Quem sou eu?

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Por Anika.
O trabalho me esperava. Corri até o metrô pois estava atrasada para o meu primeiro dia no colégio novo.  Eu já tinha experiência de sala de aula há dois anos, quando me formei. Trabalho também numa escola para crianças na minha rua, onde eu moro atualmente. São adoráveis! Mas, para essa nova escola, lidarei com adolescentes cheios de si. E bem, eu não esperava menos de uma escola particular para alunos de classe alta.
Liguei meu iPod assim que sentei no banco e encaixei os fones com maestria. Música me acalmava. E assim foi até eu chegar na outra estação, que me levava ao centro de Washington, para uma nova vida.
Caminhei até a escola, e me apresentei na secretaria, alguns alunos ficaram me encarando como se eu fosse um animal. Talvez parecesse um pouco por conta do casaco de pele que minha vó havia me dado há anos, mas, segui em frente.
A simpática garota de olhos azuis que trabalhava na recepção luxuosa, me entregou uma chave lilás, do meu novo armário, disse ela. Reparei em sua roupa. Uniforme para os funcionários.

- Hã, com licença, os funcionários estão com uniformes. -comecei, encostando no balcão.
- Ah, sim! -ela sorriu educada- Está no seu armário.
Anui e logo caminhei até a sala dos professores. Abri meu armário e reparei no conjunto limpo e cheiroso ali dentro. O segurei nas mãos e fui até o toalete. Vesti o conjuntinho. Era um terninho cinza, camisa social vinho, e um blaser cinza também. Ainda bem que eu havia escolhido um saltinho boneca para vir ao trabalho.
Passadas as apresentações, me dirigi à sala de aula para começar a trabalhar. Assim que entrei, os alunos olharam para mim, fizeram silêncio e me julgaram apenas com aquele olhar superior de alunos do ensino particular. Deixei minha bolsa em cima da mesa, e liguei o computador para começar a aula com a apresentação de slides. Feito os processos básicos, me levantei e comecei a falar.
- Bom dia. Meu nome é Anika, e sou a professora substituta de Literatura de vocês. -cruzei as mãos atrás das costas, escondendo meu nervosismo- Ao longo do ano, vou conhecendo melhor vocês, mas acredito que vamos ter tempo de pelo menos falar os nossos nomes. Querem?
Ninguém respondeu. Entrei em pânico total, mas pelo visto, eles não pareciam nem ansiosos para saber da nova professora. Desisti, e fui abrir o arquivo no computador. Não sei se me curvei de maneira errada, ou se meu corpo estava muito preso na roupa, mas acabei chamando a atenção. Um dos alunos me chamou e eu pude olhar bem na cara daquele menino.
A diretora já havia me falado dele. Era o repetente há mais de dois anos. Se repetisse esse ano, seria expulso do colégio. Mas o problema dele nem era a falta de inteligência, mas sim porque não queria perder a oportunidade de pegar as meninas do terceiro ano. Ele tinha a minha idade.
- Professora! -chamou o aluno. Empertiguei-me na hora- Meu nome é Nicolas, para os íntimos, Nick. -respirei fundo ao reconhecer o apelido- A senhora é bem novinha, né?
- Me formei cedo, e amo o meu trabalho. -respondi, fugindo do assunto- Mais alguma pergunta?
- Não. -respondeu, com o sorriso vitorioso.
Ignorei seu sarcasmo e iniciei a aula, vez ou outra alguém interessado me fazia perguntas, que era respondidas no mesmo instante. Mas o olhar que Nicolas me dirigia era apavorante. Ele não queria fazer pergunta alguma, ele havia ficado interessado em mim. Logo eu!
Assim que o último sinal tocou, arrumei minhas coisas e fui para outra sala. Pude ver Nicolas me encarando antes de sair da sala, é um arrepio cruzou meu corpo.
A sala do segundo ano era mais falante, e eles quiseram se apresentar para mim. Fiquei feliz ao saber que gostaram do meu nome e por conta dessa chuva de animação, dei a aula até mais animada. Não foi diferente no primeiro ano.
Na saída, peguei meus outros dois uniformes e fui direto para casa. Não sem antes trombar com Nicolas na saída do colégio. Ele me lançou um olhar maldoso. O ignorei e fui embora.
Já em casa, quando pude enfim soltar o meu cabelo e tirar aquela roupa apertada, senti o porquê dos olhares serem incessantes para mim.
Meu corpo é de uma garota de dezoito anos, com todos os hormônios fazendo festa. Mas nunca tive uma espinha, nem senti essas coisas estranhas da menstruação, como me sentir sexy ou estar muito estressada. Sempre continuei normal. Nunca me senti desejada por ninguém, e perceber os olhares de Nicolas para a minha juventude, me fizeram apenas sentir nojo de mim. Eu não deveria nem me rebaixar tanto assim. Eu não tinha culpa.
