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(…)
" — Está vendo o céu? — Lembro dele apontar o dedo para as estrelas, eu fiz que sim com a cabeça enquanto olhava a beleza das estrelas fascinado. — Cada uma delas é alguém especial que já não está mais aqui. Eles estão lá em cima Everton, nos protegendo… E você pode ter certeza, que a estrela mais brilhante de todas é sua tia, que está olhando por você."
(…)
Assim que eu abri a porta meus olhos se arregalaram e meu coração acelerou, eu não estava acreditando no que estava vendo.
Eu entrei dentro da casa de madeira ainda sem acreditar no que via.
Eu ouvia o choro de Adhara que vinha atrás de mim, e ela sussurrava "desculpas" a cada instante.
Eu me aproximei, ainda perplexo, meu coração estava quase saindo pela boca.
Acontece que, quando abri a porta daquela casa eu tive uma visão horrível. Havia um corpo, jogado no chão daquela cabana, estava apenas os ossos, a roupa e o cabelo, e aquele corpo que já estava ali a muito tempo, era da mesma garota que estava atrás de mim.
Adhara estava morta! Eu não estava entendendo o que eu estava vendo, eu estava cara a cara com o corpo dela, seus cabelos ruivos eram inconfundíveis, e aquele vestido azul… Era a prova que era ela.
As lágrimas escorriam de meu rosto e eu não entendia nada.
Até que virei para trás, ainda assustado, e lá estava ela, em pé, de cabeça baixa, chorando.
— O que… — A voz quase não saiu. — O que significa isso?
Foram alguns instantes em silêncio, enquanto eu olhava o corpo atrás de mim e ela ali, na minha frente, com a mesma roupa.
— O que significa isso? — As lágrimas continuavam a escorrer enquanto eu fui até ela e toquei em seus braços, eu precisava senti-la. — Você está viva! Eu sei! Eu posso te tocar, está vendo?
Eu disse desesperado, enquanto ela apenas chorava, eu estava louco! Era a única resposta! Eu olhava para o corpo atrás de mim e a tocava, sentindo seu corpo quente.
— Everton… — Ela levantou a cabeça. A chuva continuava a cair lá fora, e eu apenas conseguia toca-la, sentindo que ela estava viva.
— Me diz que aquela ali atrás não é você Adhara, me diz! — Eu começava a chorar compulsivamente. — Me diz!
Ela e eu, ambos naquela situação, não conseguíamos falar, apenas choravamos, eu coloquei a mão dela em meu braço.
— Me toca Adhara! Me prove que você é real! Me prove que eu não estou louco, por favor! — Eu disse em desespero enquanto ela continuava calada.
— Eu nasci com uma doença rara Everton… — Ela começou, era estranho ouvir a voz dela, vendo que lá atrás estava seu corpo. — E meus pais nunca me deixaram sair de casa desde que sai quando pequena, e quase morri.
— Eu estou louco! — Eu apenas chorava.
— No dia 9 de outubro eu decidi fugir, eu precisava descobrir como era o mundo lá fora Everton… Eu sai… Com a intenção de nunca mais voltar.
— Eu sei… Você está se escondendo aqui da sua família... Eu sei… Você só por conhecidencia encontrou esse corpo aqui e não teve coragem de falar para ninguém não foi? — Eu estava fora de mim.
— Eu passei a primeira noite aqui… Porém nessa mesma noite eu já peguei uma forte gripe Everton… Foi tão forte que eu não conseguia me levantar… — As lágrimas continuavam a escorrer. — Eu passei três dias aqui, sem comer, e sem beber Everton… Até que no dia 11 de outubro…
— Não... — Eu comecei a chorar compulsivamente novamente.
— Eu morri.
— Não... Isso é mentira! Você não é um espírito Adhara! Eu posso te sentir!
— Por algum motivo o universo me deu uma segunda chance… Eu não sei se você acredita em algum Deus, mas somente um poderia me trazer de volta.
— Eu não consigo acreditar em nada! — Eu olhava para o corpo que estava atrás de mim, até que eu caí, fiquei sem forças e me encostei na parede, ficando ao lado do corpo.
Ela sentou ao meu lado, ainda contando.
— Eu tive uma segunda chance para que encontrassem o meu corpo e eu pudesse ter paz do outro lado Everton… E exatamente por isso, naquela mesma noite do dia 11 você viu uma estrela caindo no mar, e foi dessa maneira que eu conheci a primeira pessoa fora da minha casa.
— Isso tudo é mentira, se você é um espírito, como… Como o Pedro te viu? — Eu chorava olhando para o corpo do meu lado.
— Eu deveria voltar até aqui para levar alguém até onde estava meu corpo, já que quando enterrado, eu poderia finalmente ficar bem.
— E por que? Por que você continuou? Por que você continuou ao meu lado? — Eu continuava a chorar.
Ela se aproximou ainda mais de mim, olhando no fundo dos meus olhos enquanto a chuva caia lá fora.
— Porque eu me apaixonei por você, eu vi em você algo tão belo que eu nunca havia visto em vida. Eu vi amor de verdade, carinho de verdade.
— Você deveria ter me trazido até aqui… — Eu tentava enchugar meu rosto.
— Qual o sentido da minha alma estar livre, se estar livre significa ficar longe de você para sempre?
Ela sentou ao meu lado, em silêncio, enquanto eu apenas conseguia chorar e tentar digerir tudo aquilo.
Foi então que eu a olhei novamente, e vi que aos poucos ela estava desaparecendo, e enquanto ia sumindo, dava para ver que estava se transformando em uma espécie de poeira, ela me olhava, e ela continuava chorando, eu me levantei junto a ela enquanto ela começava a desaparecer.
— Você estava certo, Everton. — Ela disse enquanto metade de suas pernas já começavam a desaparecer, e em volta de nós estava por todos os lados aquela poeira dourada. — Temos poeira estelar dentro de nós. — Ela sorriu em meio às lágrimas.
— Você promete que vai estar sempre comigo? — Eu disse enquanto observava o amor da minha vida desaparecendo, com aquele belo sorriso no rosto, mesmo com as lágrimas ainda escorrendo de seu rosto.
— Para sempre. — Ela disse agora tocando meu rosto, enquanto estava sua cintura se tornava pó. — Eu vou sempre estar com você, e te amar. — Ela disse com sua mão que estava em meu rosto já se tornando pó.
— Eu te amo, para sempre. — Eu disse dando um beijo em sua bochecha, até seu rosto começar a desaparecer junto de seu cabelo, aos poucos.
— Eu também te amo Everton, para sempre. — Essas foram suas últimas palavras até desaparecer por completo, e aquelas palavras ficarem ecoando pela casa, como se estivéssemos em uma caverna.
Ali estava iluminado, aquela poeira dançava pela casa passando por todos os cômodos, enquanto a voz ainda ecoava.
Até que aquela poeira saiu pela janela, e subiu para o céu que agora após a chuva estava estrelado.
Eu olhei para o corpo que estava ao meu lado, e apenas cai, chorava desesperadamente ao lado daquele corpo onde agora estava tudo escuro, por que as coisas tinham que ser assim?
Eu fiquei ali, chorando, até a polícia chegar até ali, acompanhados de minha psicóloga, mãe de Adhara.
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O TOC DA ESTRELA (2018)
RomanceQuando Everton vê sua estrela favorita cair do céu, sua vida fica de cabeça para baixo. Mas as coisas pioram quando a estrela se transforma em uma garota e agora além de enfrentar seu transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e problemas familiares te...