no legs, twenty papers

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— Feliz aniversário.

Dahyun abriu seus olhos, focando-os em mim depois de alguns segundos. Um sorriso formou-se em seus lábios. Ela virou-se para mim, sonolenta.

— Você se lembrou — comentou.

— Como poderia esquecer?

Ela iria me beijar, porém, pareceu pensar melhor e afastou-se.

— Você sabe que não podemos fazer isso sem conversarmos sobre tudo o que aconteceu — falou.

— Eu sei — toquei o seu rosto.

— Isso parece tão errado... — murmurou. — Quero dizer, eu não posso... Não posso te dar o futuro que você merece, Sana. Nunca vou poder te tocar como eu quero tocar. Estar com você é te prender a alguém que não sabe quanto tempo viverá. Que qualquer gripe, por menor que seja, pode matá-la. Eu te prenderei em um só lugar. Você terá que me levar ao médico pelo menos duas vezes ao mês. Terá que preparar minhas refeições. Terá que me dar banho e ajudar a me vestir. Você entende, Sana? Entende por que tive que fazer isso? E que sinto muito por estar aqui, limitando suas opções?

Era impressionante: eu estava chorando pra um caralho e Dahyun, não. Ela sempre guardou todos as raivas, armaguras, vitórias e sonhos dentro de uma caixa trancada. E mesmo depois de tudo que passamos juntas, eu continuava a me perguntar se algum dia encontraria a chave que consegue abrir essa fechadura.

— Eu não me importo com isso — falei. — Você tentar se afastar de mim não vai fazer com que eu pare de amar você.

Ela suspirou e me puxou para perto. Permaneceu em silêncio por um tempo.

— Sabe, você deveria agradecer a sua prima — falou, sorrindo. Esse era o modo da garota de contornar dialógos muito sentimentais, já que a mesma nunca sabia muito bem como reagir a eles. — Foi ela que me fez vir até aqui.

— Mina? — indaguei, curiosa. — O que ela te disse?

— Ela me fez perceber que manter nós duas separadas vai ser pior do que nos manter juntas.

— Não diga isso, ok? Nós não somos um erro.

Ela encostou seus lábios nos meus. Dahyun odiava discutir comigo e seus beijos eram sempre uma maneira de me calar.

Porém, pelo jeito que seus olhos focaram-se em mim depois, eu sabia que aquela era a primeira de muitas vezes que teríamos aquela conversa.

[...]

Eu estava no carro, esperando por Dahyun. Iríamos jantar fora, no centro, para comemorar seu aniversário.

Momo apareceu no gramado, empurrando sua cadeira de rodas. Ela estava... Perfeita. Como sempre. Nós estávamos perfeitos.

— Quero ela em casa até às dez, certo? — Momo falou.

— Pode deixar, mamãe — brinquei.

Momo sorriu. E passou a mão pelo meu cabelo, bagunçando-o.

— Ei! — protestei.

Ela riu.

— Tchau, Sana — piscou.

Dahyun estava sentado no banco ao meu lado, e a cadeira de rodas estava guardada no porta-malas.

Liguei o rádio. Nina, do Ed Sheeran, soou pelo carro.

— Aumente o volume! — Dahyun pediu. — Oh, Nina, you should go, Nina.

A voz dela era o meu som favorito.

— Sabe, essa música me lembra um pouco a gente — ela disse.

— Ah, é? — sorri. — Bem, talvez ela tenha sido escrito pra gente.

Ela pareceu a amar a idéia.

É, eu também gostei um pouquinho.

Eu queria ter dito mais coisas para ela.

Mas, já era tarde demais.

— SANA! CUIDADO!

Essas foram suas últimas palavras antes de tudo acontecer.

[...]

— Ela ficará bem, senhora Minatozaki. Apenas alguns arranhões e umas costelas quebradas. Digo, poderia ter sido muito pior — a voz do médico estava tão, tão, distante. — Sua filha teve muito sorte, uma pena que não posso dizer o mesmo sobre a garota que estava com ela...

[...]

— Acho que ela está acordando!

— Ah, Sana, meu amor — minha mãe estava chorando. — Como você está?

— Onde está Dahyun? — quase grito. — Onde está a porra da minha namorada?

— Sana...

Eu saí do quarto antes que ela pudesse me responder. Empurrei qualquer pessoa que estivesse no meu caminho, cega pelo desespero. Estava doendo para andar, porém, não conseguia parar de correr.

Encontrei Momo na sala de espera, e a agarrei pelos ombros.

— Onde ela está? — exigi saber. — Por favor, só me diga onde ela está!

Um médico se aproximou de nós.

— Vocês são amigos de Kim Dahyun? — ele não espera nossa resposta. — Ótimo. A acidente provocou algumas contusões em seu cérebro e ainda é difícil dizer, mas... Bem, digamos que nosso corpo funcione como um sistema de computador. O de Dahyun acionou o comando "restart".

— O que você quer dizer com isso? — Momo perguntou.

— Quero dizer que o cérebro dela "esqueceu" que ela é paraplégica — sorriu. — Quero dizer que com um pouco de tempo e exercícios... Talvez ela possa andar novamente.

Momo deu alguns passos para trás, como se tivesse acabado de levar um tapa.

— É claro que há o lado negativo também...

O som de rodinhas sendo arrastadas pelo solo chegou aos meus ouvidos. Virei-me para trás. E lá estava ela. Com uma careta no rosto, olhando irritada para as roupas de hospital.

— Dahyun...? — falei, em um sussurro.

Ela ergueu seus olhos escuros até mim.

— Senhorita, eu não...

— Dah? — dei um passo para frente.

Ela comprimiu os lábios.

— Sana... — Momo tentou avisar.

Dahyun disse algo depois de alguns segundos:

Me desculpe, eu conheço você?

XX

É isso, gente. The end.

Como vcs viram, o final não é feliz. Quando eu li nina pela primeira vez, já adaptada por outra pessoa, eu fiquei mt envolvida com a fanfic e tudo mais. E então pensei: pq não adaptar?

Vocês podem fazer que nem eu fiz, sabe.... Imaginar a continuação dessa história mais pra frente. A minha imaginação é bem fértil kkkkkk

E muito obrigada a todos vocês que leram e acompanharam aaaa sério, amei ler cada comentário <3333

Beijos de luz <333

nina; saidaOnde histórias criam vida. Descubra agora