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~Flashback on~

— Não fica assim Pegs... Você sabe que eu odeio ver você chorar... — sussurrou o garotinho de olhos castanhos enquanto puxava a garotinha para se sentar em seu colo.

— Tony... Ele tava beijando ela... Ele nunca gostou de mim... P-porque ninguém gosta de mim Tony? — a morena subiu o rosto encontrando os olhos do amigo vermelhos indicando que ele chorava junto a ela. — E-eu não sou bonita o suficiente? P-porque T-tony — soluçou a garota afundando o rosto no peito do mais velho que acariciava seu cabelo.

— Você é linda Peggy... A garota mais linda que já vi... Jack que é um idiota e não soube dar valor na linda pessoa que ele tinha... — as palavras saiam de forma casual e atingiam um espaço no coração da pobre Peggy que apenas sorria e agradecia mentalmente pelas forças supremas terem colocado aquele garoto em sua vida.

— Seria mais fácil se eu fosse apaixonada por você, não é Tony? — um riso ecoou dos dois em meio as lágrimas.

— Se eu gostasse de mulheres e não tivesse o Stephen comigo, sim... Você teria uma grande chance comigo... — sussurrou se ajeitando na cama e encaixando a garota em seu colo, fazendo com que suas costas ficassem coladas ao seu peito.

— Meu irmão tem muita sorte por ter você Tony... E espero que ele nunca te machuque como Jack fez comigo... — enxugou as lágrimas enquanto afastava-se para encarar o rosto do amigo. — Porque senão eu quebro o nariz dele... — ambos cairam na gargalhada e se esqueceram o real problema que os havia levado a estar ali. Eram assim a convivência dos dois. Um sempre sabia como consolar o outro.

— Eu te amo Tones... — sussurrou Peggy enquanto passava os braços pela cintura de Tony se aconchegando em seu peito.

— Eu também te amo Pegs... E sempre irei cuidar de você...Sempre.

~Flashback off~

Assim que Steve e Pepper processaram o que havia acabado de acontecer, Rogers ligou rapidamente para Carol pedindo ajuda.

Mais tarde quando o clima havia melhorado e Peggy acordado do repentino desmaio, todos se encontravam na sala encarando o nada. Ninguém ousara dizer uma palavra para questionar o que havia ocorrido, pelo simples fato de Peggy ter começado a chorar desesperadamente e ninguém ali conseguir acalmá-la.

Steve estava absorto em seus pensamentos, como ele havia chegado ali? No apartamento de seu amante, com sua mulher grávida chorando inconsolávelmente enquanto ele não fazia ideia do porque.

Lembrou-se do dia do seu casamento.

Assim que Tony desligou o celular e a mulher veio o chamar pela segunda vez, ele teve que respirar profundamente e engolir toda a angústia que sentia para dizer sim ao seu futuro incerto. Ele sabia que estava tomando a pior decisão de sua vida, mais nada podia fazer naquele momento. Não com toda a sua família estampando enormes sorrisos nos rostos e Peggy com os olhos brilhando em sua direção.

No fim da noite, depois da festa que seu padrasto havia organizado ele e sua esposa se dirigiam a prazerosa lua-de-mel, porém algo apertou em seu peito e logo ele estava sentado em um dos bancos do aeroporto, chorando sua alma fora enquanto Peggy permanecia sentada ao seu lado sem saber o que fazer.

A situação havia se invertido e agora ele sabia perfeitamente o que ela havia sentido naquela noite.

Seu pensamento se voltou a Tony. O garotinho sensível de olhos castanhos que tinha o melhor gosto do mundo.

O mesmo garoto que o ligou 5 meses atrás por engano, chorando enquanto pedia ajuda.

Ele nunca se deu bem com pessoas chorando.

Apesar de sua profissão exigir o oposto, ele não sabia como acalmar uma pessoa. Ainda mais se tratando de pessoas com quem ele realmente se importava.

Por esse motivo ele estava de olhos fechados enquanto os soluços de Peggy ecoavam em seus ouvidos.

E pra completar o ambiente, a chuva forte caia do lado de fora, impedindo que eles saíssem do prédio para ir a qualquer lugar.

A única coisa que o mais velho queria no momento, era se levantar e invadir aquele quarto que estava trancado desde o termino da noite passada, quando tudo aconteceu.

Queria ver aqueles lindos e brilhantes olhos castanhos, queria o tomar em seus braços e o ninar até que o mesmo adormecesse em seu colo. E por varias vezes ele sonhou com isso.

Enquanto isso Peggy tinha o rosto coberto por suas delicadas mãos. A bagunça de sentimentos dentro de si, apertavam seu coração em um pedido silencioso pra que ela liberasse tudo de uma vez. E assim estava sendo, desde a noite passada quando seus olhos encontraram os de Tony. Seu Tony.

Assim que assimilou tudo que estava acontecendo, seu cérebro deu um tipo de apagão e ele se permitiu cair na escuridão.

Tudo fazia sentido.

As horas que Steve passava grudado ao telefone. As noites mal dormidas em que escutava o garoto chorar baixinho no travesseiro. O sexo que já não era de tirar o fôlego como antes. A falta de contato dos dois. A ligação que recebeu a 5 meses atrás de um garoto procurando por ele, enquanto chorava.

Desde aquele dia, uma pulga coçava atrás de sua orelha em relação aquele telefonema.

Ela sabia que conhecia aquela voz, e mais ainda aquele nome. Só que nunca parou pra pensar de onde.

E no momento em que seu marido abriu a porta e ela viu o brilho em seu olhar e sua boca avermelhada, ela soube que tinha o perdido.

Para o seu melhor e único amigo.

O garoto que jurou que iria cuidar dela para todo o sempre.

E aquilo aumentava o desespero dentro de si, fazendo com que as lágrimas escorressem em cascatas por seu rosto.

E nessa história ela sabia que alguém iria sofrer. E os dois já haviam sofrido bastante pra ter que viver tudo de novo.

Nada era capaz de separar um amor verdadeiro. Nenhum obstáculo é grande o suficiente pra quem se ama de verdade. E ali sentada, deixando que suas mãos caíssem ao lado de seu corpo, admirando Steve que mantinha o olhar fixo quase hipnotizado na porta a frente, ela sabia que nada do que fizesse, conseguiria diminuir o que os dois garotos sentem um pelo outro.

O choro foi cessando enquanto os murmurinhos do pessoal preenchiam o local, junto com a chuva que caia do lado de fora. A garoto de cabelos castanhos ergueu o rosto e buscou em seu interior toda a coragem que sabia que estava adormecida ali. E olhando o porta retrato a sua frente, onde tinha Tony sorrindo enquanto segurava um urso de pelúcia, o pensamento de que não existia nada melhor do que ver as pessoas que ela amam felizes, ela disse em alto e bom som:

— Eu quero o divórcio.

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