Por Steve
A conversa no café foi interessante. Anika tinha amor pela vida, e pelo seu gatinho. Ah, por livros que não os meus também.
Seus olhos brilhavam, sua pele reluzia e sua boca experimentando o biscoito que eu comia sempre... Aquilo foi sem comparação. Aquela garota me tirou dos eixos completamente e eu faria de tudo para ficar o máximo de tempo possível com ela.
Quando ela disse que viajou para outra dimensão, eu exclui a oportunidade de dizer que eu também tinha viajado com o rumo nela. Que na minha fértil imaginação, nós dançávamos juntos no meu quintal, tomando cuidado com a sua barriga inchada, gerando nosso primeiro e maior amor.
Acordei do meu sonho e percebi que agora quem sonhava era ela. Então, a tirei de seus distantes pensamentos e a trouxe até mim.
Já no carro...- Gosta de morar em Washington?
- Não. -sua resposta monótona me assustou.
- Por que? É tão cheia de gente e...
- Modernidades, ninguém ama ninguém, ninguém confia em ninguém, e tudo muito robótico. Gosto da natureza.
- Por que mora em Washington, então?
- Não tenho dinheiro para sair daqui, e foi o lugar que me acomodei melhor longe dos meus pais.
- Não fala com eles?
- Há anos.
- Por que?
- Curioso.
- Muito.
- Porque não me consideram filha, a partir do momento em que decidi estudar para trabalhar e ajudar em casa. Para eles, filho homem trabalha e filha mulher cuida de filhos e da futura casa com o marido. -respirou fundo- Nasci pra viver, Steve.
- Sinto muito.Entendi na hora que ela não via os pais e nem sentia nada por eles, além de insignificância. Ela era forte e queria ter chance de falar um dia. Sei que queria ser livre e fiquei com vontade de dar liberdade para ela. Queria entender mais sobre seus anseios.
- Não sinta. Eu já não sinto! E você? Não sei onde mora, mas...
- Ah, sim! -ri- Você não me conhece, só comprou um livro porque não tinha um pequeno resumo atrás. -ri enquanto ela cruzou os braços, e sem querer vi seus seios maiores por conta da pressão feita com o próprio braço. Mas o carro não estava tão iluminado para que ela visse meus olhos devorando seu colo nu- Moro na Itália. Amo morar lá e não trocaria por nada nessa vida. Você tem que conhecer o meu jardim!
- Steve... -sua voz macia e melancólica chamou minha atenção. De repente ela estava triste.
Soltei o cinto e sentei ao lado dela, a abraçando de modo que sua cabeça ficasse no meu peito e ela enfim pudesse ouvir os lamentos do meu coração. Mas também queria dar conforto para ela. Chegamos em sua casa, e ela se soltou de mim, me deixando com frio.
- Bom, obrigada. O dia foi incrível e eu nunca vou esquecer nenhum dos nossos momentos.
- Nem eu esquecerei você, mas te levarei na porta de casa para ter certeza de que está bem. De quebra conheço Bart.Ela sorriu e abriu a porta do carro. Saiu num pulo e eu em outro. Silibei para que Léo me esperasse um pouco, mas sabia que ele me deixaria ali somente para que eu ficasse com Anika.
- É simples, tá? -ela falou, enquanto abria o portão e me deixava entrar primeiro.
- As melhores coisas da vida estão na simplicidade, querida Anika.
- Eu sei. -sorriu, nos levando para dentro, e chamando o elevador. Sorri quando ficamos sozinhos naquele pequeno espaço, onde trocamos olhares dos mais intensos possíveis.Chegamos ao seu andar, o quinto. Anika usou a outra chave para abrir a porta e entrar em seu lar, me convidando silenciosamente ao deixar a porta aberta. Entrei e ela a fechou.
Sua casa tinha cheiro de mulher. Perfume de rosas e chocolate. Não me espantei quando vi Anika abraçada ao seu gatinho de estimação. E o gato era lindo! Um olhar cinza que fazia par perfeito com seus pelos cheios.
A sala não tinha muita coisa, era um sofá, tapete, mesinha e tv. Fiquei encantado com a quantidade de fotos espalhadas. Anika era linda, mas não sabia o tanto! Sua sala tinha muitas fotos de paisagens, Bart e uma que me chamou muita atenção. Lá estava Anika e uma menina que talvez eu nunca tenha visto na vida. Ela me viu investigando aquele porta-retrato.
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O Livro da minha Vida
RomanceAnika Lombard é uma jovem sonhadora, dona de um dos sorrisos mais lindos do sul de Washington. Ela havia acabado de se formar em literatura, e amava ler. Tinha um dom especial para lidar com as palavras e não sabia disso. Assim que se formou, sua fa...