California There Is No End To Love

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California There Is No End To Love.
Você já escutou essa música do U2? Ela é simplesmente divina. E ainda mais com a capa do álbum, dois homens em preto e branco um de coca no chão e outro em pé sem camisa. É uma arte.
Sabe, é bom você ser diferente um pouco das pessoas da sua idade, porque a maioria escutam forró e - meu Deus - sertanejo universitário. E eu não gosto dessas coisas. Vamos dizer que o meu estilo musical é mais alternative e indie. Também tem o pop - claro - e alguns clássicos do rock. Mas eu não sou fã de rock, pelo contrário, eu não gosto de rock, porém tem quem diga que Beatles é rock porém eu não gosto de Beatles eu gosto dos covers que as pessoas fazem com as suas musicas. Também gosto das musicas do Nirvana. Ah, e também Babe I'm Gonna Leave You é uma lenda pra mim. Pra quem não sabe é do Led Zeppelin em 1994.
Simplesmente é bom demais!
É difícil encontrar alguém que goste de Marina And The Diamonds e Lana Del Rey. E também é difícil encontrar alguém que goste de Birdy e de Gabrielle Aplin.
Essas mulheres, são como rainhas para mim. Nada de moda, nada de sensação, nada de topo. Elas compõem e cantam musicas para elas, para as pessoas, para viver, para sorrir. E não para ganhar prêmios, não para fazer clipes com milhões de visualizações, não para estarem nas rádios por três semanas e depois disso elas serem esquecidas como sempre são.
Quando se escutam essas mulheres, você nunca diz: "meu Deus! Que música velha! De onde você desenterrou ela?"
As musicas feitas por estas garotas e por James Blunt por exemplo também são os tipos de musicas que podem tocar em 2050 e mesmo assim eu ainda saberei todas as letras e nunca irei dizer que são "tiradas do
baú."
Essas pessoas são como Caetano Veloso, Gilberto Gill, Lulu Santos, Rita Lee americanos. Musicas que entram na alma e que sempre estão conosco.
E eu sei exatamente como pessoas diferentes de mim me chamam: Fracassada. Invisível.
E é exatamente o que eu sou! Eu sou uma fracassada. Meu pai não é empresário, eu não tenho um iphone 6. Eu não tenho namorado, eu nunca fui a Disney e eu nunca viajei para São Paulo para assistir um show do Jonh Mayer.
Pronto. É isso que eu sou. E Ah! Eu não ganho likes no Instagram por fotos que eu tiro com um copo de cerveja na mão, usando uma saia colada, ao lado de garotas magras e com cabelos lisos na balada.
Para falar a verdade, as minhas amigas estão muito longe de serem gostosonas dos cabelos lisos e sedosos.
Eu não preciso provar isso. E eu não me sinto inferior e muito menos superior ás pessoas que só ligam para a aparência e para o dinheiro. São pessoas. Elas vivem. Elas têm as suas opiniões. Elas têm os seus desejos e quem sou eu para mudar isso?
Apenas uma invisível.
É tão bom desabafar as vezes.
Depois de ter lido Millenium a traducao no livro é Os Homens Que Não Amavam as mulheres, eu fiquei enjoada só de pensar em sanduíche e café.
Pelo simples fato de que o coadjuvante só beber café com sanduíches todos os dias ao lado da sua parceira da vida Lisbeth Salander - eu não sei se o seu nome está certo mesmo - estou esperando a grande oportunidade para ler os outros dois livros.
Quando eu leio algum livro, algum livro bom mesmo que eu me apaixone, eu me separo do mundo e vive dentro das páginas.
Esqueço de comer, de beber, de dormir e de estudar. Esqueço de pessoas ao meu redor. Esqueço das musicas e das pessoas chatas - isso é bom - e principalmente, eu esqueço de pessoas boas.
Se bem que eu não tenho muitas pessoas nessa minha vida. Mas quem sou eu para reclamar? Todos reclamam. A sociedade nunca está satisfeita com nada com que tem. Tanto faz em ser consumismo, amoroso, psicológico. Sempre haverá algo que falta, algo que nos deixa infeliz.
E eu não estou mentindo.
Passei toda a madrugada de sexta-feira acordada. Toda vez quando eu tenho meus ataques de arte, algo sai do controle.
Não é para se assustar. Meus ataques de artes não fazem mal para ninguém, só para mim mesma e para as paredes e papeis.
Eu tenho essa... Coisa desde de quando eu era bem pequena. Sempre desenhava pela casa - os desenhos eram horríveis - e colava, pintava quadros, fazia qualquer coisa relacionada a arte. Meus pais não reclamavam disso, claro, porque toda criança gosta de pintar e cortar.
Mas eu era um exagero. Já teve casos que eu desenhei e escrevi histórias e colei por todas as minhas paredes do quarto.
Até no teto eu já fiz isso. E na minha época de comerco da adolescência, quando eu gostava de bandas de garotos com franjas e garotos com franjas eu enchia o meu quarto de postes.
Ok. Agora, que vergonha! Meu Deus, em passar que eu gostava daquela pessoa... Argh! Me da arrepios só de imaginar.
Porém, voltando, quando eu tenho esses ataques eu sempre escrevo, desenho, corto e colo.
Colar a onde?
Em qualquer lugar, principalmente em cadernos e em paredes.
Como os meus cadernos estão todos usados e os novos eu não vou fazer isso nem louca, resolvo colar na parede.
Não que eu ainda não tenha. No primeiro dia mesmo em que cheguei aqui no quarto, eu fui logo colando blocos de notas de diferentes tamanhos e cores neons na minha parede. Coloquei bilhares, aviso, frases inspiradores, enfim! Uma variedade de coisas.
E é o que eu estou fazendo agora, já tentei entrar no mundo do desenho - varias vezes - porém não deu certo. Porque?
Pelo simples fato de que eu não sei desenhar nem um coração - mentira - eu não sei desenhar nada! Nada mesmo! Das coisas que eu desenho e ficam desenháveis - essa palavra realmente existe? - eu passo para a minha parede e colo na folha.
E os desenhos são umas merdas. Umas merdas mesmo, é por isso que ninguém elogia os meus trabalhos. Para falar a verdade, ninguém nunca elogiou o meu trabalho. Só a minha professora de Filosofia que disse: "Nossa! Que original!" Porque eu escrevi: Trabalho de Filosofia em letras cortadas nas minhas revistas idiotas sobre adolescentes idiotas.
E o que eu fiz? Eu sorri para ela feito uma boba e disse obrigada.
Sai saltitando da sala de aula por causa disso. A minha professora bochechuda fez o meu dia. Porque ela elogiou algo que eu fiz! Pela primeira vez!
Eu também tenho um mural de fotos no canto do meu quarto, são fotos que eu gosto, objetos e pessoas que eu admiro. Frases legais, pessoas legais e decorações legais.
Pois é, poderia sem bem melhor se. Se apenas se, eu fosse rica.
Meu quero era quase igual a mesma coisa, mas quando eu soube que iria embora da minha casa, tirei todos os papeis e fotos que eu tinha lá e queimei - juro - por causa da raiva que senti dos meus pais.
Achava que eles se sentiriam culpados por causa disso. O motivo? Porque quando eles visitassem o quarto abandonado da filha querida, iriam ver exatamente nada! Somente quatro paredes cheias de buracos - porque eu colocava pregos em todos os lugares - da cor verde vomito - a parede - e se sentiriam infeliz, se perguntando: O que nós fizemos com a nossa querida filha? Ela não nós deixou nada para se lembrar dela."
E também não tive tempo de colar papeis na parede do quarto da minha tia, por quatro simples motivos: o primeiro, a casa não é minha. Segundo, o quarto não é meu. Terceiro, eu não tive tempo. Quarto: eu não tive o meu ataque de artes.
Só isso. Nada mais.
Mas agora, que estou sozinha na madrugada de sexta-feira eu posso fazer o que quiser - nem tanto, vai com calma - com a minha parte do quarto. Até porque sou eu que pago essa porra!
As minhas colegas de quarto todas já foram para as suas casas. Minha tia Enie disse que vai poder me buscar só sábado depois do almoço. Eu não sei pra quê, já que não vai dar tempo nem de aproveitarmos o final de semana.
Minha tia trabalha demais! Ela nunca tem folga! E todos os dias - até nós dias de domingo - precisa trabalhar. Horas e horas! E ainda não ganha muito por isso.
Aquele restaurante chique demais deveria pagar dinheiro demais para a minha tia.
Já estou até quase me acostumando a ficar aqui nos dias de fim de semana. Já sei até o que vou fazer...
Meus planos são interrompidos por batidas na porta. Sabe quando você toma um susto grande e fica com o coração batendo acelerado que da para sentir em toda a parte do corpo? E quando todo o seu corpo esquenta? Como se estivesse uma chaleira quente na sua barriga?
