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Tive dificuldade de acordar naquela manhã. Após um ótimo final de semana como aquele havia sido, era difícil voltar a rotina.
Tentei ligar várias vezes para Pedro para irmos juntos para o colégio, mas em nenhuma ligação ele me atendeu.
Estranhei, mas segui minha rotina, lavar as mãos, verificar se estava tudo na mochila, sair. Estava tudo seguindo como sempre naquela manhã, a única diferença era que agora algo além das obsessões tomavam conta de minha cabeça.
Adhara se tornou um pensamento constante desde a última vez que nos víamos, tinha medo dela ter ficado chateada por eu ter saído daquela maneira, mas algo me dizia que nos veríamos novamente, e aquilo fazia meu coração se aquecer de tal maneira que me deixava bastante contente. Estaria eu apaixonado por aquela garota?
Fui para a escola ainda mais pensativo, com a esperança de encontra-la na porta, me esperando para conversarmos. Afinal, faltar mais um dia não iria me fazer mal.
Porém cheguei na escola e não a vi em lugar algum, com certeza ela estaria em sua casa, dormindo, afinal ela não era nada previsível, era de se imaginar que ela não estaria ali, porque ela aparecia quando bem quisesse, ela gostava de surpreender, e fazia isso muito bem.
Entrei e rapidamente vi Pedro em um dos bancos que ficava próximo a entrada, ele estava sentado com os pés espichados e com a mochila no colo.
- Eai cara! - Eu disse me aproximando com um sorriso, sorriso esse que não foi retribuído, Pedro estava com uma expressão seria. - Você não atendeu minhas ligações po.
- Deixei o celular em casa, ele estava sem bateria. - Ele me encarou e olhou para o portão vagamente.
- Você está bem? - Sentei ao seu lado, ele estava com olheiras, provavelmente não havia dormido bem aquela noite. Eu o encarei e ele não me respondeu, parecia viajar em seus pensamentos. - Hey, cara... Você está bem?
Ele virou-se para mim como se não houvesse ouvido da primeira vez.
- Relaxa Everton... Eu estou bem sim. - Ele sorriu, um sorriso mais falso que nota de três reais. - Eu vou para sala. - Ele disse se levantando e saindo.
Eu o segui o mais rápido que podia, eu sabia que ele não estava bem.
- Hey espera! - Eu disse o alcançando. - O que vai fazer mais tarde?
- Provavelmente nada, por quê? - Ele me encarou sem expressão.
- Vamos sair po, comer alguma coisa, ir para a praia, olhar as estrelas, estamos tanto tempo sem fazer essas coisas. - Eu sorri.
Ele me encarou e sorriu.
- Tudo bem, vamos sim! - O sorriso foi sincero dessa vez.
Devia ser umas oito horas da noite quando nos encontramos em uma lanchonete perto da praia que ambos adorávamos.
Pedimos os mesmos sanduíches de sempre, ele pediu um x-tudo e eu um bauru - Meu preferido. - E ficamos ali sentados, olhando um para o outro, sem muito diálogo, ele parecia estar muito mal, e eu apenas queria entender, por quê?
- Você está tão calado cara. - Disse sorrindo, tentando descontrair, havia acabado de voltar do banheiro após lavar as mãos depois de comer, agora passava álcool em gel nas mãos.
- Relaxa eu só estou com um pouco de dor de cabeça... - Ele disse mordendo o último pedaço do x-tudo.
- Quer dar uma volta na praia? - Eu disse me lembrando por alguns intantes de Adhara.
Ele fez que sim com a cabeça e se levantou, estava indo para a saída quando me encarou, e pelo meu olhar ele entendeu. Ele sorriu e voltou para dentro, indo até o banheiro, lavar as mãos.
Observavamos as estrelas enquanto olhávamos para o mar, o céu estava lindo e as estrelas pareciam mais brilhantes aquela noite.
- Eu amo esse lugar demais, cara. - Pedro disse extasiado olhando para as ondas indo e vindo.
- Eu gosto de vir aqui sempre, você sabe... - Eu sorri. E então me lembrei de Adhara novamente, e me lembrei em seguida que ele era meu melhor amigo, e que deveria saber do que havia acontecido, por mais que ela não gostasse, ela entenderia. - Falando nisso, preciso te contar algo que aconteceu comigo aqui um dia desses.
- O que? - Ele virou-se para mim curioso.
- Certa noite, aliás no dia que brigamos, eu vim para cá e fiquei observando as estrelas em meu telescópio novo... Observava Adhara, quando derrepente eu a vi cair no mar... - Eu comecei.
- O que? Como assim? - Ele se interessou no assunto, parando de observar o mar e me encarando.
- Eu também não sei explicar o que aconteceu, só sei que quando olhei para água, tinha uma garota, que estava se afogando... - Eu contei me lembrando de cada detalhe. - Eu não entrei na água mas consegui salva-la, eu a levei para o farol e lá começamos a conversar, foi quando meu pai veio me chamar, e antes de ir embora, eu perguntei seu nome...
- Eai? - Ele me encarou.
- A surpresa que tive, quando descobri que seu nome era o mais lindo de todos, ela se chama Adhara... - Eu sorri.
- Isso parece história da Disney cara... Você tem certeza que...
- Sim... - Eu o interrompi. - Eu tenho a absoluta certeza Pedro. Porque nos dias que se seguiram eu a encontrei diversas vezes, conversamos sobre tudo que você imaginar, e finalmente eu me senti bem perto de alguém que não fosse você...
- Mas quem é ela? Onde ela mora? - Ele indagou.
- Isso não importa... O que importa é que... - Eu olhei para o céu. - Pela primeira vez eu estou sentindo algo por alguém, quando estou perto dela eu me sinto feliz, meu coração acelera e eu sinto um frio no estômago que...
- Você está apaixonado Everton! - Pedro sorriu.
- Eu tenho medo que isso seja algo ruim... - Eu continuava olhando para o céu.
- Se apaixonar não é e nunca foi algo ruim, se a outra pessoa também sente o mesmo por você, o amor é o melhor dos remédios para curar qualquer coisa, amigo.
- Eu não sei se ela sente o mesmo... Sabe... De qualquer forma... Eu não consigo deixar ninguém tocar em mim.... Não teria como eu e ela...
- Everton, o amor não se trata de algo físico, se trata de duas almas que se encontram em meio às ocasiões... Se for para ser, vai ser... - Ele sorriu, agora olhando as estrelas também.
- Muito obrigado cara... Eu precisava ouvir isso... - Eu sorri e o encarei.
- Mas me diz uma coisa... Por que não me contou nada disso antes?
- Eu pedi para ele não contar a ninguém... - Uma terceira voz se aproximou, ela vinha pela areia e se aproximava devagar, meu coração acelerou ao eu ver de quem se tratava.
Ela se aproximou com o mesmo vestido azul que estivera outro dia.
Pedro sorriu ao vê-lá.
- Muito prazer, me chamo Pedro!
- O prazer é todo meu, Adhara! - Os encarei vendo meu melhor amigo e a garota dos meus sonhos finalmente se conhecendo.
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O TOC DA ESTRELA (2018)
RomansaQuando Everton vê sua estrela favorita cair do céu, sua vida fica de cabeça para baixo. Mas as coisas pioram quando a estrela se transforma em uma garota e agora além de enfrentar seu transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e problemas familiares te...