thirteen papers, two legs

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❝Você não precisa se preocupar com o peso porque nós podemos ser amados do jeito que Deus nos fez.❞

...

Meus olhos castanho-escuro percorreram todo meu torso, desde as clavículas expostas até as costelas; os hematomas eram doloridos e feios. Além das marcas, eu sou gorda. Meu corpo é horroroso. Eu sou horrorosa, pensei, nem um pouco parecido com as garotas do meu colégio. Elas eram bonitas, esbeltas, simpáticas...

— Sana? — Chaeyoung me chamou, do lado de fora.

— Já estou indo, Chae — falei baixo.

— Tudo bem. Vou te esperar lá embaixo.

As lágrimas escorreram pelas minhas bochechas. Por isso Dahyun não gostava de mim. Como um coração como o dela poderia se apaixonar por um coração como o meu? Afastei os olhos do espelho e deixei o restante de minhas roupas espalhadas no chão do banheiro. A água do chuveiro estava quente, como eu gostava. As gotículas de água misturaram-se às lágrimas, ambas sendo levadas para longe.

[...]

— O que aconteceu?

Olhei para a minha amiga, confusa. Ela estava com os olhos focados no trânsito. Moveu o olhar rápido dos carros para mim, demonstrando preocupação.

— Nada — tossi. — Por quê?

— Não sei... Sinto que tem algo errrado, sabe?

— Eu estou bem, Chae. De verdade.

A morena mordeu os lábios, sem saber muito bem o que fazer.

— Tudo bem — concordou, relutante. — Mas, se você precisar de mim...

— Eu falo com você, eu sei — sorri, colocando um mão sobre a sua, fazendo um leve carinho. Ela relaxou um pouco. — Então... — mudei de assunto. — como está a Mina?

Ao pronunciar o nome da minha prima, a menina arregalou os olhos e pisou no freio, parando o carro de repente. O veículo de trás bateu no nosso levemente e logo ouvi os xingamentos. Chaeyoung resmungou algo em tom baixo, acelerando novamente.

— Mina? — disse. — Não sei. Deve estar bem.

— Ela me falou que vocês saíram ontem... — provoquei.

— É? — me olhou de lado. — O que ela disse, exatamente?

— Uh, ela não me deu detalhes — dei de ombros.

— Ah...

— Eu não te entendo, Chaeyoung. Ela gosta de você, você gosta dela...

— Eu não gosto dela!

— Ah, qual é — revirei os olhos. — Eu me lembro do dia em que vocês se conheceram, Mina te olhava como se você fosse uma espécie de deusa grega e você a olhava apreensiva, acho que já sabia que teria que proteger seu coração do dela.

— Isso... Isso não é verdade — murmurou. — Nós somos amigas.

— Eu queria saber a história de vocês.

A outra olhou para frente.

— Mina e eu não somos feitas uma para o outra, Sana — suspirou.

— Mas...

— Chegamos — anunciou, estacando com o carro na frente do jornaleiro.

Ao ver o aquele local, o nervosismo percorreu minhas veias, fazendo minhas mãos suarem. As janelas de vidro eram as mesmas: mostrando televisões velhas transmitindo as notícias, jornais e CD's de bandas dos anos oitenta. Lá dentro, percebi uma pequena movimentação. Era Dahyun atendendo algum cliente. Ela sorria, o que era raro, e constatei o quanto a menina gostava de seu emprego.

— O médico já a autorizou a voltar a trabalhar? — Chaeyoung me perguntou.

— Não.

Dahyun virou-se para mim assim que entrei, o lugar já estava vazio. Eu sorri. Não sei porquê, exatamente, mas, sorri. De orelha a orelha. Dahyun sorriu também, mas era aquele seu sorriso irônico característico.

— Olá, Sunny.

— Olá, Dahyun.

XX

Happy Chaeyoung day! 🐯🍓

Beijinhos <3

nina; saidaOnde histórias criam vida. Descubra agora