É isso que sinto agora.
Sabe, as vezes não é bom ficar tranqüila quando se está sozinha no meio da madrugada, trancada no sei quarto e alguém bate a porta.
Não é nada legal. É assim que os filmes de terror começam.
Uma garotinha ingênua - vish - esta sozinha no meio da noite e escuta um barulho, abre a porta do quarto, desce as escadas e da de cara com o assassino. Morre, porque é idiota demais de ter aberto a porta. Porque ela não liga logo pra polícia, ou porque não foge? E porque sempre tem que correr atrás do barulho, ou essa daqui é boa! Porque sempre tem que descer as escadas e ir direto para o porão?
Mas que burros!
Enfim, as batidas continuam. Eu poderia me esconder. Poderia pular da janela, mas é alto pra caralho aqui! Ou eu morro, ou eu morro. Vamos escolher da forma mais fácil e menos dolorosa.
Uma facada ou um crânio esmagado?
Vamos pra facada.
- Quem é? - pergunto, com a voz vacilante.
- Sou eu. - responde.
Eu quem? O nome da pessoa é Eu? Acho que não amigo, odeio quando as pessoas digam: eu! Porque não diz logo o maldito nome merda?
- Eu quem? - estou mais confiante, porém mais medrosa.
- Caio.
Alívio. Bastante alívio.
Esse bastardo me fez quase ter um desmaio de susto por causa da sua visita, porque ele não avisa antes? E porque ele não fala logo o nome antes de bater? Ah, sei lá. Estou andando com bastante medo ultimamente.
- O que você quer? - abro a porta, sentindo o frio da noite. As janelas dos corredores devem estar todas abertas, por isso que está tão frio.
Caio se encolhe no casaco e bate os dentes.
- Eu posso entrar? - pergunta. Se abraçando. - estou morrendo de frio aqui.
Reviro os olhos, fazendo mais uma bolha do meu chiclete e abro espaço.
Caio passa por mim e eu tranco a porta.
Precação nunca é demais.
Ele observa a bagunça que está na minha parte do quarto, se senta no chão, ao lado da minha cama e tira o casaco.
Não tira... Meu Deus. Que gato. De repente ficou tão calorento aqui, meu pai. Preciso de um banho frio.
Volta pra realidade Iabella. Para disso. Meu Deus.
Caio usa uma blusa que fica colado ao seu corpo, a blusa é de maga comprida preta e o deixa tão... Tão. Sei não, mas tão tão.
É difícil tirar os olhos.
Meu quarto provavelmente é o quarto mais quente de toda a Instiuicao. Não só porque estamos na direção contrária da névoa e dos ventos, mas porque o sistema de aquecimento fica bem ao lado da nossa porta.
Então... Estamos salvas! Eba.
Só que o sistema de aquecimento nem funciona direito, mas há esperanças para essa máquina.
- Sua cama está bagunçada. - diz - que milagre.
- Que milagre você perceber alguma coisa. É sempre tão desleixado. - implico.
Ele sorri seco e da de ombros.
- É só que é estranho ver você assim. Com esse batom vermelho. E com o quarto bagunçado.
Tampo a minha boca com os lábios. O que é que tem eu com os lábios pintados? Virou regra nada de batom vermelho para Iabella Brito?
- Agora deu.
- Você não precisa ficar com raiva por causa disso. - ele fala - eu gosto de você quando não usa maquiagem e gosto de você quando usa também. E só que as garotas se pintam demais e isso nem é bonito. Já você, é mais natural.
Franzo o cenho, eu não sei onde esta querendo chegar, mas eu não me sinto nenhum pouco confortável falando de mim. Eu nunca gosto de ser o centro das atenções e nunca gosto de falar sobre mim mesma. A maioria das cobertas com as aninhas amigas são eu perguntando coisas para elas e não elas perguntando coisas para mim.
- Ah... Obrigada? - falo.
Me sento ao seu lado, na beirada da cama, apoio a minha cabeça na ponta da cama.
- Você esta colando o que? - ele se levanta e olha para as minhas paredes.
Não! Não faça isso! Eu odeio quando as pessoas olham as coisas que eu faço.
- Não olha não. Elas são pessoais...
- Se são pessoais então porque estão coladas na parede para todos verem?
- Ninguém vai ver Maia. - falo e me levanto, ficando na sua frente. - o que esta fazendo aqui mesmo?
- Você sempre me trata tão bem Brito. - sarcástico mais uma vez.
