Marta deu dois toques na porta do banheiro e a abriu sem esperar resposta, afinal, haviam sido marido e mulher um dia, por mais absurdo que ela achasse o fato agora!
— Pelo menos para uma coisa isso serviu. A sua barriga desapareceu. Realmente estava precisando._não se conteve._Poderia dizer que até está parecendo com o Toretto (Vin Diezel), daquele "Velozes e Furiosos" que você adora, mas não vou fazer isso com o pobre coitado, pois debaixo dessa aparência encontra-se um torturador.
João não respondeu. Ficou imaginando por quanto tempo ainda ela o atormentaria.
— Vi que abandonou os cigarros.
— Daniel é alérgico a cigarros. —disse sério fechando a torneira e começando a se enxugar.
— Que fofo! — ela atacou novamente. — Está se auto-punindo. Primeiro tirou a cabeleira, barba e bigode...agora abandonou o cigarro...devo supor que não voltará a beber, acertei? O próximo passo será o celibato?
— Achei que você sempre desejou que eu largasse os meus vícios.
— Só lamento que não o tenha feito quando ainda estávamos casados. Teria evitado todas aquelas brigas. Talvez precisasse de uma motivação maior...tipo um crime monstruoso nas costas. Porém, fazer greve de fome te deixará fraco e aí não terá como ajudá-lo. Daqui a pouco irá desmaiar sobre o infeliz, porque não te vi tocando na comida e está cheio de olheiras.
— O fogão nunca foi o seu forte, Marta. Garanto que não estou me esforçando para fechar a boca.
— É claro. Acho que serei obrigada a trazer alguns de seus pratos preferidos lá daquele restaurante perto de casa. Sinto que terei que mimá-lo a contragosto se quiser ter um ajudante ativo ou logo irá desabar em cima do Daniel.
— Deixe alguma coisa para dor muscular, também.
— Pro Daniel? — perguntou Marta.
— Não, pra mim. Daniel me pediu pra dormir na cama, junto dele. Ele tem a mania de se agarrar e se enroscar em mim, quase todas as noites. Às vezes gruda que não solta. Fica difícil relaxar desse jeito._esclareceu.
— Talvez se te arrancassem logo a mãe e a namorada e te abandonassem alguns dias sozinho numa casa abandonada pra morrer te fizessem se agarrar na primeira pessoa que demonstrasse querer te ajudar. — disse a médica com rispidez.
Maurício passou por ela enrolado numa toalha azul.
Marta lembrou-se o porquê tinha se apaixonado por ele olhando o corpo atraente do ex-marido agora que ele se livrara do excesso de barriga que adquirira com a bebida. Notou também que a cabeça raspada e a ausência da barba e do bigode davam a ele um certo charme, um aspecto mais limpo e bem cuidado. Viu quando ele jogou as lâminas no cesto e percebeu que ele tinha usado a lâmina não só no rosto, mas também na cabeça. Sabia que ele temia que Daniel o reconhecesse e o ligasse à imagem do homem que o espancara e ela tinha que admitir que ele realmente estava irreconhecível, até mesmo pela postura que adotara de falar manso e compassadamente na presença de Daniel.
Ficou imaginando se ele voltaria ao que era antes quando tudo aquilo acabasse.
— Estava conversando com ele. Disse que usava óculos, que não enxerga nada sem eles. Acho que não precisa se esforçar tanto no seu disfarce, Maurício...
— João...o meu nome agora é João, espero que não se esqueça disso. — alertou Maurício seriamente deixando a toalha cair e vestindo a cueca branca na frente da ex-esposa.
Ficou imaginando se o ex-marido notara que a visão mexera com ela. Tentou disfarçar.
— João...realmente acho que você fez bem em mudar de nome, porque realmente o Maurício que eu conhecia não existe nessa casa. Espero que ele não volte tão cedo...pelo menos enquanto aquele coitado estiver por perto.
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VOCÊ ME PERDOA, AMOR?-Armando Scoth Lee-romance gay
RomansaIMPRÓPRIO PARA MENORES DE 21 ANOS! Maurício não podia acreditar no que ouviu: alguém matara Lúcia, a mulher da sua vida, de maneira covarde! Maurício não podia acreditar no que viu: Daniel, o filho de Lúcia, o principal suspeito do assassinato da p...