Sofia Narrando:
Com certeza o álcool está fazendo efeito, a prova disso é que nesse momento estou abraçadando e chorando no ombro de um cara que até uma hora atrás considerava um completo idiota. O mais impressionante é que acabei de contar todo o meu passado para alguém que mal conheço e por incrível que pareça não estou desconfortável. Com certeza é efeito do álcool.
Antes de falar minha história pensei em todas as reações e frases que o Lucas poderia ter ou falar. Mas com certeza ele me surpreendeu ao me abraçar, e como se entendesse que eu não queria ouvir nada naquele momento, ele simplesmente fica ali em silêncio como se apenas com um abraço ele me passa-se tudo o que eu precisava. E por incrível que pareça mesmo em silêncio ele me confortou.
E alí naquele abraço chorei tudo o que estava preso todo esse tempo.
Depois que me acalmei o Lucas se levanta e estende a mão para mim.- Vamos Sofia, quero te mostrar um lugar. - Ele fala ao perceber minha confusão.
- Lucas está tarde, amanhã temos aula e a minha mãe vai me matar e souber que estou fora de casa a essa hora. - Eu falo me levantando.
- Por favor Sofia, eu prometo que não vamos demorar. - Ele fala com cara de cachorrinho que caiu da mudança.
- Tudo bem, mas temos que volta logo. - Falo.
- Sim senhora. - Ele fala já puxando minha mão.
- Espera. - Falo soltando sua mão e indo até a porta do quarto a fecho e em seguida apago a luz. Vai que minha mãe resolve aparecer.
Ele pula da janela em direção ao chão e em seguida faço o mesmo. Fico esperando em frente a sua casa e logo ele aparece em uma moto.
- Por que vamos com isso? - Aponto para moto.
- Porque é mais rápido e o caminho não é bom para ir de carro. - Ele fala e me entrega o capacete.
- Quer ajuda? - Ele pergunta ao perceber que não consigo amarrar o capacete direito.
Concordo com a cabeça e chego mais perto, ele ajeita o capacete e fica me olhando, sustento o olhar e me perco em seus olhos. Depois de um tempo assim eu desvio o olhar.
- Obrigada - Falo baixo.
Eu subo na moto e ele dá partida, me obrigando a segurar sua cintura cada vez que acelera.
Depois de cerca dez minutos o Lucas saí da pista e entra em uma estrada de terra. Vejo que a estrada dá para uma pequena ponte que fica sob um lago.
O Lucas para a moto e vai andando até lá seguido por mim.- Então é aqui que você vai me matar? - pergunto em quanto andamos até a ponte.
- Quem sabe? - Ele fala sorrindo.
- Você me trouxe até aqui pra ver um lago? - pergunto assim que chegamos na ponte.
- Calma princesinha, já vai começar. - Ele fala e como se estivessem esperando o comando de sua voz vários vagalumes surgem.
Eles cortam o ar em uma dança perfeita, iluminando todo o lago, é impossível não sorrir ao presenciar essa cena.
O Lucas se senta e eu faço o mesmo.- Os vagalumes só vivem cerca de um ano sabia?- Ele pergunta após um tempo em silêncio.
- Não, não sabia. - Falo desviando meu olhar para ele.
- Pois é. É uma vida bastante curta, porém cheia de expressividade. Ele levam luz a onde só a escuridão e por onde passam deixam pessoas com o mesmo sorriso e olhar de admiração que você está agora. - Ele fala e em momento algum desvia o olhar das pequenas criaturas voando ao nosso redor.
- Por que está me contando isso?- Pergunto.
- Pra você entender que a nossa vida é baseado no que deixamos e não em quanto tempo vivemos. O Léo era como se fosse um vagalume para você, dá pra perceber isso pelo jeito que você fala dele - Ele fala me olhando - Você não acha um pouco injusto esquecer tudo de bom que vocês viveram só porque a história não teve o final feliz que você queria? - Ele pergunta e sinto cada palavra me acertar como se fossem socos.
- Você não entende - Falo me levantando.
- Sim, eu entendo Sofia, eu sei que está doendo e que a culpa te destrói por dentro, eu sei porque eu já estive no seu lugar.Não segure suas lágrimas só pra mostrar que está tudo bem, não esconda suas cicatrizes, não queira lutar sozinha, não mostre sorrisos falso só pra convencer os outros que você está feliz. Tudo bem não estar bem o tempo todo. Não deixe quem você é de lado, só pra viver aquilo que seus monstros querem que você viva. - Ele fala se levantando e segurando em meus braços.
- Eu não aguento mais Lucas, eu não sou forte o suficiente, eu olho para o que eu me tornei e sinto vergonha. - Falo chorando
- Não tem problema nenhum chorar, você não tem que ser forte o tempo todo, o problema está em desistir. - Ele fala e apenas abaixo a cabeça.
Ele levanta minha cabeça e olha no fundo dos meus olhos, estamos tão próximos que consigo sentir sua respiração em meu rosto.
- Todos nós somos vagalumes Sofia, esperando o nosso breve tempo acabar, assim como eles não sabemos quando iremos partir, por esse motivo devemos iluminar todos a todo instante, para quando partimos as pessoas venham lembrar da nossa luz. Nosso tempo é curto demais para ficar se culpando. Pare de viver no passado pegue toda luz que o Léo te deixou e expulse as trevas que te cercam.- Ele fala e me abraça e pela segunda vez em uma noite estou chorando em seus braços.
Estamos voltando para onde a moto está estacionada, depois de algum tempo olhando o céu.
- Já trouxe muita gente aqui? - Pergunto quando parando perto da moto.
- Não, esse é o meu lugar, sempre venho aqui para pensar, é isolado, não têm sinal, pessoas por perto ou barulho de trânsito, gosto de vim aqui quando quero ficar sozinho. Na verdade você é a primeira pessoa que trago aqui.- Ele fala enquanto me ajuda a colocar o capacete.
- E por que me trouxe aqui? - pergunto enquanto subo na moto.
- Porque assim como eu você parecia perdida.- Ele fala e dá partida no veículo.
Todos nós esperamos a chance de recomeçar.
Oi gente! Estão bem?
Estou tentando me organizar para postar com mais frequência os capítulos.
Espero que estejam gostando da história, se tiverem sugestões, críticas ou dúvidas é só falar.PS: Não esqueça de votar 😉
Bjs 😘❤
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Recomeços
RomanceVocê já teve a impressão de que algo está faltando? E embora tudo esteja aparentemente bem,você continua triste sem saber o motivo? Já perdi a conta de quantas vezes saí na rua com um sorriso no rosto e um vazio na alma. Nunca fui boa em começos, n...