- Eu lhe trato bem sim. É só que você abusa da hospitalidade. - falo o que penso.
- Uau! Como você é má. - finge que esta magoado e eu reviro os meus olhos.
Caio ronda pelos meus papeis e fica olhando as coisas que estão na minha parte do quarto.
- É a primeira vez que eu observo as suas coisas. Atentamente. - fala, distante, passando os dedos nos livros que eu tenho.
- Pode ver as minhas coisas, só não abra as minhas gavetas de calcinhas como fez o Murilo.
- O que? - pergunta, mudando totalmente de humor por um segundo. Caio aperta a mão, ele me faz pula de susto quando da um soco na minha cômoda, fazendo os meus esmaltes caírem.
Eles não quebraram. Ufa!
- Ah, nada não. O que deu em você? - pergunto sorrindo. Me viro e pego alguns blocos de notas que estão espalhados na minha cama.
Retiro o que preciso para colar nas paredes, mas em ordem...
Sou puxada para frente, pelo meu braço. Sou obrigada a olhar para a pessoa que fez isso comigo. Caio esta outra pessoa. Ele está vermelho e seus cabelos não parecem mais loiro, parecem chamas. Seus olhos não são mais azuis escuros e sim duas grandes bolas negras.
Mas o que deu nele?
- Aquele filho da puta tocou nas suas roupas? - pergunta.
Eu não... O que está acontecendo com o Caio... Porque ele está tão enfurecido?
- Me solte. - peço, ele afrouxa mais a sua mão no meu braço, mas não me solta. - Caio... Me solta agora! O que deu em você?
- Não suporto a ideia de imaginar ele olhando as suas roupas Iabella! Isso é... Inadmissível! Puto...
Tentar imaginar Caio e Murilo pegando briga, faz o meu coração se apertar. Caio pode ser forte e alto, porém Murilo é duas vezes mais e poderá acabar com Caio em minuto. Disso eu não quero que aconteça.
Se Caio ao menos pensar que Murilo pegou a minha calcinha... Se bem que eu não tenho certeza, eu não vi ele colocando no bolso. Mas eu vi ele segurando a minha calcinha, também ela desapareceu. De repente.
- Ele só abriu a minha gaveta para olhar uma coisa... Nada demais. Você também não precisa ficar assim.
- Eu não preciso ficar assim? - grita raivoso - eu preciso sim droga! Porque ele é um pervertido! E eu não posso imaginar - cobre a face com as mãos - ele pensando em você... Tocando nas suas roupas... Tocando em você...
- Nada disso vai acontecer Caio. Sabe porque? - tiro as mãos da sua cara, toco as suas bochechas, seus olhos estão voltando para a cor de antes e ele não está tão vermelho - eu sei me cuidar.
- Sei que você sabe, mas... Ele é...
- Caio... Eu não vejo motivos para você ter tanta raiva do Murilo. Ele pode ser um chato, mas... Ele merece todo esse ódio?
- Eu sempre odiei aquele imbecil e odeio mais ainda quando eu descobri que ele abriu as suas gavetas e olhou as suas lingeries.
Tento segurar o riso. Como eu não posso gargalhar alto em um ato desses? Não entendo porque Caio sente tanta raiva do Murilo e eu não entendo porque ele se transformou depois que ouviu o que eu falei sobre as gavetas de calcinhas.
Depois do episódio de fúria, Caio se acalmou consideravelmente para se deitar na cama da Elena, que fica de lado para mim. Pensava que ele iria dormir, mas que nada. Fixou o olhar nas coisas que eu estava fazendo, não disse uma palavra. Porém eu sentia os seus olhos me queimando como um raio lazer.
Mede primeiro, eu fiquei envergonhada em estar sendo observada por ele, só que com o tempo, eu me acostumei mais e me soltei. Fingir que ele não estava ali ou que eu não me importava e continuei o meu trabalho.
Ajeitei os meus livros na prateleira e coloquei algumas musicas no modo aleatório. O engraçado é que só tocou musicas românticas demais.
Mas que tablet mais safado!
- Terminou? - pergunta.
Olho para trás. Vejo Caio deitado na cama de lado, olhando para mim, somente para mim. E eu não sei o que fazer. Não sei o que responder. Não sei o que pensar.
A única coisa que eu queria agora era subir em cima dele e tocar nos seus cabelos.
É um desejo estranho, eu sei, mas é o que eu estou sentindo agora.
- Terminei.
Caio se levanta e vem até mim. Não! Não olhe o meu trabalho. Ele não diz nada como sempre, como todos fazem quando vêem as minhas colagens.
Aponta para um desejo que eu fiz.
- Quem é essa? - toca no meu desenho.
- É a Eleanor.
- Eleanor, do Eleanor e Park? Serio? Nossa... Que... Legal.
Isso pelo menos foi um começo. Um começo com mentira, mas ele fez isso apenas para me alegrar.
Olhando para a cara do Caio parece mesmo que ele está gostando das minhas frases e pinturas. Mas que ótimo ator! Ele até sorrir quando vê alguns desenhos.
- É.
- Eu gosto de ficar te observando. Você fica mais bonita concentrada. Sempre... - Caio toca nos meus lábios e se perde nos meus olhos - morde os lábios e fica com uma cara de brava.
- Cara de brava?
- É. Você está fazendo isso agora.
- Você quer dizer franzir o cenho.
- Isso mesmo. - fala e me solta. - você é linda Iabella.
- Não sou não.
- Eu não mentiria sobre isso.
- Pare de falar dessas coisas! Pare! Eu não sou linda eu não sou nada disso que você está pensando.
- Você é a pessoa mais inteligente que eu conheço e eu adoro tudo isso em você...
- Não! Caio, pare. Pare já com isso. - afirmo, aos soluços - eu não quero ouvir mais nada.
- Iabella! - Caio segura os meus dois braços e me sacode como um saco de açúcar - pare disso! Você precisa aceitar a ser elogiada...
- Eu não sou obrigada.
- É sim. Qual o seu problema? Mas que droga! Você é a primeira pessoa que eu conheço que não gosta de ser elogiada.
- É porque você só conhece idiotas na sua vida Caio. É por causa disso.
- Não consigo de entender.
- Eu não gosto de ser chamada de linda, não gosto de ser elogiada, sabe porque? Porque isso são mentiras! Eu não sou linda! Eu sou nada...
- Iabella você se acha algo que não é. Se acha feia, se acha burra, se acha incapaz, mas você não é nada disso. Eu quero te dizer uma coisa - suspira, me apertando mais.
Meus braços estão começando a doer, mas é uma dor prazerosa.
- Fala.
- Eu não ligo se você acha ruim, mas eu vou falar mesmo assim. Você é a pessoa mais linda desse mundo, você é a pessoa mais inteligente desse mundo e eu não vou me arrepender dessas palavras, sabe porque?
- Porque?
- Porque eu estou apaixonado por você.
Dou graças a Deus a gravidade, porque se não fosse por ela, eu já estaria flutuando para a Lua.
Cade as palavras quando se precisam delas? Cade o chão quando se precisa dele?
Eu tento acreditar que tudo isso é verdade, porém, não consigo. Não consigo acreditar que Caio esteja apaixonado por mim porque ele é o Caio e eu sou a Iabella. A garota gorda dos seios gigantes que não tem um celular caro, que não tem um carro zero que foi acusada de tráfico.
Eu não posso acreditar.
Porque Caio estaria mentindo para mim? Porque ele...
- Essa é a hora em que você diz que também esta apaixonada por mim. - quebra o silêncio.
Não sou capaz de olhar nos seus olhos e dizer algo. Eu apensas queria que nada disso tivesse acontecido. Se eu não tivesse aberto aquela maldita porta...
- Eu... Eu...
- Você não está, não é mesmo? - pergunta. Consigo ouvir pelas suas palavras que esta magoado. - meu Deus... - ele se afasta de mim e coloca a mão na cabeça. - como eu sou estúpido...
- Você não é Caio.
- Sou sim. Eu pensava que... Que você gostasse de mim.
- E eu gosto de você.
- Mas não como eu quero. - diz.
- Sinto muito Caio... - falo, mas não é isso o que quero dizer.
- Todas as garotas que eu já peguei - não acredito que está falando desse jeito. Desta maneira grosseira e fria - sempre me quiseram. Sempre! E eu nunca gostei de ninguém! Eu sempre fiz essas meninas de idiotas... E agora eu sou o idiota? - como ele pode falar dessa maneira? Esta agindo como um babaca - eu sou a porra do idiota Iabella! Você - ele aponta pra mim - me fez de imbecil esse tempo todo... Me fez gostar dessas porcarias que você gosta! Me fez ler essas merdas de livros! Me fez escutar essas porras de musicas! Pra quê? Pra quê? Pra nada! Merda... E tudo era uma aposta...

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