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Jasmine Pov

   Já faz cinco meses que eu não vou na Maré, cinco meses que não vejo ninguém depois do que aconteceu, só falo com o Pqd e a Vanessa que me ligam todos os dias pra saberem como eu estou e pedindo pra ir ficar com eles.

   Cheguei em casa cansada, passei o dia querendo minha cama. Tomei um banho relaxante pra tirar todo o estresse do dia e coloquei meu pijama, me joguei na cama pegando meu notebook, precisava fazer umas pesquisas.

   Nesses cinco meses muita coisa mudou, sai da casa da minha mãe de novo e agora moro em uma kitnet, só tem o quarto, a cozinha é minúscula e o banheiro a mesma coisa, mas só pra mim está ótimo.

   Meu chefe agora me tratava com respeito, única coisa boa que o Falcão fez por mim. Sinto falta dele? As vezes, mas eu me amo muito mais pra correr atrás de um cara que fodeu a minha vida, por causa dele eu perdi o meu bebê.

- Fala Tuan. - falei assim que atendi sua ligação, mas ninguém respondeu do outro lado, ele às vezes também me ligava - Chapado de novo?

   Estranhei ele ficar em silêncio por minutos, logo depois a ligação foi encerrada. Tentei ligar, mas só deu desligado então preferi não ligar mais e esperar ele ligar, voltei para a minha pesquisa de apartamentos e ele ligou de volta.

- Vai falar dessa vez? - perguntei.

- Tk tá precisando de tu. - ouvi a voz do Falcão e fechei meus olhos com força.

- O que houve? - perguntei colocando no viva voz e coloquei uma roupa.

- Tem como tu vir? - perguntou.

- Marca dez. - respondi.

   Depois da briga com a minha mãe eu fui pra kitnet que o Tuan tem perto do morro, mas ninguém sabe de mim, eu fico trabalho e casa, casa e trabalho. Melhor assim, então ninguém sabia onde eu estava, peguei a chave da minha bebê e parti pra Maré.

   Passei voando pela barreira, foda-se se fosse morrer. Acho que todos já me conhecem, até porque o que o Falcão fez comigo foi visto por todos, dei uma freada em frente a boca chamando atenção dos caras e tirei meu capacete.

- Cadê o Tk? - perguntei séria.

- Na casa dele. - um deles respondeu.

- Teu chefe tá onde? - perguntei e ele apontou pra sala - Pega o celular do Tk lá pra mim.

   Ele ficou um tempinho me olhando e levantou no momento que cruzei meus braços, algumas pessoas passavam cochichando e logo o grupinho parou do outro lado da rua me olhando, apontaram e começaram a rir, respirei fundo e o Falcão apareceu.

- Vai lá e depois tu volta aqui. - falou e o encarei de cima a baixo - Preciso bater um lero contigo.

- Tenho nada pra bater contigo não. - falei ligando a moto - Dá o celular dele aí.

- Na volta. - falou e coloquei meu capacete.

- Enfia ele no teu cu. - falei antes de acelerar com tudo.

   Cheguei na casa do Tuan deixando minha bebê na calçada, deixei meu capacete em cima dela e peguei a chave, os garotos que estavam ali na frente iriam vigiar e aí deles se sumissem com os meus bebês.

   Sai entrando e vi o Pqd do lado do Tuan que chorava pra caralho, senti um aperto muito forte no peito e o abracei, pra ele chorar algo grave aconteceu, última vez que o vi chorar foi a anos quando o pai dele morreu.

- O que houve meu amor? - perguntei e ele me apertava - Pqd, o que aconteceu?

- Teve invasão ontem a noite. - falou, ele parecia abatido - A tia estava voltando do trabalho.

- Aí meu Deus! - senti que meus olhos transbordaram na hora e abracei Tuan mais forte.

- Ela se foi Jasmine, minha coroa me deixou! - falou se afastando enquanto o Pqd falava tudo direitinho - Eu não pude fazer nada mano, nada por ela.

- Onde ela está? - perguntei.

- Levaram ela pro iml, precisa fazer o reconhecimento e tal. - Pqd falou e olhou pro Tuan - Mas ele não pode ir.

- Eu resolvo. - falei me afastando deles.

   Passei por cima do meu orgulho e liguei pra minha mãe, contei tudo o que o Pqd me contou, ela começou a chorar junto comigo. Ela queria ver o Tuan então falei que ia ter que subir o morro e ela aceitou de boa.

- Libera a entrada da minha mãe. - pedi pro Pqd e em seguida falei a placa dela.

- O que ela vai fazer aqui? - Tuan perguntou passando a mão no rosto.

- Te ver, tu sabe que mesmo sendo errado ela ainda gosta de tu. - falei e ele deu um sorriso fraco - Não só ela como a família toda, todos sentem tua falta.

- Já pedi pra liberarem. - Pqd falou guardando o rádio e me olhou - Falcão pediu pra tu ir lá.

- Não vou, Tuan precisa de mim. - falei e ele negou rindo.

- O que falam é verdade? - perguntou e o encarei confusa - Que tu tava esperando o herdeiro.

- Quem falou isso? - perguntei e ele disfarçou antes de apontar pro Tuan.

- Acho que ninguém fora nós três sabe. - falou.

- É verdade. - falei e ele me encarou sem reação - Ele sabe desse "boato"?

- Não e vai ficar doido quando souber. - falou e dei de ombros.

- Foda-se. - falei.

   Ele foi pra boca e continuei ali abraçada com o Tuan que agora ficava vendo as fotos que eu tinha no meu celular, fotos nossa, da mãe dele, dela com a gente. Quase duas horas depois a minha mãe entrou sendo seguida pelo Pqd e o Falcão.

- Oh meu filho. - ela falou antes de abraçar o Tuan que voltou a chorar - A tia está aqui meu filho, a tia está aqui.

   Fui pra cozinha deixando eles lá e o Pqd entrou com o Falcão, me apoiei na pia cruzando meus braços enquanto ouvia o choro do meu amigo. Não consigo imaginar a dor que ele está sentindo, Pqd se aproximou me abraçando e senti o olhar do Falcão em nós dois.

- Dorme aí com ele hoje. - falou no meu ouvido - Ele está precisando de tu.

- Não se preocupa. - falei e ele sorriu - Ainda tem roupa minha aqui né?

- Tem sim, está lá em casa. - respondeu.

- Mec. - falei voltando a cruzar meus braços.

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Neurose MinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora