Mando uma mensagem para Rebeca, minha melhor amiga.
"Acho que algo horrível vai acontecer comigo."
Bloqueio o celular no botão de cima e o pouso em cima da minha cama. Fico atenta aos que os mes pais estão dizendo.
Eles estavam conversando aos susurros, mas as paredes são extremamente finas e o meu quarto fica bem em cima da cozinha.
O lugar aonde os dois estavam.
Redobro os sentidos e até que enfim, minha mãe resolve falar:
- Eu acho que é a melhor coisa a se fazer com Iabella.
- Quero que tenha certeza Paula. - papai diz. Ele esta entediado.
- Tudo bem. - ela suspira. - Será a melhor coisa a se fazer para Iabella.
- Que bom que concordou comigo.
Sinto uma dor no meu peito, como se eu tivesse levado um murro, como se alguém tivesse falado coisas más ao meu respeito.
Fecho os olhos e finjo que tudo esta bem. Que nada de ruim acontecerá que os meu pais planejam a minha morte.
Meus próprios pais. Eu os odeio.
"O que aconteceu?". Pergunta Rebeca.
Resolvo não responder, quero fazer um pouco de mistério, eu sempre gostei disso, de algo que a qualquer hora pode acontecer, uma surpresa e a minha saída na vida da minha melhor amiga será uma surpresa e tanto.
Olho para o meu gato, Pollos, ele esta deitado de barriga para baixo em cima da minha mesa de estudos e nem parece me dar atenção.
Mesmo assim eu sentirei saudade do meu bichano, apesar dele desaparecer por dias e só voltar quando esta com fome ou quando esta chovendo.
Não me permito chorar por dias. Eu prometi que não choraria, mas quando merdas acontecem na sua vida, a melhor coisa a se fazer em certos casos é chorar.
Então eu permito que seja pelo menos uma lágrima que eu logo limpo com a minha camisa desbotada do Ramones.
Meu nome é Iabella, com dois Ls. Eu tenho 16 anos e moro com os meus pais, Paula e Gustavo em uma das cidades mais calorentas de todo o país.
Eles sempre forama amáveis comigo e sempre me batiam também, mas nada de maldoso nisso, segundo meu pai: era algo que tinha que aprender.
Meu pai odeia bebida alcoolica, mas todos sabem que ele tem uma cauxa cheia dela debaixo do sofá velho que fica nos fundos da casa.
Ele trabalha como funcionario de uma empresa de telecomunicação. Ganha bem e é formado em administração.
Minha mãe sempre esteve comigo, ela não é formada, e quando eu fiz 13 anos, decidiu trabalhar fora de casa como auxiliar de enfermagem em uma casa de repouso para idosos. Foi a melhor coisa que ela poderia ter feito em sua vida.
Eu nunca fui muito próxima dos meus pais, meu pai nunca foi muito meu amigo e a gente quase não conversa e a minha mãe nunca tem tempo para mim. Eles sempre inventam algo para fazer, mas me dão tudo o que eu preciso.
No final, são pessoas hipócritas, egoístas demais para pensar nos outros e alienadas demais para sair de seus mundinhos.
Quem seria eu para mudar essas duas criaturas?
Estou quase morrendo aqui, trancada no meu quarto, no chão quente pensando na vida graças a um lindo - só que não - dia de escola.
Foi por causa disso que eu vou para este lugar.
Será a pior coisa que pode acontecer comigo.
Estava indo para escola de manhã. Peguei o onibus e em 5 minutos cheguei ao portão da escola. Até que um garoto esbarra em mim, mal vi o seu rosto e pelo que soube ele deixou cair a minha mochila com tudo.
Me ajudou a por tudo de volta e foi embora.
Recentemente, a minha escola passou por alguns casos de violencia, então as autoridades resolveram colocar um detector e eu estava na boa quando a minha mochila começa a apitar.
O ruim foi que muitas pessoas estavam perto de mim e de repente uma aglomeração me cercou.
Um bando de adolescentes espinhentos e com os hormonioa fervilhando estavam com os olhos curiosos pra cima de mim e da minha mochila.
- Peço que abra a sua mochila Iabella. - pediu o tiozinho do portão.
Dei de ombros e abri a minha mochila.
- Retire todos os seus pertençes, por favor. - ele fala.
Tirei todas as minhas coisas e quando vejo, um saco marrom na minha mochila. Ele estava todo embrulhado e eu juro por Jesus que nunca vi esse saco.
Se parecia com um sanduíche.
- Iabella? O que é isso?
- Eu não sei... - tento explicar, mas o homem pega a minha mochila com violencia e retira o saco dela.
Algumas pessoas falam espantadas e outras dão risinhos.
Eu ainda não entendi o que esta acontecendo.
- Pode me explicar o que é isto, Iabella?
- Poderia. Se eu soubesse o que era. - digo dando de ombros.
- Peço que me acompanhe até a sala do diretor. Por favor.
- Mas... É só um saco! - bravejo.
- Por favor. Iabella. Me acompanhe.
Resolvo de uma vez por todas acompanhar o homem, as coisas já estavam ficando serias na escola, via algumas pessoas cochichando sobre mim e o que mais eu odiava era não saber o que estava acontecendo.
Nunca entrei na sala do diretor, com os meus 5 anos naquela escola. Quase ninguém entrou.
Ele é do tipo, muito respeitado e que as pessoas se afastam quando ele passa por perto. Um verdadeiro poderoso.
Não vou mentir, estou com medo. Isso esta me assustando.
O que pode acontecer com aquele saco? Não é nada demais. É?
- Senhorita Brito. Pode se sentar por favor? Já liguei para os seus pais, eles estão a caminho.
- Ah... Porque?
- Porque?
- Sim. Porque?
- Acho que não sabe o que esta acontecendo senhorita Brito. Ou finge não saber. - ele levanta as sombracelhas finas.
- Prefiro a parte do "não saber".
- Você tem ideia do que trouxe para a escola? - ele pergunta bravo.
- Sim. Meus livros.
- E o saco senhorita Brito?
- Aquele saco? Eu nunca vi na vida. Acho que algo esta errado. Eu nunca peguei nesse saco.
- E porque estava na sua mochila senhorita Brito?
- Porque alguém colocou, obvio. - falo. Já estou de saco cheio desse homem.
Não sou obrigada a ficar aqui ouvindo o que ele tem a dizer.
- Aonde a senhorita pensa que vai? - ele pergunta com sua voz afinada alterada.
- Estou indo embora. É o que pareçe.
- Não pode deixar o local senhorita Brito. A policia já esta a caminho.
- Policia? - pergunto com medo. - que merda é essa? O que esta acontecendo?
- Você não percebe ou não quer perceber que foi encontrada uma grande quantidade de crack na sua bolsa, senhorita Brito? E que estava levando esta droga para a escola? - ele me pergunta sacastico e eu entendo que o diretor não esta brincando.
Ah merda! Tinha cocaína na minha bolsa esse tempo todo e eu não sabia?
Deveria ter experimentado antes dessa merda toda acontecer, pelo menos eu teria um real motivo para ser presa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Todo Dia é Dia
RomanceIabella tem uma certa "atração" para se envolver em problemas, desde o Ensino Medio, mas as coisas parecem ficar piores a cada dia, seus pais a mandam para uma Instituição e é lá aonde Iabella encontra as melhores e as piores pessoas de sua vida. To...