Pare De Ser Trouxa

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Nunca vi estas três garotas tão prestativas comigo, é como se fosse uma benção de Deus. Elas me alertaram, disseram o que era preciso fazer e eu não as escutei.
Sendo assim sofri as consequências, talvez eu deva aprender algumas lições da vida, como tipo, não correr atrás das pessoas que não querem nada com a gente. Então, será assim por diante, não quero seguir com o plano de tentar ser amiga dele. Até porque ele não quer. Eu deveria mesmo era ter deixado cair naquela armadilha idiota, sendo que Amanda seria um pé no saco na vida do Maia pelo resto da sua vida.
Depois que eu sai do banho - precisa tomar, já que eu estava toda suja de terra - Shaila me ajudou a subir as escadas, eu ainda está um pouco desnorteada com tudo o que tinha acontecido. Quando chegamos ao quarto, Elena tinha tirado de sua gaveta, quatro tabletes de chocolate branco, nós sentamos no centro do quarto e comemos cada tablete, em silêncio. Mas foi um silêncio bom.
Na manhã seguinte, era sábado. Não sei se irei para a casa da minha tia, ou talvez eu fique aqui como sempre fiquei.
Minha mãe não me ligou nenhuma única vez depois do carnaval e já era se esperar. Elena, Teresa e Shaila foram todas para as suas casas.
Então, eu terei que passar dois dias sozinha pela Instituição. Oh, maravilha.
Para a minha grande surpresa, tia Enie me ligou de manhã avisando que não poderia vir porque tinha viajado para a cidade, estava trabalhando muito e não poderia me buscar para levar para casa, ela me prometeu que no próximo fim de semana, eu iria para a sua casa. E detalhe, não estava brava no telefone. Me segurei para não perguntar ou tocar no assunto sobre a nossa "breve" discussão algumas semanas atras, mas eu não queria estragar o momento.
- Esta tudo bem ai Iabella?
- Ah... Sim, claro.
- Você parece estranha.
- Eu? Estranha? Não! Imagina tia, eu estou ótima.
- Hm. - ela não acreditou. - faltou alguma coisa da sua cesta de produtos de higiene?
- Não. Esta tudo ótimo, você acertou as coisas em cheio. Eu... É... Nada, quer dizer, obrigada. Por tudo.
- Eu é que agradeço. Você não sabe onde eu estou!
- Onde?
- Esfou em um hotel na beira do mar! Da pra acreditar? E hoje está um dia lindo! Pena que eu não posso aproveitar, já já terei de ir para o restaurante junto com o pessoal para preparar o cardápio.
- Deve ser muito bonito ai. - falo.
- Gostaria que estivesse aqui comigo Iabella, você iria adorar, faria qualquer coisa para pegar um tempo e te levar a praia. Só um instante - tia Enie fala com outro alguém por alguns segundos - eu preciso ir querida. Até mais.
- Tchau tia, divirta-se. - falo e desligo o meu celular.
Pois é, acho que eu não poderei fazer nada mesmo, mas eu não quero ficar aqui olhando para o teto. O dia está ensolarado e quase não tem ninguém na escola. Eu posso andar em qualquer lugar, fazer qualquer coisa, ou quase qualquer coisa.
Resolvo me levantar da cama, vestir uma roupa e sair por ai com o meu celular no bolso, qualquer coisa. Eu preciso fazer qualquer coisa para não pirar total.
O café da manhã já está na mesa e me surpreendo em ver que talvez umas 35 alunos estão na escola, pego o meu café da manhã e saio do Refeitório, eu não irei comer lá, naquelas cadeiras frias. Eu vou comer no pátio, no chão, no gramado, de baixo do sol quente e dos ventos fortes.
Coloco o meu café da manhã no chão e me sento. Saboreio a comida, hoje eu peguei bastante coisas, tapioca, três pãezinhos, bolo de chocolate, maçã, suco de abacaxi e amendoim tostado.
Não me importo em ganhar alguns quilos a mais, eu quero é mesmo é comer e ser feliz.
Vejo Zeca passando por mim, carregando uma escada de alumínio debaixo do braço, sou tchau para ele e Zeca acena para mim, manda um beijo e entra no ginásio.
Pois é, acho que vou ter que comer sozinha. Por onde devo começar?
Talvez pela tapioca de queijo... Hm, ela parece estar tão deliciosa.
- Olha se não é a gulosa. - fala alguém atrás de mim tirando a minha vontade de comer.
Jesus Cristo, eu não mereço isso, justo agora quando eu estava me sentindo tão bem.
Caio se senta na minha frente e eu sou obrigada a olhá-lo. Sinto nojo dele, sinto nojo do seu cabelo, sinto nojo do seu sorriso, sinto nojo do seu perfume.
Não teto destacar o meu constrangimento, quero que ele sai para mim poder comer em paz.
Bem, parece que ele não vai sair, então é melhor que eu saia. Pego a minha comida e me levanto, com dificuldades, mas consigo no final.
O deixo sozinho e não é sem tempo que ele vem atrás de mim.
- Esta com raiva Brito?
Ele ainda pergunta isso? Pois bem, Maia, vá tomar no seu cu.
Não sei porque mas quando ele me perguntou isso, eu fiquei mais furiosa ainda.
- Ei! O que fiz? - Caio fica na minha frente, atrapalhando a minha passagem.
Mas que droga de homem!
O encaro e ele me olha como se não estivesse feito nada, na maior cara lavada.
- Pode sair da minha frente, por favor? Eu quero passar.
- Qual é Iabella, eu odeio jogos, me diz logo o que está acontecendo.
- Caio, serio, sai da minha frente, eu preciso tomar o meu café da manhã. Em paz.
Caio entende o recado e deixa passagem, mas não tanta para que eu toque no seu braço, ele não se afastou mais de propósito. Não sei onde esta querendo chegar, eu só sei que eu quero distância desse homem.

Todo Dia é DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora