Capítulo 1

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Rachel

Chego em Cleveland às dez da manhã. O clima frio me pega  desprevenida, acho que não trouxe roupas pra isso, extremesso e começo a arrastar minha mala em direção à saída do aeroporto e à nova fase da minha vida.

Me dediquei tanto a isso e agora cá estou eu, prestes a ingressar em um dos melhores programas de residência cirúrgica do país, nem acredito que consegui! Me controlo para não  começar a dar pulinhos de alegria, ou serei levada para delegacia como a louca de Nova York.

- Mas que lugar frio! - A voz de meu pai se faz presente, reclamando, porque é claro ele veio comigo, para ter certeza que o apartamento não é em uma região perigosa. Reviro os olhos e o encontro com uma expressão séria e minha mãe rindo, como se estivesse assistindo o Saturday night live.

- Oh pelo amor de Deus, Dominic. Tem como você ser mais chato?

- Não estou sendo chato, Elizabeth. Você quer nossa filha passando frio? Ela pode pegar um resfriado e quem vai cuidar dela?

- Ah, ela mesma quem sabe? Ela é médica e já tem quase vinte e quatro anos, ela sabe se virar muito bem. - Revira os olhos e entrelaça nossos braços. - Leve a mala da sua filha e pare de resmungar como um velho chato.

Papai apenas bufa e faz o que minha mãe mandou, é sempre assim, quando dona Elizabeth bate o pé, não há quem não a obedeça, chega a ser engraçado ver o homem enorme e carrancudo se subter só com um olhar feio de mamãe, juntas caminhamos até a saída do aeroporto, onde um carro enorme com a placa Sr. Salvatore, chama atenção de todos, que ótimo pai!

- Mas o que é isso? - Pergunto o olhando chocada.

- Um carro, principessa, melhor o seu carro. - Me estende as chaves com um sorriso, como se a SUV  minha frente não fosse nada demais.

- Uau, bem discreto papai! - Digo sem graça e ele percebe minha ironia.

- É todo equipado para sua segurança, filha. Assim eu fico mais tranquilo, ok? - Ele pergunta e decido ceder, dessa vez.

- Ok. - Pego a chave de sua mão e entro no carro, segundo em direção à meu mais novo apartamento.

O Tower Press é bem localizado, em um bom bairro e com um preço amigo ao meu bolso, insisti para que bancasse meu apartamento com meu próprio bolso, dirijo por cerca de uma hora até estacionar em frente ao simpático prédio.

Saio do carro e meu pai leva minhas malas até o quarto andar, apartamento 459, pego a chave localizada no fundo da minha bolsa e abro o apartamento, que já deixei mobiliado.  O local é aconchegante, tem uma parede de tijolos, e incríveis janelas com vista para a cidade, é lindo. Pequeno e aconchegante, o ideal para mim.

- Awn filha, que bonitinho. - Minha mãe diz olhando ao redor. - É bem aconchegante.

- Não vi um segurança lá em baixo. - Papai diz e minha mãe bate o pé.

- De novo isso, Dominic?

- É um bairro seguro, papai. Não precisa se preocupar e qualquer coisa eu sei como me defender, o senhor me ensinou muito bem. - Abro um sorriso e pisco os olhos, tenho meus truques para esse senhor. Ele suspira e me abraça.

- Tudo bem querida, é que eu me preocupo muito com você! Por via das dúvidas. - Pega em sua maleta uma glock. Porra, pai!. - Fica com isso princpessa.

- Ah… eu acho que..

- Eu insisto! - Diz e respiro fundo antes de pegar a arma. - É só pra eu ficar mais tranquilo.

- Tudo bem. - Minha mãe observa a cena com um olhar debochado, mas logo para pra atender o celular, enquanto isso, eu e meu pai organizamos minha pouca bagagem no apartamento.

- O que? - Escuto minha mãe gritar no telefone. - Claro, Sra. Adams, eu vou falar com ele. - Seu tom diminui, mas posso ver seu rosto vermelho. Oh oh, parece que o tempo fechou, ela desliga o celular e respira fundo.

- O que foi, amor? - Papai pergunta.

- O que foi? O que foi, Dominic? Seu filho, aquele moleque do cassete.

- O que o nosso filho fez agora? - Meu pai pergunta calmo. O completo oposto dela.

- Socou a cara de um menino na escola, por sabe-se lá que motivo.

- Deve ter sido um bom motivo, ele não é violento.

- Para de defender ele, a gente vai ter que voltar, parece que ele também foi atingido. - Seu tom vai mudando para preocupado. Ela respira e me abraça.
- Queria poder ficar mais, querida.

- Não tem problema, mãe. Dylan precisa de vocês agora. - Assim que nos separamos, abraço meu pai também. - Vou sentir saudades! De todos vocês.

- Quero que nos ligue sempre que puder. - Meu pai diz enquanto nos aperta em seus braços.

- Eu prometo!

- Te amo, filha. - Eles dizem saindo do apartamento.

- Também amo vocês. - Fecho a porta assim que eles deixam o corredor, respiro fundo observando meu novo apartamento, minha nova vida.

{…..}

Acordo antes do despertador tocar, estou tão ansiosa que nem consegui dormir, meu primeiro dia como médica, meu primeiro plantão, meu coração está disparado a ansiedade me consome, esperei por esse momento durante anos e finalmente cá estou eu, me arrumando para o meu tão sonhado primeiro dia.

Tomo um banho rápido e me visto, pegando meus documentos, estou tão ansiosa que tomo apenas um café, quero chegar cedo e já deixar meus documentos com o diretor do hospital e descobrir com qual residente irei ficar.

Tranco o apartamento e me certifico que está tudo bem, afinal só voltarei durante a noite.
O caminho até o hospital não é tão longo, escolhi um apartamento próximo, então em vinte minutos chego no hospital Marymount mais conhecido como Cleveland Clinic.

Estaciono o carro em uma das vagas destinadas aos funcionários, assim que entro no hospital, uma simpática recepcionista diz que a Dra. Knowles, a chefe da cirurgia, já está junto aos internos na sala dos armários. Sem fazer barulho, me sento no fundo onde a mulher começa a explicar como funcionará nosso trabalho aqui.

- Dentro desse hospital, vocês irão viver os melhores e os piores momentos da vida de vocês, precisarão ser firmes em suas decisões e cuidadosos à prestar seus trabalhos, muitos de vocês vão desistir no meio do caminho, no ramo da cirurgia só os fortes sobrevivem. Nosso programa é o melhor do país e nessa sala, eu espero que tenham internos a altura. Sejam bem vindos e boa sorte!

Assim que ela deixa a sala, mais cinco médicos entram no local, com pranchetas nas mãos, três mulheres e dois homens, começam a chamar por nomes, julgo que esses serão nossos residentes.

- Rachel Salvatore, Donald Copper, Alana Weiz, Timothy Brown e Olivia Mohn. - O homem de olhos claros e cabelo bem penteado chama, e nos estende os uniformes. - Sou o Doutor Clarke e serei o residente de vocês, aconteceu um acidente com dois trens há alguns minutos, as vítimas estão vindo pra cá, vocês têm cinco minutos pra me encontrem na emergência.

Meu Deus, a televisão na sala está ligada no jornal, parece que realmente teremos muitos feridos.

-  Andem logo! - O homem grita e logo depois deixa a sala com os outros residentes, nos fazendo correr feito loucos! Respire fundo Rachel, Você consegue!

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