Todos os soldados já estão fartos.
Fomos surpreendidos novamente na madrugada pelo exército inimigo.
Não sei o que fazer diário.
Mais tiros estão se prolongando quando nós reagimos.
E eu novamente em complexa incompreensão do porquê isso ser necessário.
Como viemos parar nesse final de mundo? Desde quando o ódio esteve instalado em pessoas de dinheiro e fez com que isso tomasse proporções tão grandes?
Como o egocentrismo humano maquina-nos nesse ponto?
Eu realmente não consigo participar desta guerra nem por mais um minuto; talvez seja essa a razão de estar sentado escrevendo em um diário já empoeirado e velho, mas que me faz lembrar de quem sou e de quem me ama, mesmo a tantas milhas de distância.
Uma esperança ainda brota em meu peito de que tudo isso vai acabar. E que a paz em todos os corações humanos vai se restaurar.
O amor vai brotar em todos os corações carentes, porque não há outra explicação para o caos que acontece no mundo humano: a carência de corações que se adequaram ao egoísmo como única opção para preenchê-los, pois ainda não conhecem o amor.
Agradeço por conhecer o amor em sua tão bela e profunda forma: na família.
Desde mamãe brigando toda vez que saía para brincar na chuva, até os dias em que precisava de seu abraço.
Desde os argumentos inexplicáveis de papai e seu amor gigantesco por cavalos.
Desde a justiça e compreensão dos olhos azuis brilhantes como diamante de Charlotte, quando ia à uma Missa e suspirava de tamanha adoração por Jesus Eucaristia, e ter o orgulho de notar, que ela me olha com quase o mesmo amor: o confiar dela em mim, o querer dela de melhorarmos juntos.
Eu conheci o amor em várias formas e essências, e ele com certeza me faz uma pessoa melhor.
Os meus defeitos vem de uma parte onde não tem amor.
Somos seres humanos falhos, completos de tristezas e alegrias dentro de nós; mas prefiro acreditar que a bondade, mesmo tanto sofrendo nesse mundo, continua sendo a beleza mais extraordinária e infinita que há (como é possível? Somos seres finitos, mas podemos produzir dentro de nós algo infinito!).
Porém, é triste ao constatar que muitos não conhecem nem o pouco do que é o esse pedaço do infinito, e vivem buscando coisas para preencher, que só o deixam piores.
O caos humano se resume a isso.
Rezo com toda a intensidade para essas pessoas, porque por mais cruel seja o caos o humano, alguém que nunca amou, nunca viveu, continua tendo um infinito de infelicidade e crueldade em um só peito.
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Diário de um Soldado
Historical FictionDominique Carpentier é um homem distinto comparado a outros do tão falado século XX; tem sempre seus achismos sobre tudo e não há quem retire isso de sua mente. Nas folhas de um diário, narra o encontro com seu único e imutável amor: Charlotte Barbi...