Hoje fui noticiado que Alemanha declara guerra à Rússia. Tudo está se tornando um enorme efeito dominó, e não são os dominós que Charlotte ganha e tudo acaba bem.
Os assuntos dos botequins não são mais os mesmos. Todos discutem de política, brigam por política. Não há mais rapazes sofrendo de amor e descontando no álcool. Agora, sofrem por álcool e descontam na política.
O caos instalou-se ainda mais em nossa França quando o líder do Partido Socialista, Jean Jaurès, foi assassinado. Gabriel não se contentava entre as rodadas de bebida; dizia que era o estopim para todos nós e muito para ele, que prestigiava tanto politicagens, ainda mais socialistas.
Eu por outro lado, feito cão com o rabo entre as pernas. Só queria os botequins com homens apostando bobagens. Até das reclamações sobre suas mulheres sinto falta.
Entretanto, guardei a saudade. O mundo de Gabriel é em outra porta, onde a dona política abre. A minha é onde Dona Maria abre.
Lotte também não tivera um dia dos bons. Chegou em casa enfurecida, em tom escarlate, dizendo que todos os homens são tolos.
Fiquei perturbado com tal declaração, tentando lembrá-la que estava casada com um.
"Os homens estão mobilizando-se de forma muita negativa, Nique. Querem vingança a todo custo e nem ao menos se compadeciam com este político enquanto vivo! Estão usando desculpas esfarrapadas para se alimentarem de sangue, de guerra. Já são muitos assim. Meu furor não é loucura. Loucos são eles, planejando violências", dizia Charlotte apertada em meu peito, com as palavras saindo mais fortes que balas. Cada um a seu modo, já sentia e agia como guerra.
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Diário de um Soldado
Historical FictionDominique Carpentier é um homem distinto comparado a outros do tão falado século XX; tem sempre seus achismos sobre tudo e não há quem retire isso de sua mente. Nas folhas de um diário, narra o encontro com seu único e imutável amor: Charlotte Barbi...