10 de Agosto de 1915

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  As madrugadas não estão sendo mais as mesmas sem meu amigo.
  Pierre rezou junto comigo.
  Quando temos disposição, além dos tormentos de fome e dor, rezamos juntos, sempre em ajuda pelos rogos a Joana D'Arc. A cada dia peço mais sua intercessão.
  De algum modo, nossa vida tem sido igual a dela. Todos nós, junto à nossa bravura, fomos jogados ao fogo por meio do ódio humano, como Joana D'arc.
  Talvez ela não quisesse ser uma grande santa guerreira. Talvez ela não quisesse abandonar sua vida tão comum, tão confortável, para se jogar a um caminho que nem ao menos conhecia: um vale de sombras.
  Me identifico muito com essa padroeira. Ainda mais por ela ter aceitado a caminhar neste vale por um único motivo: pelo amor à Deus. Pelo seu imenso amor, ela não achava outra solução a não ser obedecer, continuar ao lado de seu grande Amor.
  Eu continuo nessas guerras todos os dias por conta de meu amor: Charlotte Barbier.
  Esse amor é tão grande, que não tenho dúvidas que veio de Deus.
  Isso me faz amar mais ainda, me faz conhecer a imensidão do amor de Deus, como pode colocar amores em nossas vidas para nos levar até Ele, que é o autor do amor, o próprio Amor Encarnado.
  Charlotte é a minha porta para o Céu, para reconhecer o amor de Deus. Enfim, o amor em sua essência.
  Eu nunca me arrependerei disto. Te ter conhecido o meu anjo no tempo de combate que chamamos de vida.

Diário de um SoldadoOnde histórias criam vida. Descubra agora