Capítulo 15

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– Vamos criar um toque só nosso?–pergunto para Ell, na saída do boxe.

– Vamos–ela diz com empolgação em suas palavras.– Como pode ser?– consigo ver seu grande interesse.

– Hum... estava pensando... A gente pode fingir que não nos conhecemos, caminhamos uma a outra em vez de tocar as nossas mãos em cima tocamos elas embaixo como se tivéssemos errado o toque.- Digo.

–Acho que entendi. Vamos tentar?– assinto. E assim é feito. Tentamos algumas vezes até conseguirmos prática.– É esse, ele é incrível.– Fazemos o toque de novo e um homem desconhecido  que passava pela rua nos parabeniza e diz que é um dos toques mais criativos que ele já viu.– Sempre nós duas! - ela mostra seu dedinho mindinho e eu mostrei o meu e os entrelaçamos.

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– Amy, a gente acabou dormindo, acorde, me bem! Seus pais devem estar preocupados.– sinto alguém dizer ao mesmo tempo que acaricia meu braço. Abro os olhos tentando acostumar-me com a claridade. Era Michael. Aí meu Deus. Não. Meus pais vão me matar. Retiro-me dos braços de Michael, desesperada. 

– Aí meu Deus...Hum... tenho que ir.– falo colocando os saltos e ajeitando meu vestido.

– Eu te levo.- nego com a cabeça. Meus pais não vão gostar nada de eu ter passado a noite fora. Já até imagino todo o discurso. Eles são liberais, mas deve ser porque não saio muito, portanto passar uma noite fora é outra questão, acho que eles não irão aceitar muito.

Abraço Michael e apresso os passos. Em poucos minutos já estou na porta da minha casa, encarando-a. O medo percorre pela minha espinha. Eles ficarão chateados, disso eu sei, talvez irão me julgar. Espero que acreditem em mim. Mas o que eu vou contar? A verdade, isso é óbvio.

Abro a porta. Eles estão sentados no sofá. Os olhares de preocupação viram-se para mim.

– Onde você estava? Estava querendo nos matar do coração, só pode. - minha mãe diz e meu pai concorda com a cabeça.

– Eu... estava no parque. Com o Michael. Depois do baile fomos para lá...

– Ele... não... te forço a...– meu pai me interrompe, mas corto-o.

– Não, ele não me forçou a fazer nada, se for o que acho que está me perguntando. Fomos para lá, ele leu um livro para mim e acabamos dormindo.- digo, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

– Vocês dormiram no meio do parque? Poderia ter acontecido algo.– minha mãe diz.

– Não. É um... esconderijo. Atrás das árvores tem um grande espaço, onde passa o lago. Eu o descobri quando brincava de esconde-esconde com minha irmã.– ele assente.- Era seguro, eu prometo.

– Ficamos muito preocupados, ligamos à noite inteira. Pensávamos que algo de pior havia acontecido. Não repita isso outra vez. Acredito que Michael seja um bom rapaz.– meu pai diz. Meus pais são realmente super compreensíveis. É bom ter a confiança deles.

Devia ter me despedido direito de Michael. Deixei-o sozinho no parque. Será que ele está bem? Provavelmente sim. Ele é forte. Acho que deveria ser mais carinhosa. Dou um sorriso de lado.

– Temos que te contar uma coisa.- meu pai quebra o silêncio que reinava.

– O que aconteceu?- pergunto.

– Faz alguns dias que... que consegui ser promovido de cargo na empresa. Porém eles me promoveram para diretoria em Boston. Serei responsável pelas decisões da empresa lá. E... e vamos ter que nos mudar– minha boca se abre, não consigo dizer nada, quando eles estava planejando me contar isso.– Sua mãe será a advogada da empresa. A nossa condição irá melhorar drasticamente.

– Quando vocês estavam pretendendo me contar isso?- pergunto com dificuldades.

– Há algum tempo, você não estava passando muito bem nessa última semana, você não conseguia nem
comer, queríamos te contar o mais rápido possível. Eu sei que você e a Ell estão passando por um momento difícil, mas tínhamos que te contar mesmo você ainda estando triste.- minha mãe se pronuncia.

- Não, vocês não sabem. As minhas melhores amigas me abandonaram. E a pessoa que eu menos esperava que um dia viera me magoar, me magoou profundamente. E agora vocês me falam que eu não vou poder ficar no lugar onde eu passei a minha vida toda? Eu não vou.- grito. Não queria gritar com meus pais, mas eles acham que sabe o que eu estou passando. Posso não demonstrar muito os meus sentimentos e tentar ver o lado bom de tudo. Se eu me mudar não poderei fazer as pazes com a Ell. Eu realmente acredito que um voltaremos a ser amigas. Eu a perdoaria. E ela estaria feliz por eu estar feliz com o Michael. Eu acredito profundamente nisso. Eu realmente amo o Michael, parece rápido demais dizer que o amo, mas o ódio que eu sentia ao olhá-lo se transformou em amor.

– Filha, você tem que ir. Não vamos deixá-la sozinha aqui. Você tem apenas dezesseis anos.- meu pai diz.

– Posso ficar com o vovô e a vovó. – digo. As lágrimas só aumentam.– E será bom para mim, estarei me preparando para a faculdade. Vocês sabem que terei que ser independente lá.– tento convencê-los.

– Seus avôs não tem condições de cuidar de você, muito pelo contrário eles precisam de alguém para cuidar deles e esse alguém não é você. Você só tem dezesseis anos.- ele fala minha idade com ênfase.

– Pensei que confiassem mais em mim.– não espero as respostas deles, apenas saiu correndo. Eu sei que eu tinha que começar a enfrentar os meus problemas de frente, mas não consigo. O que vou fazer agora?

Não penso duas vezes para onde devo ir. Ela talvez possa me ajudar. Ela é minha amiga, só estamos passando por um momento difícil. Em alguns minutos já estou na casa dela. Bato na porta sem pensar duas vezes.

–Hey, Amy! O que faz aqui? Você está chorando, querida?– Não é a Ell que atendeu a porta e sim sua mãe, a senhora Carter.

– Oi Senhora Carter, Eu vim procurar a Ell, ela está?– ela nega com a cabeça.

– Ela saiu com a Rebecca, a Aisha e outras meninas, pensei que você iria se juntar a elas. Você está realmente bem?

– Ah sim, estou bem sim, obrigada pela atenção. Tchau senhora Carter.

– Tchau Amy.– me viro, para ir em direção ao parque, lá é um ótimo lugar para pensar. Não sei o que deu na minha cabeça de vim procurá-la. É claro que ela está com a Angel. É difícil não te-lá por perto, ela saberia me consolar.

Não quero pensar no fato da minha mudança. Não sei o que posso fazer. Como vou deixar o Michael? Como vou fazer as pazes com a Ell?

Dizem que o ser humano está apto a adaptar-se a mudanças, mas não sei se estou preparada. Sempre vive aqui. Por mais de Massachusetts, estado onde está localizado a cidade de Boston, ser o estado vizinho de Connecticut, onde eu vivo no interior, e Boston ser um cidade do litoral, a distância só se amplia. Como irei conversar com a minha família? Tudo bem que tem esse meios de comunicação, mas nenhum é igual ao cara a cara. Provavelmente todos irão me esquecer.

– Que raiva– grito sentando-me do lado da pedra. Espero que esse lugar me ajude a colocar as ideias no lugar. – Eles não podem fazer isso comigo- choramingo.

O que mais me preocupa é abandonar o Michael. Talvez o que sentimos não seja amor, apenas uma paixão que será desgastada com a distância. Talvez se for apenas paixão não irá doer tanto. Mas creio que não. Eu o amo. Ele me ama.

Na verdade eu não sei o que é amor! Acho que seria mais fácil se ele não tivesse dito que me ama. Assim eu talvez não saberia o que é amá-lo.

São tantos talvez!

Tenho apenas um mês para colocar tudo no lugar. Ou tentar convencer os meus a me deixarem. Eles nunca fariam isso. Sou muito nova para eles. Eu não quero ir e vou fazer de tudo para ficar.

Eu tenho medo do que possa acontecer em um mês. Mas quero acreditar que será algo bom!

Eu só queria te odiar Onde histórias criam vida. Descubra agora