Capítulo XXXI

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Sofia Narrando:

Estou a caminho de casa com o idiota do Lucas, desde que entrei no carro não falei nada, não estou muito afim de conversar e ele também não puxou conversa, apenas ligou o rádio e deixou uma música qualquer tocando. Cada vez que chego mais perto de casa fico mais apreensiva, não é todo dia que dezoito anos são desenterrados e jogados na sua cara, não sei o que esperar dessa situação e também não sei como agir. Assim que o carro para na frente da minha casa dou um longo suspiro e me preparo para sair do mesmo. Como se percebesse o meu nervosismo o Lucas segura minha mão, me impedindo de sair do seu carro.

- Vai ficar tudo bem Sofia. - Ele fala em um sussurro como se mais alguém além de me pudesse escutar.

- E como você têm tanta certeza? - Pergunto no mesmo tom que o seu.

- Nos contos de fadas as princesinhas sempre terminam com um feliz para sempre não? - Ele faz essa pergunta idiota enquanto levanta uma sobrancelha. - E além do mais, sua vida é muito previsível. - Ele fala e dou um soco no seu ombro.

- Até amanhã idiota. - Falo saindo do carro.

- Até nanica. - Ele fala e logo em seguida eu fecho a porta .

Vou até a porta de casa e entro pela mesma, assim que passo o olhar pela sala encontro minha mãe sentanda com duas pessoas, que reconheço como as mesmas de ontem, ou seja, meus avós. Eles não notaram minha presença, afinal estão de costas, observo melhor a cena e uma coisa é impossível escapar dos meus olhos, a felicidade da minha mãe, ela está tão radiante e parece mais feliz que nunca. 

- Filha? - Escuto minha mãe me chamar e o casal ao seu lado se vira para me encarar. - A quanto tempo está aí? - Ela pergunta e vêm ao meu encontro.

- Acabei de chegar. - Falo um pouco envergonhado pelos olhares em cima de mim.

- Venha vou apresentá-los devidamente. - Minha mãe fala e coloca o braço ao redor do meu ombro me obrigando a acompanhá-la até o sofá. - Esses são Felicity e Joseph, meus pais e seus avós. - Ela fala apontando para os dois que me dão um grande sorriso. - E essa é a Sofia, minha filha e neta de vocês. - Sorrio timidamente para eles.

- É um prazer conhecê-la querida. - A senhora fala um pouco emocionado e me surpreendi com um abraço caloroso, demoro um pouco para corresponder, mas logo faço. - Perdão se fui um pouco invasiva, mas esperei dezoito anos por esse abraço. - Ela fala me soltando e secando com um lenço as lágrimas que caiam. Uma coisa tenho que admitir, essa mulher é uma das mais elegantes que já vê na vida.

- Não têm problema. - Falo lhe dando um pequeno sorriso.

- Sofia, eu já pedi perdão a Amélia, agora tenho que pedir a você. Sinto muito te-lá machucado antes mesmo de você nascer, sinto por te-lá afastado e por não ter tido a oportunidade de te ver crescer. Eu só quero uma chance pra tentar concertar as coisas.- Ele fala também emocionado.

Respiro fundo e penso no que devo responder, não é fácil perdoa-lo depois de saber de tudo que ele fez, não é fácil. Mas não posso julgar alguém pelo um erro cometido a dezoito anos atrás, afinal o tempo faz todos nós mudarmos e não háforma melhor de aprender do que errando. E como minha mãe sempre diz: "Perdoe, pois um dia você vai errar e querer ser perdoada."

- Eu te perdoou. - Falo e ele abre um grande sorriso.

- Posso te dar um abraço? - Ele pergunta e confirmo com a cabeça. Assim ele se aproxima e me abraça.

- Obrigada. - Ele sussurra para que só eu escute. Nos separamos e eu lhe respondo com um sorriso.

- Agora vamos todos almoçar. - Minha mãe fala animada e pelo seu nariz vermelho posso dizer que ela também derramou algumas lágrimas.

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