Capítulo XXV

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Sofia Narrando:

Uma lágrima solitária dança pelo meu rosto quando ele termina, é impossível não se emocionar, tanto pela música quanto pela sua história. Ele colocou tanto sentimento em cada palavra cantada que facilmente me levei pela música e tive noção do tamanho da sua dor. Eu esperava muita coisa do passado do Lucas, menos aquilo. Ser ameaçado, enganado e espancado pela própria mãe é muito pra qualquer um. Hoje eu consigo ver que talvez tenha o julgado mal, ele não é um idiota mimadinho, ele é só um garoto tentando achar uma maneira de lidar com a dor. À prova disso é que nesse momento ele está chorando como uma criança do meu lado enquanto aperto seu ombro. Eu nunca fui boa em consolar as pessoas, então apenas fico em silêncio e tento me fazer presente.

- Por isso o medo de hospitais? - Pergunto depois de alguns minutos caladas.

- Não é medo, só não me sinto à vontade. Desde que meu irmão morreu não consigo mais entrar em um. Quer dizer eu fui visitar uma certa ruivinha. - Ele responde e me olha sorrindo.

- Por que foi se não se sente bem? - Pergunto realmente curiosa pra saber sua resposta.

- Por que você faz tantas perguntas? - Ele fala desviando o olhar.

- Por que você nunca responde minhas perguntas? 

- Você é uma ótima companhia quando tá calada, sabia? - Ele pergunta irônico e me encara.

- Você é uma ótima companhia quando não está sendo um idiota, sabia? - Devolvo com a mesma ironia. O lado direito da sua boca se eleva, formando um sorrisinho tão idiota quanto o dono dele. 

Olho pra ele e reviro os olhos desviando o olhar. Retiro o que eu disse antes, o Lucas é um cara idiota tentando lidar com a dor, muito melhor agora. Falando em dor, cada um tem uma forma d lidar com ela, algumas pessoas se isolam, outras seguem suas vidas como se nada tivesse acontecido, já outras tentam descontar em Deus e o mundo. Eu me identifico mais com o primeiro grupo, já o Lucas por incrível que pareça consegue se encaixa nos três. Mesmo sabendo disso minha curiosidade não dá descanso, por isso resolvo perguntar:

- Você trata todas as mulheres como objeto por achar que todas são iguais a sua mãe? - Pergunto sem pensar e no segundo seguinte já me arrependo.

- É isso que você acha que eu faço? - Sim, penso em responder mas fico calada. - Sabe Sofia, eu não faço ninguém de objeto. Todas as garotas que eu fiquei sabiam exatamente o que eu queria, eu nunca prometi flores,chocolates,um anel ou um relacionamento. Todas sabiam exatamente onde estavam se metendo, quando elas ficam atrás de me, exigindo algum coisa é porque elas não se dão o valor e não porque eu não dou. E não, eu não desconto a raiva que eu sinto pela minha mãe em nenhuma delas, no começo talvez sim mas hoje não. - Ele fala um pouco grosso mas não levo muito a sério, afinal eu fui muito intrometida.

- Você nunca se interessou de verdade por ninguém? Você nunca pensou em ter um relacionamento? - Pergunto mais uma vez sendo levada pela curiosidade.

- Não, nunca pensei nisso. Mas também nunca encontrei alguém que causa em me vontade de tentar, nunca encontrei alguém que me cause os "sintomas" do amor. Todo aquele lance de mão suando, coração acelerado, fica preocupado com qualquer coisa, fica ansioso pra ver a pessoas de novo. Na verdade nunca encontrei alguém que me desse vontade de passar da primeira noite. Por isso não acredito no amor. - Ele fala e fico um pouco pensativa, talvez eu e ele somos mais parecidos do que eu pensava.

- Eu acredito, mesmo nunca tendo vivido,eu acredito no amor. Não tem sentido viver uma vida inteira sozinho, não ter ninguém pra compartilhar sonhos. - Eu falo e ele me olha.

- O amor não é pra mim princesinha. Gosto da vida que eu levo, não pretendo me amarrar a ninguém. Vê de perto oque o amor fez com o meu pai,não quero terminar do mesmo jeito . - Ele fala e escuto atentamente suas palavra.

- O amor não é sobre se amarra a alguém,pelo contrário é andar lado a lado, correr atrás de um propósito, é ter certeza que por mais que você rode o mundo, sempre terá um lugar pra voltar. Não é pra se sentir amarrado, é pra se sentir seguro. E mesmo nos machucando o amor tamanho pode nos curar. - Falo e o Lucas escuta atentamente minhas palavras. - E sobre o seu pai, ele só não encontro a pessoa certa.

- Desculpa estragar seu conto de fadas princesinha , mas esse lance de "príncipe encantado", "homem ideal" e "pessoa certa" não existem. - Ele fala, irônico como sempre.

- Não estou falando que a pessoa certa é alguém perfeito, pelo contrário essa pessoa têm tantos defeitos como qualquer outra, se ela não tivesse defeitos não seria real. A pessoa certa é aquela que mesmo com defeitos tenta ser melhor a cada dia por você, e ela não faz isso por se sentir pressionada ou na obrigação, ela faz pelo simples fato de se sentir feliz com a sua felicidade. Eu sei que isso pode parecer clichê e brega, mas eu realmente acredito nisso. - Eu falo e ele sorrir, mas não é um sorriso debochado, é um sorriso sincero.

- É bom saber que ainda existe pessoas capazes de acreditar em algo que não seja elas mesmas. - Ele fala e me olha, confesso que fiquei confusa com essa frase.

No momento que eu ia perguntar o que ele queria dizer com aquela frase o sinal da escola toca nos informando que as aulas normais acabaram e começaram as aulas extras. 

- Acho melhor irmos embora, antes que o bando de chatos da aula de música chegem. - O Lucas fala pegando sua bolsa e se erguendo.

- Você não se escreveu em nenhuma aula extra? - Pergunto e ele nega com a cabeça. - Por quê?

- Não tinha nada que me interessasse. - Ele fala dando de ombros. - Você não vêm? - Ele fala e aponta com a cabeça para porta.

- Não vai dar, agora faço parte do bando de chatos da aula de música. - Falo e ele levanta uma das sombrancelhas .

- Então acho que também vou ficar por aqui. - Ele fala e volta a se sentar. 

- Pensei que não tinha nada que te interessasse aqui. - Falo sendo sarcástica.

 - Pois é, agora têm. - Ele fala me olhando com o sorrisinho idiota de sempre.

" Talvez eu nunca entenda o que é o amor mas mesmo assim irei tentar. Talvez eu nunca entenda os começos mas sempre irei continuar."


Oi gente, tudo bem?

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Oi gente, tudo bem?

Dois personagens que nunca viveram um amor falando sobre amor, sendo guiados por uma autora que escreve sobre amor, mas nunca viveu um. Deu um nó na sua cabeça? Que bom, porque também deu na minha.

Peço desculpa pela frase do final do capítulo ter ficado um pouco clichê ou talvez brega, mas ultimamente todas as frases têm ficado assim. Na real acho que assim como eu sou brega e clichê o amor também é. 

ESCUTEM A MÚSICA!!!!

Eu sou apaixonada por todas as musicas do Ed Sheeran. Além de ser uma das minhas músicas preferidas Photograph (pelo menos pra mim) super se encaixa no capítulo.

Agora deixa eu ir porque vocês já devem tá de saco cheio de ler isso aqui. Ps: Se você leu até aqui te admiro.

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Bjs 😘❤️

Até o próximo capítulo 🙋🏻🙋🏻🙋🏻🙋🏻

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