19 de Agosto de 1915

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  A alegria ainda consome meu peito, talvez me julguem como louco. Hoje notei o quão humano fui e sou; a falta de humanidade de certas pessoas me assustam, mas elas não têm o poder de tirar a minha história, que sobretudo foi baseada no amor. Os mais infelizes são eles mesmos, que já não satisfeitos com a própria mágoa carregada no peito, espalham isso à qualquer custo de um jeito deplorável e sem nexo.
  Por esse motivo me sinto feliz: talvez esteja sofrendo nas terríveis mãos dessas pessoas, mas o motivo é o mais digno existente de um soldado: resistir à resistência, e percebo com exatidão que não estou só, conheci muitas histórias para contar, corações que amam, que nunca desistem de bater, porque o que ele viveu reforça que tudo é belo para quem ama.
  Hoje meu coração bate com força porque está orgulhoso do que se tornou e do que já viveu, de ter conhecido tanta gente alagada de poesia e poetizar-se junto à elas. Charlotte foi um dos poemas mais encantadores que encontrei na estrada. Meu ser aviva por ter sentido tudo o que um humano de verdade pode sentir.
  Observando o céu neste momento, ele continua em um vivo azul mesmo ao meio de tanta escuridão, tanta maldade. Contemplo ele como se Deus estivesse sorrindo para mim, e está, porque estou sendo um céu à ele, um céu com muitas nuvens para contar e pássaros para sobrevoar. Santa Joana D'arc, de algum modo rogou por nós e nos mostrou que já éramos soldados, só não sabíamos.
  Santa Joana D'arc, já rogou por nós.

Diário de um SoldadoOnde histórias criam vida. Descubra agora