Capítulo XXVIII

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Helena Narrando:

Quando chego no último degrau sinto como se tivesse levado um soco no estômago, um soco da vida. Todos os fantasmas do meu passado estão ali e sinceramente não sei como agir.

- Sofia,por favor suba. - Falo depois de sair do meu transe.

- Mãe ... - Ela começa a falar e eu a olho de uma forma que ela sabe que não estou brincando. - Tudo bem. - Ela sobe as escadas e eu volto meu olhar para as pessoas a minha frente.

Estão um pouco mais velhos do que eu me lembro, mas também já fazem dezoito anos desde a última vez que os vê. Caminho até a porta e paro na frente deles.

- Amélia. - Minha mãe fala e toca no meu rosto como se quisesse ter certeza que eu era real. - Senti tanto a sua falta.- Ela me puxa pra um abraço e sinto suas lágrimas caindo no meu ombro. Confesso que fiquei um pouco travado no começo mais logo corresponde o braço e assim como ela também me derramei em lágrimas.

- Também senti sua falta mãe. - Falo me soltando daquele abraço. - Senti a falta dos dois. - Falo olhando para o homem que por muito tempo foi o meu herói.

- Passamos dezoito anos atrás de você Amélia. - Meu pai fala firme. - Sabe o quanto nos preocupamos? - Ele começa elevando o tom de voz.

- Joseph por favor pare. - Minha mãe súplica. - Fazem dezoito anos que não vemos nossa filha, por favor não estrague esse momento.

- Tudo bem. - Meu pai fala e respira fundo enchendo o peito de ar. - Venha aqui, meu pequeno sol. - Ele me chama pelo apelido que usava quando eu era pequena e abre os braços me chamando pra um abraço.

Eu vou até ele e apoio minha cabeça em seu peito, naquele momento viajo ao passado, era como se eu fosse criança novamente e acreditasse que naquele abraço eu estaria protegida de tudo de ruim que o mundo pudesse me causar, essa lembrança faz lágrimas caírem é uma sensação boa preencher o meu coração, parece que finalmente voltei para casa.

- Me perdoa. - Meu pai sussurra próximo ao meu ouvido. - Senti sua falta minha pequenina. - Ele fala e beija o topo da minha cabeça.

- A garota que abriu a porta é... - Minha mãe começa a falar, me solto do meu pai e completo sua frase.

- Sim, ela é a neta de vocês. - Falo e acho que minha voz saiu com um pouco de remorso.

- Minha filha por favor nos perdoe. Você não sabe o quanto nos sentimentos culpados durante todo esse tempo. - Meu pai fala e vejo uma lágrima descendo pelo seu rosto. Acho que essa é a primeira vez que o vejo chorar.

- Amélia, se eu pudesse voltaria no tempo e vária tudo diferente. - Minha mãe fala também chorando. - Mas infelizmente não posso mudar o passado, por isso estamos aqui pra que o futuro seja diferente, eu sei que é um pouco tarde, mas nós queremos conhecer sua filha e ser os avós que ela não teve oportunidade de ter.

- Eu fico feliz de vê-los aqui, esperei por muito tempo receber esses abraços novamente. Sei que mudaram, a maior prova disso é que largaram tudo e vieram até aqui. E como você diz mamãe "Não há ser humano que nunca tenha caído, assim também como não há ser humano que nunca tenha errado." Por isso eu os perdoo. - Falo e sinto um peso sair das minhas costas.

- Filha não sabe como fico feliz de ouvir isso. - Minha mãe fala me abraçando e meu pai abraçando nós duas. - Posso conhecer minha neta agora? - Minha mãe fala quando nos afastamos.

- Mãe, eu preciso conversar com ela primeiro, ela não sobre o meu passado. Acho melhor vocês voltarem amanhã, podem vim almoçar aqui, tudo bem?

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