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O silêncio que se instalou no ambiente após as palavras de Peggy, era quase ensurdecedor. Carol, Natasha, Bucky e Wanda que brincavam entre si olharam de abrupto para Steve que tinha o maxilar travado e as mãos cerradas em punho enquanto seus olhos estavam apenas fechados. Pepper que estava ao lado da amiga, parou de imediato os carinhos nas costas da garota e seus olhos se arregalaram. Enquanto isso Peggy continuava com seu olhar na foto a sua frente. Flashs dos momentos em que passou com Tony, passava diante de seus olhos e ela apenas sorria, pois aqueles eram de longe os melhores momentos de sua vida.

Se antes o silencio era desconfortável, agora ele machucava. Steve não abria a boca pra contestar pois sabia que estava errado e que nada do que ele falasse naquele momento adiantaria muita coisa. Peggy não abria a boca, porque achava que muitas vezes o silencio era o melhor remédio pra uma ferida. Já os outros não falavam nada pois não queriam se intrometer nos assuntos do casal. E assim sucedeu por longos trinta minutos, até o clique da porta do quarto ecoou em todo o ambiente, capturando a atenção de todos.

Tony percorreu seus olhos por todo o cômodo, se certificando de que era seguro estar ali. Seus dedos apertavam mais a cada passo que dava a barra do sweater do Mickey que usava, enquanto seus olhos se fixavam na figura de Steve que estava no sofá de frente pra ele. Antes que o castanho se perdesse no azul, ele desviou o olhar para a garota sentada em posição de índio no sofá grande de frente pra TV. Sem precisar de muito, as lágrimas começaram a escorrer de seus olhos e um sorriso brotou em seus lábios enquanto timidamente e hesitantemente ele abria os braços. Peggy sorriu com o ato e mais que depressa rolou pra fora do sofá, quase tropeçando no tapete e se jogando contra os braços de seu melhor amigo.

— T-tony... — soluçou ela encaixando seu rosto no pescoço do garoto que apenas fechou os olhos e se desligou de qualquer coisa que não fosse o cheiro inebriante do perfume dela, que o fazia se lembrar de todo o passado que viveu.

— Pegs... Minha e somente minha pegs... — sussurrou o mais velho se perdendo no momento.

— Eu senti tanto a sua falta Anthony... E-eu... Droga... Não era pra ter sido desse jeito... N-não e-era... — Tony a afastou minimamente e segurou ambos os lados do rosto de Peggy, fazendo-a encará-lo.

— Nada disso importa mais... Quer dizer... E-eu ainda sinto a falta dele... S-só deus sabe o quanto m-mas... Temos que seguir em frente... – e antes que ambos pudessem dizer mais alguma coisa, um pigarro foi ouvido e os dois viraram o rosto para encarar cinco olhares curiosos que estavam levemente arregalados.

— Vocês querem que a gente saia? – questionou Bucky enquanto mantinha o cotovelo apoiado na perna de Natasha.

— Eu queria muito saber o que esta acontecendo aqui... De onde você conhece o Tony? – Pepper praticamente gritou fazendo Bucky e Carol taparem os ouvidos fingidamente enquanto Wanda e Natasha apenas riam nasalado.

— Acho que isso não te interessa Peps... Essa é uma coisa que somente diz respeito ao Tony e a Peggy... – Natasha disse em seu tom materno que Bucky e Tony tão bem conheciam.

— E ao Steve... – completou Wanda olhando piedosamente para o rapaz que mantinha o olhar baixo e os dedos agora cruzados frente ao rosto.

— Er... S-steve... – Peggy se interrompeu enquanto se afastava do abraço de Tony e passava ambas as mãos no rosto para limpar as lágrimas ainda presentes.

— Eu preciso sair... – disse o loiro se levantando e caminhando em direção a porta. Quando já estava tocando a maçaneta a voz de Carol o fez parar.

— Pra onde você vai? Você não pode sair nessa tempestade... – avisou. Seu tom de voz preocupado subindo algumas oitavas enquanto Steve apenas engoliu em seco e baixou a cabeça sem olhar pra mais nada que não fosse o chão.

— Não se preocupe comigo... – e assim sem esperar mais nada fechou a porta em um baque alto e seguiu pelo corredor logo chegando ao elevador onde apertou freneticamente o botão para que o mesmo chegasse mais rápido e o tirasse dali.

