Como tudo começou

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Povs Elizabeth

Eu era considerada uma das moças mais bonitas da cidade. Com minha pele alva, olhos castanho claro, cabelo longo e liso castanho escuro, lábios rosados e o mais importante, sempre um sorriso no rosto. A maioria dos homens me cobiçavam, eu apenas tinha nojo, pois muitos deles eram casados e eu sabia exatamente o que queriam de mim.

Desilusões amorosas? Parecia estar colecionando.

Eu apenas com meus 20 anos de idade, já não acreditava mais no amor, o único amor que existia para mim era o amor por meus pais, mesmo eles já tendo partido, e o amor a Deus.

Eu já estava farta de tudo.

Então repentinamente decidi dedicar minha vida a Deus, tornando-me religiosa. Me tornaria freira, mesmo sabendo que não tenho tal vocação.

Resolvi escolher um convento que não ficasse tão perto de minha cidade, pois havia muita gente ali que não gostaria mais de ver.

Escolhi um convento que ficava mais ao sul do Brasil.

O visitei algumas vezes e concluí que ali seria meu novo lar.

Os primeiros dias foram os mais difíceis, o período de adaptação era sempre difícil, mas mantive o foco em ficar ali, algo dentro de mim dizia que ali era o meu lugar.

A madre Isaura, a superiora do convento era uma pessoa extraordinária, sempre bondosa com todos.

Eu interagia harmoniosamente com todas as irmãs dali, ou melhor, quase todas, a irmã Laura era uma pessoa difícil de se lidar, não se dava bem com muitas ali, a evitava ao máximo para não gerar conflitos, mas sentia de certa forma que sempre ela me vigiava, como se desejasse algo de mim. Aliás, já a vi algumas vezes me espionando enquanto me banhava, mas resolvi não contar a ninguém, nem a surpreender.

Tudo ia bem, conforme o tempo foi passando, realizei meus votos e enfim de noviça tornei-me freira.

No convento tornei-me a responsável pelas crianças órfãs, e eu amava aquilo. Mesmo sendo uma freira, guardava no mais íntimo do meu coração o sonho de ser mãe, sonho que nunca se realizaria. Então de certa forma o realizava cuidando daqueles anjinhos.

Estava satisfeita com minha vida, nada me faltava, pelo menos era o que eu achava. Até aquele dia.

Dia 23 de junho, uma manhã nublada e fria, fomos acordadas mais cedo que o normal para recebermos as novas irmãs que chegariam ao convento, algumas novas, ainda iniciariam como noviças, e outras já freiras, transferidas de outros conventos.

Aguardávamos ansiosas para conhecermos nossas novas irmãs.

Assim que o portão principal de acesso a parte interior do convento foi aberto, as irmãs entraram timidamente, eu olhava uma a uma, observando seus olhares tímidos e amedrontados pelo desconhecido, mas esperançosos por uma nova etapa de suas vidas religiosas.

Foi ai então que a vi.

Dentre elas, uma que acabara de entrar prendeu totalmente minha atenção, ela era tão linda, mas não apenas fisicamente, uma luz em especial a iluminava, a destacando dentre as outras, pelo menos para mim. Meu coração disparou freneticamente assim que a avistei. Depois que a vi, meu olhar não se desviou mais dela.

A madre fez questão que nos apresentássemos, e em seguida elas se apresentariam e enfim eu descobriria o nome daquele anjo.

– É uma satisfação conhece-las irmãs... – com essa frase, foi a primeira vez que ouvi sua doce e melodiosa voz. – Eu sou a irmã Helena, venho de outro convento e a partir de hoje estarei com vocês.

Em minha mente ficou apenas aquele nome, "Helena" perfeito para ela, Helena significa raio de sol, resplandecente, reluzente e foi exatamente assim que a vi pela primeira vez.

Meu Santo AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora