Capítulo VII

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Sofia narrando:

São exatas 4:00 da manhã e não consigo dormir.
Já tentei de tudo pra relaxar mais simplesmente não dá. Hoje é um daqueles dias onde as lembranças me preenchem. A pior parte de esconder seus sentimentos é que chega uma hora que todos resolvem sair de uma vez. E você fica assim, como estou agora, perdida.
Ficar perdida dentro de você mesma é a pior sensação do mundo, pois não existe GPS, bússola ou mapa para te fazer achar o caminho de volta. É apenas você e os seus pensamentos.
Sem conseguir me controlar, fui até o banheiro e abri a caixa de primeiros socorros.
Peguei o meu remédio controlado e tomei.
Teve uma época da minha vida que meus pensamentos não me deixavam dormir, eu já cheguei a ficar cinco dias sem dormir, sempre que tentava descansar vozes e cenas apareciam na minha cabeça, eu já estava ficando louca. Minha mãe percebeu que eu não estava bem. Não que isso fosse difícil de notar, afinal eu realmente parecia um fantasma. Assim que eu contei o que estava acontecendo, ela me levou em uma psicóloga.
A médica passou esse remédio para mim. Eu tomei toda as noite durante seis meses e desde a última crise, tenho conseguido me controlar, mas hoje está insuportável.
Me deitei e fechei os olhos esperando que o remédio fizesse efeito e levasse com ele todos os meus pensamentos.

Acordei, me levantei da cama para olhar as horas, assim que ponho os pés no chão sinto uma tontura e me sento na cama de novo. Um dos efeitos do remédio.
Pego meu celular e percebo que é 14:00 horas, caramba! Eu dormi muito.
Olho para tela novamente e vejo quinze chamadas perdidas. Nossa será que alguém morreu?
Duas eram da minha mãe. As outras treze eram dá Lua, como o Rafa diz ela é bem surtada.
Resolvo ligar para minha mãe primeiro.

- Alô?

Disse ela assim que atende.

- Oi, mãe.

- Sofia por quê não foi me chamar ontem de noite?

Ela fala brava.

- Porquê te chamaria?

Falo dando uma de desentendida

- Não se faça de sonsa Sofia, eu vê a caixa do seu remédio em cima da pia, por quê acha que não te acordei de manhã?

Ela fala irritada por eu não lhe contar a verdade. Respiro fundo e respondo:

- Mãe eu estou bem. Só estava com insônia.

- Sofia, eu sei que você está tentando, e te admiro muito por isso, por não fica apenas sentada esperando que os seus problemas se resolvam sozinhos. Te admiro por não fica reclamando da vida e por não desistir de viver. Mas entenda, por mais que você seja forte não é indestrutível, não guarde suas dores apenas para si. Eu estou aqui Sofia, você não está sozinha, eu sou e vou ser sempre sua maior fã, sua melhor amiga e o ombro no qual você pode chorar. Nunca se esqueça disso, e se você esquecer eu vou pegar meu tamanco e te fazer lembrar ouviu?

Sorriu mesmo com lágrimas nos olhos. A minha mãe é a mulher mais incrível do mundo.

- Está certo, dona Helena!

- Acho bom. Tenho que ir agora, não se esqueça de comer, comida de verdade e não essas porcarias que você gosta.

Ela fala e desliga na minha cara. Minha mãe é um ser humano estranho. Reviro os olhos e vou para cozinha, acho o número de um restaurante colado na geladeira, ligo e peço meu almoço.
Vou para sala e fico assistindo TVD, aí como eu amo esses vampirinho.
Meu celular começa a tocar justo na hora que o Damon tira a camisa. Atendo sem nem olhar o nome. Me arrependo no segundo seguinte.

- VOCÊ TÁ QUERENDO ME MATAR SOFIA MALDONADO. NÃO APARECE NA ESCOLA E AINDA POR CIMA NÃO ATENDE A MERDA DO CELULAR, ONDE VOCÊ TÁ?

Tive que afasta o celular do ouvido para não ficar surda. Não preciso nem olhar o nome pra saber quem é.

- Calma Luana, quer me deixar surda?

- EU QUERO TE MATAR ISSO SIM, COMO VOCÊ SOME DO NADA E DEPOIS ATENDE O CELULAR COMO SE NADA TIVESSE ACONTECIDO. EU JÁ IA LIGAR PARA POLÍCIA O RAFAEL QUE NÃO DEIXOU, E AINDA ME CHAMOU DE DOIDA, VOCÊ ACREDITA? LOGO EU, UMA PESSOA CALMA, SENSATA E QUE SEMPRE TÊM CONTROLE DA SITUAÇÃO.

Eu estou com o celular a dois metros de distância, pra vê se meus tímpanos conseguem resistir aquela gritaria. Isso tudo por que eu faltei um dia e não atendi umas poucas ligações.

- Luana para de gritar eu tô quase ficando surda. E não precisa de polícia nenhuma.Não fui para escola porque não tava me sentindo bem, e não atendi suas ligações porque estava dormindo.

- Há Sofi desculpa te perturbar estava preocupada. Você está bem?

Sorrio com a bipolaridade da Luana.

- Sim, estou!

- Com quem você estava gritando Luana? Dava pra ouvir do quarto.

Escuto a voz do Rafa.

- Com a Sofia Maldonado. Você acredita que ela atendeu como se nada estivesse acontecendo Rafael?

Fala a Luana como se eu não estivesse do outro lado da linha.

- Sofi Graças a Deus você atendeu. A doida da Luana veio aqui em casa, e me infernizou para ir na delegacia fazer um BO de desaparecimento, você acredita?
Quando disse que só pode fazer isso depois de 24 horas, ela ficou andando em círculos. Eu já tava achando que ela ia abrir um buraco pra China na minha sala.

Começo a rir descontroladamente.

- Olha aqui seu filhote de urubu com cruz credo, se você me chamar de doida de novo, não terá filhos.

Escuto a Luana falar.

- Mas Lua você não pode fazer isso. O nosso amor tem que dá frutos.

Escuto um barulho de algo caindo no chão e gemidos de dor.

- Desculpa pela demora Sofi, estava garantindo que uma criança como o Rafael nunca vinhese ao mundo.

Começo a rir. Esses dois se merecem.

Outro dia:

Finalmente a sexta-feira chegou. Levantei cedo hoje, para dá tempo lavar o cabelo, fui para o banheiro, fiz minhas necessidades e higienes, saí já pronta para mais um dia na escola. Hoje está calor, por isso resolvi por um cropped branco soltinho e uma calça preta, fiz um rabo de cavalo e calcei meus sapatos. Desci as escadas e minha mãe não estava lá em baixo, estranhei e subi para vê se ela estava no quarto, chego lá e não encontro nem rastro da dona Helena, o que é estranho já que ela não costuma sair sem avisar. Deve ter acontecido alguma emergência no hospital.
Desço novamente e como uma maçã. Como minha mãe não está terei que ir andando.

Estou caminhando tranquilamente enquanto escuto música, estou perdida na letra da canção, quando um filho da mãe passa com o carro do lado de uma poça e acaba me encharcando. Enquanto o carro saí andando eu fico chingando até a décima geração do inrresponsável que estava no volante.

De repente o carro para e começa a voltar. Esse cara não tem medo de morrer, com raiva que estou quebro o vidro do carro e o mato.
O carro para do meu lado e o idiota do motorista me olha por cima do ombro, uma coisa eu estava certa, era um idiota. Mas não qualquer idiota, era o idiota do café, o idiota da bateria, o idiota do meu vizinho, também conhecido como Lucas García.

Até quando seus pensamentos vão te impedir de Recomeçar?

Até quando seus pensamentos vão te impedir de Recomeçar?

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Oi gente, mais um capítulo, espero que gostem.

O quê será que têm no passado da Sofia?
Está curioso? Então até o próximo capítulo!

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