Quando já estava dentro do pequeno cubículo, escorou suas costas em uma das paredes metalizadas e escorregou até o chão abraçando suas pernas e deitando a cabeça no meio delas. Ele queria chorar. Queria muito chorar por todas as coisas que aconteceram nos últimos anos, mas as lágrimas simplesmente se recusavam a descer. E assim ele permaneceu ali respirando fundo contra seu braço, se recusando a imaginar o que estaria acontecendo dentro do apartamento de Tony, até a porta se abrir novamente e uma senhora de aproximadamente 60 anos entrar com algumas sacolas em mãos. Recuperando a compostura, Rogers levantou-se e passou as mãos pelo rosto tirando qualquer vestígio de tristeza, o que acabou falhando pois a senhora pousou a mão em seu ombro, e quando ele desceu o olhar e encontrou os azuis quase brancos brilhantes misturado com um sorriso compreensivo e carinhoso ele simplesmente abraçou a pobre mulher e deixou que todo o sentimento de frustração, tristeza, agonia e alivio corressem pra fora em forma de lágrimas.

Steve nunca foi de chorar para desconhecidos, mais ali com os braços da pequena senhora alisando suas costas e o cheiro de incenso e sabão de barra, ele sentiu que era o certo a se fazer. Algo em sua mente dizia que ela era de confiança e que o ajudaria no que fosse.

— P-porque... P-porque tudo tem que s-ser tão d-dificil? – sussurrou apertando mais seus braços na cintura dela.

— Nada é difícil querido... Não existem problemas... Só existem a falta de compreensão. – aquelas palavras entrou em seu coração e foi como se algo muito poderoso exalasse da mulher, fazendo com que uma paz o atingisse de uma forma que as lágrimas parassem na hora e a tristeza se extinguisse de seu coração.

— O-o que... – um arrepio percorreu todo seu corpo quando ele se desvencilhou do corpo pequeno da mulher e seus olhos encontraram os dela. Ele chacoalhou a cabeça e passou a mão pelos olhos removendo o excesso de água que tinha ali. – Mas o que... – antes que pudesse terminar a mulher levantou uma das mãos sinalizando pra ele não falar mais nada e sorriu.

— Nem sempre o que é bom é pra ser entendido querido... Coisas ruins acontecem pra nos fortalecer e se você for sábio, irá aprender com seus erros e aproveitará o que de bom o destino esta te oferecendo... – ela se aproximou tocando levemente o rosto do loiro com as duas mãos. – Não tente compreender as razões do coração. Apenas deixe que os sentimentos te levem pra um lugar onde tudo é melhor... – novamente a sensação de paz correu por todo o seu corpo, um ar tão intenso que o rapaz precisou fechar os olhos pra aproveitar. O toque da senhora não era mais sentido assim como sua presença, e quando Steve abriu os olhos pra agradecer pelo conselho, só o que viu foi seu reflexo no espelho a sua frente. Ele fechou os olhos e os abriu algumas vezes tentando processar o que acabou de acontecer, mais as palavras de minutos atrás ecoou em sua mente fazendo-o chacoalhar a cabeça.

"Nem sempre o que é bom é pra ser entendido" foi o que a mulher lhe disse. E com esse pensamento, tudo o que de bom ele viveu surgiu como flashs em sua mente fazendo-o sorrir e deixar que uma ultima lágrima escorresse antes de ouvir o barulho da porta do elevador se abrir e uma grande luz irradiar o ambiente. A tempestade havia passado, assim como todos os sentimentos ruins que preenchiam seu coração. Agora o sol brilhava no céu assim como Tony havia aparecido pra brilhar em sua vida. Talvez o que a mulher disse fosse verdade. Antes de Tony ligar, Steve sempre desligava o telefone quando alguém dizia que era engano. Porque justamente naquele dia ele resolveu insistir pra saber quem era? Antes de conhecer Peggy, o loiro nunca foi a um bar pra beber a alma fora. Porque justo naquela noite ele sentou em uma mesa de um bar qualquer e bebeu até ver uma garota de longos fios castanhos se aproximando e a abraçar fortemente? Sua melhor amiga Carol, nunca foi uma mulher de namorar sério, porque ela escolhera justamente Natasha, melhor amiga de Tony, pra firmar um relacionamento?

Aquelas são questões que nunca terão respostas. E naquele momento ali parado no estacionamento do prédio, Rogers decidiu que não iria tentar entender o inexplicável. Iria apenas viver e deixar que os bons ventos o levasse pra onde achassem melhor.

E com Tony de preferência.

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