Capítulo Dezoito

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Já haviam se passado duas semanas desde que Pedro estava no hospital, e ele estava bem.
  Mal vi Adhara nesses dias, estava com muita matéria acumulada mas ela entendeu, nos vimos três vezes e nas três vezes levei meu telescópio, e ficamos olhando para o céu. 
  Era a primeira vez que Pedro ia a escola depois do incidente, ele não estava livre dos olhares, todos que passavam comentavam algo, mas isso era normal.
— Está feliz de estar de volta? — Disse quando estávamos entrando na escola, entre vários olhares.
— Confesso que queria mais alguns dias de férias, mas é bom não ficar preso em casa o tempo todo. — Ele disse enquanto mordia um sanduíche.
   Entramos na escola enquanto os olhares continuavam, nos sentamos na arquibancada da quadra como sempre fazíamos e lá ficamos.
— Estava uma droga ficar aqui sozinho. — Eu disse sorrindo enquanto passava álcool em gel.
— Eu imagino, esse lugar é terrível! — Ele brincou. — Bom, vou levar meu atestado na diretoria, já volto. — Ele disse se levantando e saindo.
Continuei ali, o tempo ameaçava chover naquela manhã, e por mais que eu amasse o verão, o dia bonito e ensolarado, dias chuvosos também tinham sua beleza.
  Olhava o céu e imaginei o quão interessante seria poder ver a chuva caindo em câmera lenta, vendo cada pingo de chuva bem devagar cair contra a terra úmida, sentir o vento soprando e poder desfrutar de tudo isso tomando uma xícara de café, claro, eu amava café.
  Estava pensando em tudo isso que nem percebi a coordenadora chegando.
— Everton? — Ela disse bem próxima de mim, o que me fez me assustar.
— Sim? — Eu disse de imediato.
— Assustou? — Ela riu. — Estava com a cabeça nas nuvens não é?
— Sim… — Sorri também.
  Ela sentou-se ao meu lado, perto demais para o meu gosto, dei uma pequena afastada tentando não parecer querer distância dela.
— Então, eu preciso falar com você! — Ela parecia empolgada.
— Pode falar… — Eu disse já um tanto quanto ansioso.
— Então... Como você sabe o ano letivo está chegando ao fim… E como você também sabe sempre fazemos uma festa de encerramento… certo?
— Sim… — Eu disse já impaciente querendo que ela falasse logo.
— Ok… Esse ano eu e a direção estávamos pensando em fazer algo diferente, algo mais voltado para a cultura… E nisso pensamos muito na música... E já que sabemos que você toca violino, estávamos pensando em convida-lo para fazer uma apresentação com ele… O que acha da idéia? 
— Iria ser fantástico! — Eu disse sorrindo, realmente havia adorado a idéia.
— Que bom que gostou… Então isso seria um sim para nos ajudar a fazer essa festa ficar linda? — Ela sorriu novamente.
— Sim… Pode contar comigo!

Eu andava rapidamente indo para a praia aquela tarde, havíamos combinado de nos encontrar e eu estava mais animado ainda pelo fato de que ia tocar na escola.
Estava empolgado para contar para ela, eu sabia que ela iria gostar, talvez até mesmo iria até lá para me ver tocar, seria um sonho, mas não seria tão difícil de se realizar.
Eu andava rapidamente e passava por vários cartazes que estavam pregados em quase todos os postes e pontos comerciais, até então nem dava tanta bola para eles, deveria ser apenas o anúncio de alguma festa ou de alguma promoção nas casas Bahia.
  Eu não tinha tempo para olhar aquilo, eu apenas queria olhar nos olhos dela, ver seu sorriso de orelha a orelha e ve-la ficar feliz por mim.
  Porém passar por tantos postes com aqueles cartazes começou a me incomodar.
    Até que já quase perto da praia eu parei para ler um, e o que vi nele me deixou assustado.
  Tinha uma gigantesca foto de Adhara naquele cartaz, uma foto em que ela não sorria, mas tinha uma expressão triste e vazia.
Me surpreendi mais ainda quando li o que estava escrito:

  "Adhara Montes está desaparecida, garota fugiu de casa no dia 9 de Outubro e nunca mais apareceu, seus pais procuram pela filha que tem doença rara, qualquer informação ligue para…"


O TOC DA ESTRELA (2018)Onde histórias criam vida. Descubra agora