigo esquecer.

– Eles não se importam, eu tento conversar com os seus pais de me deixarem ir com vocês, eu alugo algum apartamento, sei lá, mas por favor deixa eu ir. Eu vou arrumar uma solução. Você lembra do meu pedido que eu ainda tenho? – assinto– Namora comigo?

Vocês acham que ela deve aceitar ou não?

Eu só queria te odiar Onde histórias criam vida. Descubra agora