Cega De Amor

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- Aquela filha da puta descarada! Eu vou matar aquela gorda fudida!
- Elena...
- Não me toque porra! Não toca em mim! Eu vou matar aquela vadia...
- Ei. - chego no quarto, ouvindo os gritos lá de baixo - o que está acontecendo?
Shaila e Teresa estão literalmente segurando Elena pelos braços, ela tenta sair, como uma minhoca no anzol, esta desesperada.
Seus cabelo preto esta todo bagunçado, e a sua blusa está mostrando grande parte da sua barriga.
- Nossa. - exclama Caio, atrás de mim.
Elena se extressa mais quando vê o meu amigo e voa em cima de nós. Caio me puxa para si e fica na minha frente, como um escudo.
Vou ter um ataque cardíaco.
- Segura ela pelo amor de Deus.
- Me solta, me solta, me solta! - exclama Elena exaltada.
Shaila e Teresa soltam Elena, ela se senta na cama e fica olhando para o chão.
O que aconteceu com Elena?
- Você tem certeza que foi ela? - Teresa se senta ao lado dela e toca no seu ombro.
- Quem mais poderia ter sido?
- O que aconteceu? - pergunto.
Ninguém responde, mas eu insisto na pergunta.
- Os pais de Elena descobriram que ela gosta de mulheres.
- E daí?
- E daí que - Shaila fala como se eu fosse uma retardada por não ter entendido isso - e daí que os pais da Elena são evangélicos, o pai dela é pastor.
- Mas... Mas assim, olha pra ela - aponto para a garota branca e magra deitada na cama - ela tem vários piercings... E também, se veste como uma roqueira.
- Mas os pais dela não sabiam disso! Elena se torna outra pessoa quando esta perto dos pais.
- Meu pai me ligou furioso, ele quer me tirar da escola!
Não. Isso não, ele... Ele não pode fazer isso,pode? Claro que pode. Ele é o pai dela.
Mas ele precisa entender que Elena tem o direito de fazer suas escolhas, quem ela se apaixona é irrelevante.
Elena chora, seu corpo magricela treme todo e ela cobre o rosto.
Vou perto dela e a abraço.
Olho para cima e vejo Caio, ele olha para mim, com um sorriso pequeno. Não consigo parar de olhá-lo.
Ele é como se fosse a luz que ilumina todo esse lugar, eu não sei o que eu sinto, eu só sei que eu gosto dessa sensação e que eu quero permanecer com ela.
Depois do choro, Elena foi dormir um pouco, Shaila e Teresa ficaram no quarto, conversando baixinho e eu acompanhei Caio até o seu prédio.
- Você deu um conselho e tanto. - ele fala.
- Dei? Não percebi.
- Nem precisa fingir.
- Foi bom da tua parte ficar me esperando. - falo.
- Eu queria dar um "apoio".
- Sei, ei, desculpa pela forma como Elena te tratou, aquilo foi...
- Ela tem todo o direito. - Caio chega perto de mim e toca o meu braço. - eu era uma pessoa ruim antes de você chegar.
- E agora, o que você é?
- Eu sou uma pessoa ruim que conheceu uma pessoa boa.
- Eu não sou uma pessoa boa...
- Iabella... Você é sim...
- Não, eu não sou. - não sei porque mas entrelaço as minhas mãos na sua nuca.
Não consigo parar de ver os seus olhos azuis, a sua boca rosada, o seu cabelo liso da cor do sol. É tão lindo, é tão...
- Ei! - alguém nos chama.
Empurro Caio para trás como se ele me desse um choque.
Um homem, de mais ou menos 30 anos, vestido com o uniforme de funcionário da escola - azul, preto e branco - vem até nós, com uma cara de fúria.
- Não pode namorar na propriedade escolar.
- Não estávamos namorando. - digo.
- Ah, é? - ele me olha como se fosse me comer viva - não parecia, se eu pegar mais uma vez vocês dois juntos, castigo para os dois.
- Caio... - puxo ele sussurrando o seu nome
- Deixa comigo. - Caio me empurra para trás e toma a posse de "machão", reviro os meus olhos - você sabe quem eu sou...?
- Murilo.
- Murilo?
- Não. Não sei não.
- Eu sou Caio Maia, filho do Governador.
A expressão do homem não muda, ele continua rígido como uma rocha, parece que não deu muito certo essa ameaça de Caio.
- Olha, Caio Maia, não me importa, você pode ser filho até da Rainha, mas os direitos são para todos, esta me entendendo? E, que fique bem claro - o homem chega mais perto de Caio, os dois são da mesma altura, porém, Murilo é mais forte - se você acha que me submetendo vai ter algum direito sobre mim ou sobre essa escola, esta redondamente enganado. Agora, não está na hora da aula?
- A aula só começa as 13:00 da tarde. - falo, saindo de trás de Caio.
- Muito bem. - sorrir - ouça a sua namorada, ela com certeza sabe mais coisas do que você.
E vai embora.
- Mas que filho da...
- Você ouviu o que Murilo disse, é melhor ir para o seu quarto.
- Até você Iabella?! Esse homem... Vou fazer perder o emprego agora...
- Caio! Não seja ridículo! Ele está fazendo só o seu trabalho. - toco em seu braço - não faça nada de ruim com esse homem Caio, por mim.
- Tudo bem. - amolece - mas só vou fazer isso por você.
- Adeus Caio Maia.

Todo Dia é DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora