30 de Maio de 1915

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  O grande dia do pesadelo chegou.
  Charlotte chorava e não queria me soltar de jeito nenhum quando tomei a coragem de vestir o uniforme de soldado.
  Ela me queria em casa, e eu também.
  Hoje estamos fazendo dois anos de casados e nunca pensei que seria uma data tão triste.
  A noite anterior foi uma das melhores de minha vida, como uma despedida, com todo o amor que poderíamos dar um ao outro.
  Mas tudo isso acabou. Não irei mais poder fazer carinho nela em todas as manhãs, ou irritá-la quando estiver lendo um de seus livros com beijos. Tudo isso acabou.
  Porém, me vejo orgulhoso, pois estou indo lutar por ela. Por nossa família, por nossa vida.
  E ei de voltar feliz quando tudo acabar. Sobreviverei por ela.
  Estou em um navio no momento, sem ninguém de companhia; e prefiro assim.
  Consigo me contentar com as fotos de minha mulher dentro deste diário.
  Bourges, ao norte da França, não fica tão distante, e é onde tudo está se passando; uma violência trocada por alemães e franceses.
  Ah Santa Joana D'arc, rogai por mim.

Diário de um SoldadoOnde histórias criam vida. Descubra agora