Peguei meu celular, coloquei uma música qualquer e entrei no chuveiro para descansar o corpo. Não havia mais aulas naquele dia, então poderia planejar novas. Mas eu já tinha aulas para dois bimestres completos. Então, sentei ao lado de Bartolomeu, porém apelidado de Bart, meu gatinho, e comecei a ler um livro.
Ouvi a campainha. Enrolei um robe quentinho no corpo por cima da camisola fina e fui abrir a porta, ciente de que era a senhora William. Quase deixei a xícara de chá cair quando vi quem era. Não é possível!
- Olá! Não vai me convidar para um chá?
- Alunos apenas na sala de aula, Nicolas. -revirei os olhos, e ameacei fechar a porta. Ele, porém, foi mais rápido e se infiltrou dentro do meu apartamento. - Não acha que está íntimo demais? -retruquei- Isso é invasão de privacidade.
- Invasão? -ele respondeu- Invasão é quando alguém entra sem permissão. Você abriu a porta, Anika. -deu de ombros.
- Isso não te dá direito algum sobre entrar ou sair da minha casa. -deixei a xícara na mesinha e cruzei os braços- O que quer aqui?
- Primeiramente, feche a porta. Está frio. Por favor. -falou ao ver a minha expressão.
- Nicolas, o que você quer?
- Conversar. -fechei a porta e o encarei- Querida professora, sabe que na minha escola, qualquer professora novata é novinha, passa pelas minhas mãos, não é? -engoli em seco- Tenho uma coleção de calcinhas. -se gabou- Você é gostosa, não é casada, e novinha. Certeza que queria um homem para conversar mais intimamente.
Nicolas era alto. E ficou mais ainda quando se aproximou de mim. Reagi de forma estranha, como ter os mamilos enrijecidos.
- E passam todas por um teste. -continuou- Mas todas eram feias e gordas. Mas você? -ele riu- Tão linda... -tocou no meu pescoço, e eu tirei seu braço. Isso o irritou ainda mais.
- Saia já da minha casa. -falei firme- Ou eu ligo para a polícia!
- Ah, ela liga pra polícia! -desdenhou- pouco me importa! Eu vou te comer agora!
Nicolas agarrou o nó do roupão e o desfez, enquanto eu o socava. Meus olhos ardiam guardando as lágrimas, porque eu já tinha fugido do meu pai, quando pequena. Mas meu pai estava bêbado, foi muito mais fácil de fugir. Mas o cara era mil vezes mais forte que eu, e estava bem sóbrio. Sem sanidade mental alguma, mas sóbrio.
- Vou gritar se você não me soltar agora!  -falei firme.
- Você só vai gritar quando eu estiver dentro de você. -segurou meu pulso e sussurrou no meu ouvido.
Grunhi e ainda assim tentei me livrar dele. O roupão caiu no chão, expondo meu corpo aos olhos de Nicolas. Ele gemeu de prazer. Seu membro, ainda escondido entro das calças, tocou a minha barriga, indicando seu desejo por mim.
A camisola não escondia muito, marcava meu corpo de uma maneira que me deixasse sensual. Mesmo que meus mamilos estivessem arrebitados por conta dos hormônios, minhas pernas se mantinham fechadas. Ele não ia conseguir me machucar daquele jeito.
Ameacei chutar seu pênis, mas ele enlaçou uma perna na minha e eu caí. Nisso, Nicolas abriu a calça, a abaixou junto com sua cueca e engatinhou para cima de mim, assustada. Com apenas uma das mãos ele segurou o meus pulsos e arrancou a calcinha de mim. Com o resto de força que me restava, gritei "fogo"! "Ajuda"! Nicolas me deu um soco na boca e tentou abrir as minhas pernas com o joelho. Eu as mantinha bem fechadas.
Então, o vizinho lutador de box abriu a porta e me encontrou naquela cena. Ele voou pra cima de Nicolas e eu consegui sair de perto dele e me enrolar no robe. Nicolas levou uns chutes e socos até que eu resolvi ligar para a polícia. Daniel o manteve preso até que os guardas chegassem. Logo que chegaram, algemaram Nicolas e me examinaram da cabeça aos pés. Como estava sem condições de sair de casa, eles me interrogaram ali mesmo e logo foram embora. Só restou Daniel.
- Eu não sei o que seria de mim se você não tivesse aparecido. -sorri agradecida- Obrigada.
- Anika, eu sinto muito! E não me agradeça, eu não suportaria ver que podia ter te defendido desse babaca e não fazer nada.
Assenti e caí no choro. Daniel me abraçou e me confortou enquanto eu tinha meu psicológico destruído mais uma vez.

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