O Livro da minha Vida

Ainda amo você

Por Steve.
O retorno de Anika fez uma bagunça em todo o cronograma. Não demorou muito para ela conhecer Alicia e Mônica, e pela cara, não foi muito as personalidades das nossas novas cônjuges, porém foi delicada e gentil ao se afastar para ficar ao lado de Henri.
Henri era um rapaz lindo. Quem olhava os dois de longe, já podia imaginar um casal perfeito. E eles eram feitos um para o outro. Henri completava os defeitos de Anika como ela completava os defeitos dele. Eles não discutiam. Eles conversavam e cada um seguia com sua opinião ou criavam uma nova. Até que o casamento forçado foi perfeito. Anika finalmente se encontrou como mulher.
E eu me via longe disso. Alicia era uma ótima esposa, sempre presente ao meu lado, mas não era tão carinhosa, nem mesmo gostava de conversar.
Estávamos na sala quando a campainha tocou. Olhei pela câmera do interfone e vi Anelisie enrolada em um cobertor sujo. Seus olhos estavam vermelhos. Corri até o portão e a acolhi.   Ela não demorou a chorar nos meus braços, implorando por ajuda.

- Acalme-se. -a coloquei sentada no sofá. Mônica pegou um copo de água para Ane- Beba. -ela bebeu todo o copo num gole só. Parecia faminta- Mônica, prepare um pouco de comida, ela prece faminta, por favor, querida. -olhei com um olhar gentil.
- Estou com muita fome. -Ane disse.
- Já estou indo. -ela foi para a cozinha.
- Steve. -Ane esperou Mônica sair e começou a falar- Meu marido não... -fechou os olhos- Anika sumiu. Me colocaram na rua, achando que eu era cúmplice dela. Vim para cá com o dinheiro que tinha escondido numa caixa, a empregada que pegou para mim! -lamentou- Preciso que me ajude a achar Anika. Aquele louco do marido dela pode ter a matado e fugido com os bebês!
- Ane? -Anika saiu do quarto com Stela no colo. Henri estava frequentando a faculdade.
- Ani! -as duas se abraçaram, e Stela também abraçou a tia- Papai está louco atrás de você!
- Imagino que esteja. -Anika segurou a mão da irmã- Eu e Henri estamos bem, e ele não é louco. É bem melhor do que eu imaginei que seria. -riu fraco, acompanhada da irmã.

Ane comeu um pouco e Anika a levou para a sua casa, e depois eu e Mônica ficamos a sós.

- Steve, sei que ela é a mãe da sua filha, mas você precisa deixar ela. -olhei para Mônica- Leo está vivendo a vida dele, Lissa também. Nicolas também seguiu. Até a própria Anika está vivendo a própria vida, bem casada e com dois bebês. Precisa deixar ela, e viver o nosso relacionamento, principalmente. -cruzou os braços- Quer saber? Era muito melhor sem ela aqui. -deu as costas e subiu para o nosso quarto.

Para esfriar a cabeça, tirei a camisa e atravessei a rua, colocando os pés na areia. O verão na Itália era perfeito, pela vista e pela temperatura da água. Dei um mergulho no mar e fiquei ali, pensando, sobre o que fazer com a minha vida.
Olhei para a casa da minha ex-namorada, aberta e com sinal de que alguém estava morando ali. Lembrei dos nossos momentos no apartamento em Washington, e quanto ela insistiu para não vir morar aqui. E agora, ali estava Anika Lombard, morando ao lado da minha casa. Lembrei também das nossas brigas frequentes. E agora, via Henri e ela rindo das brigas. Lembrei que eu a conheci em Washington, numa sessão de autógrafos, de vestido florido, casaco jeans e sapatilhas rosa. E agora, ela usava longos e caros vestidos com saltos. Eu fui o único idiota que continuou do mesmo jeito.
Por isso, saí do mar, indo em direção à casa de Anika. Aproveitei que ela já estava à caminho da praia com Anelisie e Lissa. Stela e os bebês estavam com Anelisie.

- Precisamos conversar.

A arrastei até o quartinho na praia, com Anika reclamando ao meu lado. Revirei os olhos, ou eu falava, ou não conseguiria seguir em frente.

- O que foi? -ela começou, com raiva.
- Precisamos colocar algumas coisas em jogo. Como o fato que eu ainda sou apaixonado por você. -ela tentou falar alguma coisa, mas a impedi, voltando a falar- Nós dois somos casados, temos nossas vidas, mas não sai da minha cabeça aquele dia no seu pequeno apartamento em Washington. O dia que tirei sua virgindade. -as bochechas dela dicaram vermelhas. Sorri. Alguma coisa não tinha mudado, afinal- Por isso eu vou te fazer uma proposta: Larga tudo e vem morar comigo, longe da Itália, longe de Washington, com nossa filha e seus bebês, em qualquer lugar que você quiser, só fica comigo, com as minhas imperfeições e minhas palavras soltas em livros. Aceita?