Por Anika
- Henri?
- Sim, Anika?
- Estou passando mal.Henri levantou-se da cadeira de seu imenso escritório e veio até mim. Encostei em seu ombro e chorei. Confiei nele meus sentimentos momentâneos.
Não havia momento do dia em que eu não quisesse chorar e desistir de tudo. Queria contar para Henri que eu já tinha uma filha, um marido e uma família me esperando na Itália. Que meu peito doía em angustia, mágoa e solidão.- Querida, deite-se. Descanse um pouco. -Henri me levou até a cama- Precisamos chamar um médico para você.
- Não, Henri. -segurei a mão dele, quando vi ele dar as costas e descobrir o bebê por outra pessoa- Sente aqui. -ele sentou, me encarando com um olhar preocupado.
- Está bem? -tocou meu rosto.
- Ficarei melhor quando você souber.Coloquei a mão esquerda de Henri em cima da minha barriga em formação. Ele fez cara de dúvida antes de abrir um lindo sorriso e pular de alegria. Sim. Meu novo marido gargalhou tão alto e comemorou tanto que não pude deixar de sorrir também.
- Anika! Conseguimos de primeira! -seus olhos brilhavam tanto..
- Sim! -apertei a mão que ele juntou à minha.
- Olha, sei que não está feliz aqui, e que há algo além dos muros de Gardenwater, mas quero que saiba que farei o possível e o impossível para manter você e o nosso bebê pelo tempo que estiverem por aqui.
- Como assim? -franzi o cenho.
- Sei que não vai ficar aqui. -sorriu de lado- Percebo o quanto é inteligente, e que odeia ficar presa. -ele olhou para o meu colar- E que é rica em algum lugar do mundo.
- Bem... -sentei na cama, pelos olhares preocupados do meu marido- Eu tinha uma vida, assim como você, imagino. -ele assentiu, e de repente ficou triste- E eu juntei dinheiro para ter uma boa vida, e eu... -cometi o erro de olhar nos olhos dele, pois eu não conseguia falar mais nada- sinto falta. -engoli em seco.
- Onde ficou? Meus pais nunca me deixam sair de Gardenwater.
- Morei em Washington. E meu pai me achou na Itália.
- Uau! E como é ?
- Henri, por que não vai comigo? Não precisa ser donos dessas terras, que eu ouvi você conversando com seu pai, sem querer. São inférteis!
- Mas, Anika, o que eu faria?
- Com certeza uma faculdade de agronomia ou engenharia agronômica! Você é bom nisso!
- Consegue me ver assim?
- Eu gosto de você o suficiente para querer o melhor para você, sempre. -acariciei o rosto dele- E aí você poderia levar...
- Andrea.
- Isso. Andrea com você e serem felizes, assim como eu seria com... -a minha família, quis completar. Mas não seria justo com Henri, e eu teria que explicar muita coisa.
- É uma boa ideia. Tem data? -senti um sorriso malicioso em seus lábios.
- Achei que você fosse um babaca qualquer, mas está se saindo melhor do que imaginei! -gargalhei.
- Podemos ser bons amigos! -apertou a pontinha do meu nariz- E eu não sou um babaca!
- Achei que fosse. -dei de ombros- Mas devemos deixar o nosso filho nascer.
- Não ficaria mais difícil? Nós e a criança que precisa de cuidados? Não é melhor agora?
- Não sei se minha gravidez irá ser tranquila. A de Ste... -fechei a boca, pensando rapidamente como achei uma resposta- ...la, uma amiga minha, foi tão complicada! -lamentei falsamente.
- Tudo bem. Se você quer que seja quando nosso filho ou filha nascer, vai ser! (...)Os dias foram passando e a barriga só aumentava. Perdi inúmeros bailes por conta do inchaço nos meus pés e os sintomas que na gravidez de Stela eu não conhecia.
As vezes eu olhava meu reflexo no espelho e me perguntava se seria capaz de deixar o bebê com Henri. Mas sabia que tentaria ao máximo ser uma mãe presente na vida dele, nem que seja de longe.
Henri começou de fato a juntar dinheiro para sairmos de GardenWater, e com o tempo, nos tornamos melhores amigos, de ficar rindo até tarde da noite, de viver nossos defeitos e de enxergar algo além de um casamento forçado.
Passamos a ver nossa situação com olhos positivos e estava dando certo! Fazíamos praticamente tudo juntos, principalmente as contas do final do mês. Os funcionários achavam um absurdo uma fugitiva, grávida, fazendo algo além de tricotar. E, quando estava sozinha em casa, escrevia um novo livro, com as minhas próprias mãos, e contava a história de uma mulher lutadora. Não sei quando iria lançá-lo, mas deixaria as pessoas verem o que era ser uma mulher.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Livro da minha Vida
RomanceAnika Lombard é uma jovem sonhadora, dona de um dos sorrisos mais lindos do sul de Washington. Ela havia acabado de se formar em literatura, e amava ler. Tinha um dom especial para lidar com as palavras e não sabia disso. Assim que se formou, sua fa...