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Jasmim Pov

   Acordei sentindo uma puta dor nos braços, me amarraram forte e de tanto tentar me soltar tenho certeza que estou machucada. Olhei para o corpo da Luize e fechei os olhos, maldita hora que sai do morro.

   Era pra ser só mais um almoço, mas foi tudo do nada, surgiu uma van da casa do caralho, homens desceram, vi quando bateram no Jaime fazendo-o desmaiar e depois não vi mais nada, só senti meu corpo se chocar contra algo gelado e ouvir o grito da Luize.

   Estou com sede, com fome e preocupada com os meus filhos, o pouco que ouvi aqui percebi que eles estão dispostos a acabar com toda a minha família, para que ninguém tenha direito ao lugar do meu pai, ouvi eles falarem que ele está morto, mas me recuso a acreditar nisso.

- Sua comida. - um homem entrou no quarto e o encarei - Iremos tirá-la daqui.

- Por que fizeram isso? - perguntei o mais calma possível - O que querem?

- Jaime não sabe como liderar, seu pai cometeu um erro ao escolher ele como sucessor. - falou e respirei fundo.

- Meu pai está morto? - perguntei e ele concordou.

- Ele cometeu erros graves. - falou e neguei - Sabemos que seu marido tem poder por aqui, queremos fazer um acordo.

- Acha que ele vai querer acordo, quando souber do meu pai? - perguntei irritada, nervosa, com vontade de chorar - Vocês estão loucos, ele não vai aceitar um acordo tão fácil assim, ele vai vir atrás de vocês, de todos vocês!

- Não queremos fazer com você o que fizemos com ela. - apontou para o corpo da Luize - Então vocês serão obrigados a aceitar o acordo.

- Vocês mataram o meu pai! - falei alto e recebi um tapa no rosto.

   Ele saiu do quarto e eu joguei a bandeja com a comida longe, senti uma raiva enorme e chorei. Eles mataram meu pai por poder, eu posso perder o Saulo pelo mesmo motivo, meus filhos, tentei respirar fundo, mas não consegui, eu só pensava nos meus garotos, nos meus meninos.

- Faz alguma coisa Saulo, por favor, me ajuda. - pedi baixo - Por favor.

   Acordei ouvindo vozes e vi que estavam tirando o corpo da Luize dali, não sei quantos dias passaram, mas sei que foram alguns, pois o corpo dela começou a se decompor, faz uns três dias que não como, me recuso.

   Sentia minha cabeça girar, o homem voltou e tentou conversar comigo, na verdade ele só falava e eu escutava, porque eu não respondia, ficava quieta apenas ouvindo e pedindo para que o Saulo não tivesse me esquecido e estivesse agindo.

- Jaime entrou em contato. - outro homem entrou no quarto - Querem negociar.

- Jaime pode ser covarde, mas o Falcão não, ele não vai deixar barato a morte do meu pai. - falei e ele olhou - E outra, meu pai não tinha apenas o Jaime como filho, ele era o único de sangue, mas não o único de coração.

- O que quer dizer com isso? - perguntou preocupado.

- Quero dizer, que vocês arrumaram uma guerra com quem não devia. - falei.

   Sei muito bem que o Tuan iria fazer o Saulo juntar todos os aliados possíveis para me resgatar, para vingar a morte do meu pai. Ele sempre foi tratado como filho e quando se reaproximou, meu pai deixou claro que ele também era parte da família, que ele também era um dos herdeiros dos Lynn.

   Não sei onde estou, o quarto é totalmente fechado, não tem iluminação de fora, apenas da lâmpada. Era raro alguém vir aqui, apenas o homem que ainda não sei o nome que vem e fala algumas coisas, desde o dia que o ameacei ele não veio mais.

Neurose MinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora